Ver ao vivo ultrapassa o castigo medieval de todo e qualquer mecanismo de sofrimento, e se ainda não tiveram oportunidade, mantém-se o desafio de olhar cara-a-cara no ódio puro do Satanarkist Attack e admitir com todo o volume, toda a vossa nulidade como seres humanos. Cada dia que passa sofremos um golpe ao saber que teremos de aceitar este, como um dos melhores álbuns nacionais em 2017. Porquê? Vamos explicando à medida que ficamos a conhecer melhor, nada mais nada menos, do que Iggy Musäshi, o frontman, e untermensch profissional nas horas livres, da nova fúria no punk português, Systemik Viølence.
Antes de mais, é um privilégio poder falar com alguém tão verdadeiramente detestável como tu. Como te sentes?
Ressacado e sem pachorra para esta merda!
Achas que é importante sentires alguma forma de ódio perante qualquer público? Dito isso, sentes que estás a fazer um trabalho de merda se ninguém te detestar com toda a tua presença?
Eu quero é que o público se foda, literalmente. É tudo merda, incluindo eu próprio!
Até podíamos falar sobre as verdadeiras identidades de todos os membros, mas ninguém quer saber na verdade. Fala-nos sobre a criação dos Systemik Viølence e porquê a merda das máscaras?
Criámos Systemik Viølence porque estamos descontentes com a cena na tuga que praticamente não existe. É só pussy punks e não há aquele feeling de perigo como havia nos 80’s, e usamos as máscaras para haver uma ausência de ego. O pessoal só gosta das bandas se forem membros ou ex membros das bandas X ou Y por isso mandamos um grande fuck off quanto a isso.
Acerca do lançamento de Satanarkist Attack. Alguma vez na vossa miserável e insignificante carreira ambicionavam lançar um álbum de originais? Satisfeitos com o resultado e receção?
Claro que sim. O nosso veneno tem que ficar registado! Digo mais, enquanto muitas bandas andam com campanhas de crowdfunding para pagar estúdio, nós usamos um gravador com 8 pistas.
O quão importante é, na verdade, tocar ao vivo para vocês? O que é algo, para vocês, realmente indispensável numa noite à Systemik?
Ao vivo é que é o real deal. Se no final tiver ameaças de porrada e virgens ofendidas a quem a carapuça lhes serviu, está tudo bem. É sinal que a mensagem foi bem entregue.

Esta fotografia foi tirada na última edição do Milhões de Festa, na qual puderam participar ao lado de Milhões de Outras Bandas Melhores Que Vocês. Fala-nos um pouco sobre a experiência no festival e sobre a reação estupefata captada na foto. O que é que isso te diz do mundo?
O nosso concerto foi uma granda zerada em termos técnicos, mas em termos de atitude demos 11. Gosto de tocar em locais onde estamos completamente fora da caixa para o pessoal de outras ondas levar com o nossa negritude! De resto foi uma experiência um pouco negativa, pouca cerveja no backstage e só pussy hipsters! Quanto a esta foto, tá fixe para mim!
Se pudessem mandar alguém à merda, neste mesmo instante, quem seria?
Tanta gente.. mas sabes que mais, quero é que tu te fodas e mais esta merda de pergunta!
Não sei se já repararam mas incluímos o vosso Satanarkist Attack na nossa lista de melhores álbuns nacionais. Sabe bem partilhar o top com nomes como Orelha Negra e Slow J?
Ficamos em cima de Moonspell. Tudo certo!!!
Planos para 2018 e um guia curto para se evitar cópias baratas de GG Allin?
Continuar a venerar Satanás e espalhar a nossa má onda por todo o lado. Parem de fingir que são punks a sério no Disgraça, bebam bagaço e oiçam Sarcófago!
Quem for familiar às guitarras degenerativas da genética sueca da velha guarda, lembrando nomes como Anti-Cimex, Driller Killer e Totalitär, não vão ter problemas em abraçar a absoluta abrasividade das ensaguentadas cordas de Systemik. Estas, sem nunca perderem uma pinga de suor e seriedade num punho fechado e impiedoso de puro rock’n’roll, alastram-se no físico do ouvinte como recorrentes golpes de matança em constante loop.
O nojo quase gráfico do seu fulgor estampado em chama, deve-se muito ao venoso baixo que rasga músculo como uma lâmina bem avivada. Malhas como a “Just Another Uniform”, “Not A Gear In This Machine” e “You Are Free To Be A Slave” sublinham o diáfano estado de protesto. Tresanda a rock’n’roll, álcool e muito sangue.