
“Lálálá e não sei o quê, Backfire”
Estavam estes jovens no início deste projeto, fechados numa garagem, a tirar prazer de um “Lálálá e não sei o quê, Backfire”, num ritmo que nos aluga o cérebro e por lá fica a viver em tempo indeterminado. E estavam bem! Segundo consta, a praticar uma alimentação equilibrada e a dormir a horas devidas, sempre que possível. Um dia, abriram o portão da garagem para ensaiar e por lá passou a fada da música, personagem da qual pouco se sabe, apenas que tem um gosto muito semelhante ao da Ana Malhoa para escolher roupa, que os levou ao patamar seguinte.
Se calhar as coisas não aconteceram desta forma, mas o que é certo é que são um projeto recente com origem em Coimbra e que contou com alguma ajuda de pessoas influentes do panorama musical. Pessoas com muito bom gosto, sublinhe-se. Se quisermos, foram as fadas mágicas, se bem que com muito melhor gosto para vestir e sem nunca usar a frase “Tá turbinada, tá toda turbinada!”
“Um carrossel onde nos apetece curtir de todas as formas”
E ainda bem que foram descobertos ou se deixaram descobrir e que lançaram um EP de quatro faixas de seu nome “R”, onde se destaca Backfire e Redefine. Os meus parabéns aos The Walks pelo excelente resultado musical, que faz lembrar um carrossel onde nos apetece curtir de todas as formas possíveis: saltar ao pé-coxinho, abanar o pescoço como se fossemos uma girafa à porrada ou em movimentos serpenteantes numa espécie de foxtrot esquizofrênico, entre outros.

A dimensão foi sendo ganha. Tocaram no Alive, onde desejamos – eu e a própria banda – que regressem, mas desta vez ao palco principal. Atravessaram a fronteira e foram a Espanha ensinar às Las Ketchup como se faz música. Que aproveitem este balão que enche e que os tem no epicentro para chegarem a todas as partes do planeta: aos monges no Tibete, aos esquimós, aos surfistas do Hawai e àquele nosso vizinho que coloca o dedo no nariz e pensa que ninguém o está a ver. Que levem também este evoluído rock de garagem com soul e ritmo a terras de sua majestade, de onde alguém pensou que de lá eram.
“Por cantarem na língua de Steven Gerrard”
Aperceberam-se, os próprios, a determinado momento que algumas pessoas pensavam que The Walks eram uma banda inglesa, por cantarem na língua de Steven Gerrard, por terem um som maduro e uma boa produção associada. Pois bem, sirs. Quando forem cabeças de cartaz do Glastonbury, estou a aceitar convites. Até lá, podem vir ensaiar para a minha garagem.