Este ano, Tilburg testemunha o 20º aniversário do Roadburn Festival. É notório como a sua intemporalidade ultrapassa o mais eficiente marketing. Isso é mais do que evidente na forma como, pela primeira vez na história da organização, se conseguiu esgotar a bilheteira na sua totalidade 5 meses antes do festival. Evitando o cliché, são as pequenas coisas que criam a identidade do festival. As ruas cheias, o convívio, as caras familiares à saída de cada sala, as roulotes de comida, os concertos que transcendem um leque de sensações não só audiovisuais como físicos. Cada set, uma tareia sucessiva. Cada 30 minutos, uma experiência quase espiritual. O Roadburn é isso mesmo, uma experiência espiritual, onde os templos são as mais imponentes salas da Europa e o símbolo a venerar é o decibel, a luz e sombra. O resto é história.
The Burning Darkness
Este ano o festival conta com Tomas Lindberg como sacerdote das festividades, com uma curadoria denominada “The Burning Darkness”. Consigo, terá nomes da mais variada natureza como Anna Von Hausswolff, Grails, Orchestra of Constant Distress, Craft, Loop, Agrimonia e até mesmo um set especial de At The Gates, como nunca os vimos, e Mono a apresentar Hymn To The Immortal Wind com o quarteto de Jo Quail. Certamente que não faltarão argumentos para o sueco deixar a sua marca no festival.
Artist In Residence
A primeira novidade de 2019 será ter os americanos Thou como artistas em residência. Com um 2018 a ultrapassar as expectativas e restrições da criatividade, lançando cerca de quatro álbuns (sim! quatro!), que melhor reconhecimento senão tocar quatro sets distintos no Roadburn. Na quinta-feira haverá set acústico, na sexta uma colaboração com Emma Ruth Rundle, sábado um concerto secreto e no domingo um set composto pela era Magus.
Commissioned Music
Dia 11 haverá Molasses, uma reunião de antigos membros de The Devil’s Blood, num concerto que servirá de homenagem ritual para o falecido frontman e símbolo de Eindhoven, Selim Lemouchi. Sexta-feira, o palco principal acolhe uma produção digna da apresentação de Requiem por fim terminado, com Celtic Frost/Triptykon juntamente com a Metropole Orkest, e, no sábado, será dia para reconhecer todo o poderio da cena black metal holandesa com Maalstroom no Het Patronaat.
Showcases
Outra novidade a sublinhar passa pelos dois showcases incríveis que nos aguardam no Hall Of Fame. A britânica Holy Roar será hoste na sexta-feira com A.A. Williams, Conjurer, Pijn, Secret Cutter e Svalbard, enquanto no sábado será a alemã Exile On Mainstream a celebrar os seus 20 anos de atividade com Confusion Master, Conny Ochs, Bellrope, Noisepicker, Ostinato e Treedeon.
Sets de álbuns
Importante não esquecer os sets dedicados a álbuns. O número parece não fugir muito em relação ao ano passado, mas neste houve sem dúvida um upgrade substancial nas escolhas. Nos primeiros dois dias haverá Hexvessel a tocar All Tree, a sua mais recente contribuição, Young Widows com o seu clássico Old Wounds e Seven That Spells a tocar a triologia The Death & Resurrection Of Krautrock, 3 horas consecutivas! Muito à semelhança dos Soft Kill, que apresentarão Void & Heresy num só set de hora e meia. No que toca a qualidade substancial, dois sets imperdíveis de Sleep, com Holy Mountain no sábado e The Sciences no domingo e, não bastando, para os que admiram as reais raridades, Have A Nice Life apresentam ainda o seu opus Deathconsciousness no afterburner.
Colaborações
Os portugueses Black Bombaim retornam aos palcos de Tilburg com Peter Brötzmann numa sexta-feira dada ao psicadélico, onde no mesmo dia teremos um power-combo do Brasil entre Deaf Kids e Petbrick de Igor Cavalera. No sábado, DOOLHOF reúne Dennis Tyfus com membros de Sumac e Dälek, e no domingo Gnaw Their Tongues e Crowhurst reinam. A não esquecer as já mencionadas collabs entre Thou e Emma, Mono e Jo Quail e Celtic Frost/Triptykon com a Metropole Orkest.
Nomes imperdíveis
Tirando esta quase centena de nomes mencionados, o festival contará ainda com nomes incontornáveis na cena atual como Bismuth, Crippled Black Phoenix, Lingua Ignota e Bliss Signal na quinta; Throane, Mythic Sunship, Drab Majesty e Messa na sexta; Turia, Sumac, Morne, Cave In e Jaye Jayle no sábado; Daughters, Marissa Nadler, Ulcerate e Old Man Gloom no domingo e claro, muitos muitos mais.
Com um leque de escolhas tão abrangente como este, é quase contraditório afirmar que os nomes são secundários. Mas não o são de facto. Se alguma coisa, são integrais à atmosfera, à cor e à linguagem do festival.