De uma forma ou de outra, não dá para imaginar um festival como o Hellfest sem os seus palcos pequenos. Os dois palcos em tópico hoje, no entanto, são indispensáveis no sentido literal da palavra. Sem estes dois, o festival perdia muita magnitude e essência. Se os outros funcionam como os membros deste sistema orgânico, tanto o Main Stage 1 como o 2 são a cabeça e o coração, porque são estes que mobilizam as enormes afluências de público e são estes que juntam o que há de mais promissor em grupos jovens, com os grandes colossos da música pesada. De um ano para o outro, já se tornou habitual apanharem-se bandas que anteriormente encabeçaram palcos mais pequenos a abrir um destes, e isto só demonstra que o festival anda de mãos dadas com a nova geração de músicos a conquistar o mundo dos palcos.
Main 2
Não há que fazer distinção entre os palcos. O público será imenso, e por isso as bandas terão de interagir e bem, para conseguir uma reação acrescida por parte dos ouvintes. No primeiro dia do primeiro fim-de-semana, os anjos do prog estarão sujeitos ao desafio. Quer seja pelos mais jovens Soen e Leprous, quer seja pelos mui veteranos suecos Opeth ou os monolíticos Mastodon e Volbeat, a fórmula tem de bater certo para que os elementos encaixem na perfeição. No segundo dia reinará o hard rock, desde The Dead Daisies a Alestorm, bem como Steel Panther e Deep Purple, este será certamente o ponto de comunhão entre as gerações mais velhas e as mais novas que estarão a descobrir e ouvir os primeiros riffs de alma e coração. No terceiro, o heavy metal tomará conta das hostes e promete invocar motins mitológicos por tudo o que é sítio. Doro, Michael Schenker (ex-Scorpions, ex-UFO), o aguardadíssimo retorno dos Down e com as lendas bigger-than-life Judas Priest e Running Wild!
No segundo fim-de-semana a diversidade será a receita para o triunfo. Tirando o penúltimo dia, que será praticamente todo ele dedicado ao power/symphonic metal - qualquer fã do género estará garantidamente a babar-se com o seguimento de Symphony X, Eluveitie, Epica, Nightwish e os míticos Blind Guardian - os restantes terão um pouco de tudo para todos. Quer seja para a juventude nostálgica, haverão Bring Me The Horizon, Bullet For My Valentine, Danko Jones e Ill Niño. Para o público que careça de uma bela expansão pelo heavy metal no seu estado puro, haverá Helloween, Alice Cooper e Sabaton. E havendo quem queira dose reforçada no peso pesado estarão os Kreator e Megadeth ao serviço. Um apelo especial para os imperdíveis concertos de Wardruna (com sorte à noite), e Steve Vai (com sorte ao pôr-do-sol).
Main 1
Chegamos por fim ao main-event, ao pico da serra, à maior atração que o Hellfest tem para oferecer. O Main Stage 1. Curiosamente, este costuma ser o lugar dos históricos e os colossos do rock, mas de forma refrescante e bem aplaudida, o primeiro fim-de-semana estará recheado de bandas não tão colossais como é costume. Começando pelas mais pequenas, salienta-se a adesão de Frank Carter & The Rattlesnakes, Knocked Loose, Heaven Shall Burn, Rival Sons, Code Orange e Jinjer. Para o contrapeso da balança, seguem-se os The Offspring, Dropkick Murphys, Ghost, Gojira, Korn e os Deftones para abraçar as multidões numa intensidade inigualável.
Chegando agora ao fim, e a acabar em grande, o Hellfest parece ter abraçado o melhor dos dois mundos que a música alternativa tem para oferecer. Por um lado, o heavy metal e hard rock, por outro o post-punk e o industrial. Num plano tático que parece abrir um precedente único na história do festival, haverá um dia completamente dedicado ao vanguardismo do industrial, e que nomes imperdíveis para tal senão os Ministry e os enormíssimos Nine Inch Nails. A completar o corpo deste assalto eletrónico estarão também os Health, os Nitzer Ebb e Youth Code. Havendo quem prefira a velha fórmula das guitarradas para a festa pura e dura do rock’n’roll estarão os Airborne, UFO, Myles Kennedy, Black Label Society e Ugly Kid Joe para elevar a festa. Contas feitas, sobra ainda espaço para prestar uma ode às lendas deste mundo, com Scorpions, Guns N' Roses, Metallica e certamente uma despedida calorosa dos Whitesnake. É agora ou nunca.