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“O álbum é sobre mudança e aceitação.” • FARWARMTH em entrevista

13 de Abril, 2017 EntrevistasWav

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Apesar da atividade prolífica que se materializa em 16 lançamentos e inúmeros concertos, na sua maioria com epicentro em Lisboa, a Alienação festejou o seu primeiro aniversário há apenas um par de meses. Com a ambição de editar alguns dos maiores talentos e promessas da música eletrónica em Portugal, a Alienação chega finalmente à cidade invicta e a Braga, nos dias 15 e 29 de Abril respectivamente.

Estivemos à conversa com FARWARMTH, um dos dois cabecilhas da Alienação. Afonso Arrepia Ferreira de nome de batismo, traz na bagagem Beneath the Pulse, um dos mais interessantes discos de estreia de 2016. Um disco que traduz a modulação interminável da experiência de um tempo sem presente, numa inessencialidade do real.

 

Define a Alienação. Como e quando surgiu? Quais são os vossos objetivos e as vossas ambições?

A Alienação surge no dia 4 de Fevereiro de 2016, dia em que mostrei o meu primeiro álbum ao João Melgueira. Amigo esse que me propôs a ideia de começar uma netlabel/promotora para divulgarmos tanto online como ao vivo o crescente número de projectos dentro da música electrónica em Portugal, convite este que aceitei de imediato. Visamos dinamizar a oferta na música que se ouve tanto online como ao vivo, digamos que tivemos origem na imperiosa vontade de fazer emergir novos talentos espalhados pelo país.

 

Que catálogo de projectos procuram lançar? Prevêem num futuro próximo lançar em algum formato físico?

Procuramos lançar trabalhos de novos artistas ligados à música electrónica tanto na sua vertente experimental como na música de dança, não excluindo possíveis projectos fora desses rótulos. Começámos por editar um grande número de EPs e álbuns num curto espaço de tempo durante 2016 devido à nossa observação sobre a quantidade de criadores que mereciam uma maior projeção e então assumimos esse papel impulsionador. Quanto ao formato, por agora, os discos estão apenas online mas estamos a pensar em disponibilizar no futuro edições com compilações de artistas em formato k7.

 

Quais são as maiores dificuldades que encontram enquanto promotora?

Apesar de haver um grande número de salas por vezes os donos ou curadores desses locais nem sempre estão abertos a disponibilizar o espaço. Felizmente isso cada vez acontece menos e o número de eventos, desde uma série de concertos a apresentações de EPs e álbuns, é cada vez maior e melhor recebido tanto pelos locais como pelo público.

 

A Alienação tem um seguimento substancial em Lisboa. Sentem que esse acompanhamento é mais local ou já é mais abrangente? Quais são as dificuldades de atingir um público mais abrangente?

É natural que a concentração do nosso público tenha mais peso na capital pois é onde realizamos mais eventos. Outro local com um peso semelhante é o Porto, como temos constatado pela afluência ao evento online do Passos Manuel, mas há seguidores um pouco por todo o país que nos conhecem através das várias plataformas onde nos encontramos, especialmente pelo facebook.

 

Quais são os próximos lançamentos da Alienação?

Temos alguns nomes em lista de espera, cujos nomes preferimos não revelar para já.

 

Enquanto FARWARMTH lançaste o Beneath the Pulse em 2016. Como foi recebido?

O álbum teve um feito de catapulta, no sentido de me ter lançado numa série de concertos ao longo do ano. O feedback foi dado maioritariamente online e foi bastante positivo, recebi convites de diversos coletivos artísticos como a ZigurArtists para atuar por várias salas em Lisboa e além disso, através da Alienação e do meu colega de editora João Melgueira, foi-me possível marcar outras tantas datas na capital.

 

Como ficaste interessado em música eletrónica? Quais são as tuas maiores influências?

A primeira memória que tenho de compor algo creio que foi por volta dos meus 10 anos, num autocarro que fazia a ligação entre o Porto e Bragança. Trazia o meu portátil, oferecido pelo programa E-escolas, ao colo com um software para escrever partituras que quando terminadas era possível selecionar um instrumento e ouvi-lo tocar a peça. Anos após esse interesse ficou de lado e deu lugar bandas de metal que nunca funcionaram. Por entre um par de episódios desses creio que desenvolvi um interesse pela improvisação ao piano e uma certa vontade de me desprender um pouco de ritmos fixos e música escrita. Nessa altura conheci algumas pessoas que me deram a conhecer uma mão cheia de artistas dentro da electrónica na sua vertente experimental e contemporânea - o que me ajudou a canalizar tais erupções improvisacionais. Desde as aulas de instrumento, bandas de metal, e o que as pessoas à minha volta me oferecem, penso que tudo contou para o que hoje apresento como o meu trabalho.

 

O que te inspirou para a produção do álbum? Porquê Beneath the Pulse?

O álbum é sobre mudança e aceitação. Está ligado ao tempo que passei até hoje em Lisboa, como uma banda sonora ao longo dos anos, aborda a mudança súbita e tudo o que essa traz tal como abrange também a fase seguinte de aceitação e adaptação, tudo isto ao mesmo tempo que o indivíduo cresce, é um pouco autobiográfico. Para mim, todo o álbum surge como forma de uma limpeza completa e violenta, sendo que me sinto exposto por completo quando as faixas soam. O nome ocorreu-me numa ida ao hospital, que na altura era frequente devido a um problema de coração, os batimentos que se aceleravam sozinhos por razão nenhuma e a falta de ar foram os factores que originaram o nome.

 

Descreve-nos o processo de criação e de gravação.

As faixas são um misto entre instrumentos virtuais e acústicos. As gravações contêm ficheiros desde o piano da minha antiga sala de aula em Oeiras a uma turma do 5º ano com todos os alunos a tocarem vários xilofones na escola secundária onde andei. Há também pequenos pedaços de guitarra acústica sendo um deles uma espécie de re-sample de um tema de uma banda que tive em 2014 com o João Rochinha, que agora colabora comigo em PURGA. Maior parte das faixas do álbum surgem de pura improvisação, as restantes são resultados de improvisos reciclados e organizados que se acabam por fundir entre camadas de pianos acústicos e sintetizadores com guitarras e xilofones esticados e transformados.

 

O álbum é sequencial? De onde vêm os títulos das faixas?

Os títulos provêm de uma relação entre espaços físicos e o tempo passado neles, criando uma espécie de momentos organizados sequencialmente como é o caso das “Room” e “Years”, indo de encontro ao conceito já referido em cima sobre a história ao longo de um período de tempo.

 

Tens outros projetos ou colaborações já existentes ou em vista?

Já há alguns meses que tenho um novo álbum em construção onde o elemento acústico está mais presente. Elevando também a componente electrónica, este trabalho contém algumas peças compostas para instrumentistas e momentos de improviso pelas mãos de jovens músicos como a Victoria Mailho, do Porto, na flauta transversal e a Bruna de Moura, de Lisboa, no violoncelo. Vai contar também com composição e produção adicional do baterista Pedro Menezes, de Braga, que me acompanha por vezes ao vivo como foi o caso da abertura para o concerto de Kara-Lis Coverdale na ZDB no passado mês de Outubro. Menciono as cidades de onde cada elemento provém porque creio que esta teia entre criadores e intérpretes que se estende pelo país é de importância para o conceito do álbum, que não posso para já revelar, e para o futuro da música em Portugal. Além de FARWARMTH estou a iniciar agora o álbum de PURGA com o João Rochinha, trabalho que surge meses após do nosso ep gravado ao vivo no Desterro, em Lisboa, e editado pela Alienação.

 

O que achas do panorama musical de Portugal? Achas que existem espaços suficientes ou mentalidades suficientemente abertas para conseguires prosperar?

O que não falta é oferta em termos de espaços, mas as portas nem sempre se abrem. Quanto ao panorama, principalmente na capital, há uma certa saturação de bandas de garage e/ou indie rock, não tirando o seu merecido mérito é necessário que outras correntes se implementem cada vez mais no país e cheguem a um maior público. Nem tudo é house, nem tudo é techno, é crescente o ouvinte e adepto de tais projectos dentro da música contemporânea seja ela electrónica ou não, tal como é crescente um movimento em Portugal que engloba produtores e compositores de várias vertentes.

 

Tens tocado várias vezes por Lisboa. Como é finalmente vir ao Porto, tocar numa sala tão especial quanto o Passos de Manuel? Foi uma data fácil de arranjar?

Ir por fim tocar na cidade de onde vim é algo que me deixa muito feliz, e actuar no Passos Manuel não só contribui para essa felicidade como também é uma honra. Em comparação com a maioria das salas de Lisboa diria que para o Porto foi mais difícil arranjar datas, mas após de pouco mais de um ano de existência a Alienação está por fim no grande norte.

 

Quem cria os teus visuais? Consideras como uma parte essencial dos teus sets ou mais como uma forma de submeter o público ao ambiente que queres construir?

Os visuais são sempre da minha autoria, à exceção de três concertos onde tive a participação do Pedro Tavares e da Joana Torgal Marques, e tento que seja algo que flua de maneira orgânica com o som. Não os vejo como algo nem perto de essencial, o uso varia conforme o meu objetivo para cada concerto e por vezes depende também das condições da sala em questão. São, de uma forma, uma dimensão adicional à música que complementa a atmosfera que tenciono criar.

 

Achas que os visuais podem ser uma distração na música eletrónica em geral? Se sim, até que ponto?

A partir do momento em que a componente visual é tratada como algo que se usa só “porque fica mais bonito”, para mim não funciona. Estar lá e não estar torna-se preferível não estar pois é, como disseste, uma distração que por vezes pode desviar por completo o foco do público daquilo que está a ser executado em palco.

 

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em Entrevistas
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