
Com álbum novo e com presença em muitos dos festivais de norte a sul do país neste outono, fomos falar com as irmãs Maria e Júlia Reis, mais conhecidas como Pega Monstro, sobre os mais variados temas, naquela que foi a entrevista mais longa e mais divertida que este que vos escreve já presenciou.
“Pega Monstro” é uma alusão aos brinquedos que saíam na Olá ou significa outra coisa?
Maria Reis: Sim, acho que a única coisa que Pega Monstro significa em português é isso, esse brinquedo. Foi um nome um bocado dado à toa.
Quais são as principais diferenças entre o disco homónimo e este Alfarroba?
MR: Está mais dinâmico e mais trabalhado. Não é que o outro não estivesse trabalhado mas as músicas eram mais imediatas, também para nós. Foram as primeiras. Neste foi mais como um trabalho de exploração. Está mais por “ondas” do que “a pique”.
Vocês já tiveram público da “terceira idade” em algum dos vossos concertos?
Júlia Reis: Agora na Zona J houve um cabo-verdiano que curtiu bué o nosso concerto. Não sei que idade é que teria mas era, certamente, dos 60s para cima.
MR: Ele chorou no fim do concerto. Aquilo era num campo de futebol e ele estava agarrado às grades durante o concerto a curtir e no fim veio falar connosco a chorar. Já valeu a pena.
JR: Em Ramsgate também estavam lá uns velhotes que curtiram bué. O mais comum é tipo 20s mas é fixe o pessoal de várias faixas etárias gostar da nossa música.
O que é que os vossos pais achavam da vossa música quando começaram a tocar?
JR: A minha mãe agora vai bastantes vezes aos concertos e leva os amigos mas no início era “só barulho”. Até a gente aparecer nos jornais era “só barulho”. Só depois é que ganhas aquele respeito. (risos)

Sabemos que vocês este ano “embarcaram” em duas tours estrangeiras: uma em Espanha (fevereiro) e outra na Inglaterra (agosto). Como é que correram essas viagens e qual é a diferença entre os públicos?
MR: As duas foram diferentes. A de Espanha (e Portugal

JR: Na maior parte das vezes éramos só nos os três a tocar, não havia nenhuma banda local e o pessoal aparecia na mesma. E a pagar. O que não se pagava não estava lá quase ninguém. (risos)
MR: A de Inglaterra foi diferente: os ingleses são bem mais conscientes da cultura musical e do que implica fazer um espetáculo. Fazem promoção aos concertos e o pessoal mobiliza-se. Em Coventry estavam lá bué de tugas, parecia que estávamos a tocar cá. Em 40 pessoas, para aí 20 eram tugas. Também achei incrível tocarmos com os Deerhoof.
JR: Nós tocámos primeiro com os Sacred Paws e depois, no fim da tour, tocámos com os Deerhoof. Tudo organizado pelo Chris (da Upset The Rythm) que também editou o último dos Deerhoof e o concerto deles foi completamente overwhelming. Às tantas, o baterista pára a meio, dirige-se ao microfone e diz: “queria só dizer que já trabalhamos com o Chris há muito tempo, que ele faz sempre estas noites e hoje as bandas que tocaram antes de nós superaram-nos”, “We're just here peaking up the pieces” e no fim disse “Obrigado” (em Português). Acho que curtiram mesmo de nós. (risos) E para mim ver aquele concerto foi um abrir de fronteiras, foi tipo rock do futuro. Eu senti que estávamos na mesma página.
Vejo-vos frequentemente em concertos de jazz. Que bandas destacam do jazz nacional e/ou internacional?
JR: O nosso irmão é contra-baixista de jazz então nós temos oportunidade de ver algumas coisas mais de perto. Ele chama-se António Quintino e o disco dele, o único editado, chama-se Prólogo.
MR: A cena que me entusiasma mais no jazz é a cena free

