
A sensivelmente três semanas do início do NOS Primavera Sound, decidimos fazer um apanhado daqueles que consideramos serem os concertos a não perder nesta que já é a quinta edição do festival portuense.
Neste primeiro artigo de antevisão debruçamo-nos sobre o primeiro dia de festival.

Sigur Rós
A encabeçar o dia encontram-se os Sigur Rós, uma das mais conhecidas bandas de pós-rock e detentoras de uma das sonoridades mais características da segunda fase do género. Liderados por Jónsi (que, entretanto, já se aventurou por outros caminhos a solo), os islandeses são já um fenómeno de culto no nosso país, tendo-se estreado em terras lusas no longínquo ano de 2001, com um concerto em tudo memorável no Centro Cultural de Belém, e regressando mais cinco vezes, a última das quais em 2013.
Voltam agora três anos depois para encherem o Parque da Cidade com as suas aprazíveis planícies sonoras e ensinarem-nos mais um pouco da sua língua (Vonlenska). Vindo de alguém que já os viu mais de um par de vezes, constata-se que cada concerto surpreende à sua maneira, onde, em nenhum dos quais, ninguém terá saído desiludido da sala. Sem dúvida a não perder.

Animal Collective
Também no Centro Cultural de Belém atuaram os Animal Collective (estes nove anos mais tarde), uma das bandas que mais buzz tem criado na última década, sendo aclamada pela maioria da crítica especializada, muito devido a trabalhos como Strawberry Jam e, mais propriamente, Merryweather Post Pavillion, e chegando agora com álbum novo ao nosso país. Painting With foi lançado em fevereiro do ano corrente e “FloriDada”, primeiro single extraído do mesmo, já roda nos iPods dos mais atentos.
Os Animal Collective são conhecidos por utilizarem uma forte componente visual nos seus concertos ao vivo (prova disso é ODDSAC, “disco visual” lançando pelo grupo em 2010) e, por isso, aguardamos expectantes pelo que sairá desta sua apresentação.

Parquet Courts
Igualmente no primeiro dia de festival, e com disco recentemente lançado pela londrina Rough Trade, estão os nova-iorquinos Parquet Courts, que assim atravessam o Atlântico para apresentarem pela primeira vez Human Performance aos portugueses, após atuação estonteante na edição de 2014 do NOS Alive.
Os Parquet Courts são uma banda de quase-garage-quase-pós-punk (rock alternativo, para sermos mais abrangentes), igualmente aclamada pela crítica e detentora de um bom reportório discográfico que apesar dos seus curtos seis anos de existência já conta com cinco discos (é obra!). Esperem muita energia destes meninos.

Wild Nothing
Seguidamente, escolhemos os Wild Nothing, repetentes do festival (uma vez que passaram por cá em 2013), regressando agora com Life Of Pause, disco recém-lançado que demonstra uma abordagem mais pop primaveril (os teclados estão muito mais presentes) por parte da banda norte-americana, não abandonando a sua vertente mais sonhadora, porém simplificando-a e investindo menos nas orquestrações. Um belo disco que, apesar de não superar o seu predecessor (Nocturne), trará uma boa “vibe” ao festival e resultará em pleno no crepúsculo ameno que se fará sentir em junho no Parque da Cidade.

Julia Holter
Encerramos os destaques para o dia 9 de junho com Julia Holter. Esta que, através do lançamento de Have You In My Wilderness, é catapultada para as bocas do mundo e para praticamente todos os tops de melhores álbuns do ano de 2015. Este álbum marca também a maturação de Holter enquanto artista e compositora. Apesar de vermos as sonoridades mais distorcidas e evasivas de Loud City Song trocadas por sonoridades mais jazz e mais diretas - centradas no belíssimo timbre de Julia Holter - há sempre um toque de ingenuidade às paisagens que a artista tão cuidadosamente nos pinta no seu novo álbum. “O mar chama-nos para casa”, assim como o NOS Primavera Sound. Regressemos.