Começando pelo primeiro dia, o festival abraça a entrada em palco dos lendários Exhorder, decretados míticos do thrash de Louisiana, que prometem escavar um enormíssimo circle pit, à medida de esquadro e régua, no epicentro do palco principal. Quem for apreciador do som tradicional dos estilos mais extremos, terá o destino traçado para a visita imperdível dos noruegueses Obliteration, muito conhecidos por difundirem death metal puro e cru com punk e d-beat. Divagando para outro pólo do espectro, é de sublinhar a presença de Hexis, dinamarqueses internacionalmente reconhecidos por entregarem alguns dos mais catárticos e anatómicos sets de black/punk na Europa. Seguindo os mesmos passos, mas derivando agora para o grind, é incontestável o favoritismo que os Teethgrinder terão, quando no público desarmado, recair a descarga energética de deathgrind ultra-urgente e incendiario.
Com as engrenagens já a encaixar no ritmo, há que haver preparação para os Nifelheim. Este é indiscutivelmente um dos maiores nomes no black/thrash, uma identidade inconfundível no estilo. Motivos para os ver, só mesmo no inferno. Já que estarão no palco principal do Barroselas, porque não ambos? Por falar em inferno, o SWR terá também os checos Inferno com o seu black metal neurótico. Se houver quem goste de panoramas sónicos desesperados e completamente imersos em caos, não há como errar nesta time-slot. Os Interment, muito à face dos seus compatriotas no estilo, são tipos de poucas palavras, preferem deixar o som falar por si, e sendo que prometem devastar o público com death metal do mais imponente, é seguro dizer que os suecos têm muito para dar. O mesmo se pode dizer dos madrilenos Looking For An Answer com o seu grind desdentado a cuspir corja e a conduzir aceleração no seu mais bruto estado.
Dia de fecho e última chance para empurrar o aço o mais fundo na carne. Agathocles! Uma referência gritante nos livros. Entre breakdowns abismais com guitarras de sujidade negrume, o público terá diante si os mestres do eterno conhecimento através do caos. Carpathian Forest são outros senhores, desta feita provenientes do black metal norueguês. Esperem blast-beats, riffs gélidos e uma grande caralhada para quem não curtir de cabedal e muitos espigões. No campo do sludge ou doom, fica a dica para Suma, uma das grandes bandas presentes dentro do estilo, com uma listagem de lançamentos que preenche o olho a qualquer aficionado de riffs orelhudos e ritmos lamacentos; bem como para os incontornáveis Church of Misery, que prometem enfeitiçar até o mais duro dos metaleiros com o seu doom psicadélico. Altarage é um nome que é capaz de deixar qualquer ouvinte com o queixo caído no chão. Imaginando Portal com um som mais estrutural e não tão abstrato, pulsionando blast-beats cadavéricos e progressões profanas, é indispensável passar por este retorno dos bascos, sem os dar uma chance.
A não esquecer também algumas das bandas nacionais com maior potencial de deixar pegada no final do festival. Muita atenção ao death frontal dos Pestifer, Gaerea, Irae com o seu black de podridão e Process Of Guilt com o sludge/doom niilista e submisso à catarse via destruição. É com estes nomes, que fazemos a antecipação da edição XXI do Barroselas Metalfest. Vemo-nos por lá!
