
Voltamos por fim para a última previsão do colosso fim-de-semana que nos aguarda a desejada viagem a Clisson, França. Ao longo destas últimas duas semanas, temos encaminhado o progresso de uma lista, quase parecendo interminável, de nomes que nos despertam forte interesse em testemunhar. Estando o Hellfest composto por 6 palcos, estarão até três áreas em simultânea erupção a intercalar com outros três palcos de cada vez, e assim sucessivamente ao longo de sexta, sábado e domingo. Na primeira previsão falámos sobre Valley e Warzone, a segunda foi dedicada ao Altar e Temple e por fim, para acabar “em grande”, despedimo-nos com uma terceira previsão com o foco à grande e à francesa, nos dois palcos principais. Caso não estejam familiarizados com o mecanismo da logística em festivais, faz todo o sentido vermos as bandas grandes nos palcos assim merecedores, não só por sublinhar a tamanha dimensão de um determinado grupo, como dá mais do que espaço às hordas de fãs e adeptos fiéis e dignos de um espetáculo de proporções monstruosas. Dito isto, os cabeças de cartaz de um festival, estarão para sempre reservados às multidões e às massas da atenção nostálgica.
No Main Stage 1 é onde se encontramos os verdadeiros monstros do rock, autênticos veteranos do seu estilo. Mas antes deles, a presença é de bandas que aspiram a uma slot mais tardia no futuro. No início do primeiro e do último dia haverá um leque de nomes especialmente escolhido para os apreciadores de metalcore e deathcore moderno. Casos como Animals As Leaders, Betraying The Martyrs, Northlane, Motionless In White ou The Devil Wears Prada, esperando-se uma variedade em constante contraste com o resto dos seus respetivos dias. Como se isso não bastasse, haverá ainda nomes Devin Townsend Project, Ministry, Ugly Kid Joe, A Day To Remember e Alter Bridge ainda com o sol sem pousar no horizonte. A noite é jovem, e é a partir da hora de jantar que nos voltaremos a sentir crianças com todas as músicas que nos acompanharam na infância e adolescência. De todos os nomes super-salientados no cartaz do festival, Deep Purple é, um dos o mais relevant, ainda para mais sendo em digressão de despedida. Uma oportunidade imperdível de viver clássicos e malhas intemporais do grupo como “Highway Star”, “Perfect Strangers” e “Some On The Water”. Aerosmith, também eles em fim de carreira, é outro coletivo que nos tem abraçado as companhias juvenis frente a um ecrã da VH1. Prometem recordar os velhos tempos quando ainda tanto tínhamos para descobrir e que ouvíamos vezes sem conta malhas como “Walk This Way”, “Love In An Elevator” e “Crazy”. Quase a fechar o festival estarão os Prophets Of Rage, super-banda com elementos Rage Against The Machine, Cypress Hill e Public Enemy, que interpretará os maiores hits dessas referidas bandas. Ouvir é viver, verdadeiramente.
Apesar da listagem algo aleatória de bandas recentes e veteranas, no Main Stage 2 é onde se encontram as maiores surpresas na multitude de clássicos do peso. Entre todos os que nos apresentam, ansiamos pela macabra dança de um dos reis do heavy metal nos 80’s Queensryche a dar continuação do dia até aos polacos Behemoth com o seu híbrido de black e death metal, composto por espirais de pedal duplo e rituais de peito aberto perante o eterno inferno. In Flames estarão a cargo de terminar o primeiro dia com um set de uma hora e tal para a transfusão do peso e melodia. Para muitos uma banda que revolucionou o metal extremo com a sua interpretação algo acessível e “pop” do death metal sueco. O segundo dia facilita a organização com a colocação quase estratégica de dois nomes sinónimos à amplitude do heavy/thrash da velha guarda: Saxon e Kreator. No derradeiro dia, a nostalgia invade a consciência mais uma vez com uma tarde de luxo ao lado dos americanos Prong e o seu metal de prensa e fábrica. Punhos despidos e timbre deslocado, esta é uma banda sabe mover os eixos em conformidade com a pulsação mecânica de um motor. Com as campas preparadas para aquilo que será um potencial devastação, os veteranos Slayer prontificar-se-ão a cilindrar os flancos da pacata localidade de Clisson no fecho do festival.
Com um cartaz destes, será difícil passar um segundo que seja em tédio genuíno. Como se as bandas não bastassem, haverá muito que fazer entre palcos e entre horas vagas. Com um recinto tão amplo e diverso de destinos para os fiéis da música pesada, e com uma aldeia verdadeiramente embelezada pela sincera simplicidade dos planaltos verdejantes e calor de verão, sobra-nos apenas esperar pacientemente por estes dias, que nunca mais chegam. Até lá, convidamos a descobrir as nossas apostas para os palcos principais do Hellfest, com mais uma hora e meia de música na playlist seguinte.