
Os Samsara Blues Experiment voltam a Portugal este ano e desta vez são uma das confirmações da segunda edição do Reverence Valada. Estivemos à conversa com o líder Christian Peters que gosta de vir a Portugal e que diz que nós pedimos desculpa demasiadas vezes. Não voltam com trabalhos novos mas garante que estão mais pesados do que nunca e com vontade de partir a casa toda.
Então, quem és e como é que a banda começou?
Olá, sou o Chris. Comecei tudo em 2007 depois dos Terraplane acabarem, depois de lançarmos o "Into the Unknown".
O que está diferente deste 2007 e depois de 4 álbuns?
Tivemos diferentes line-ups desde aí. Recentemente o Hans que tocava guitarra ritmo passou para o baixo o que é altamente e consegue soar ainda mais pesado que antes, apesar de sermos só três agora. Também usamos mais sintetizadores, mesmo em palco. Sempre que podemos, usamos.
Vocês estão em Berlim, como é a cena musical lá? Acham que é bom para vocês estarem "sediados" aí?
A banda começou em Wernigerode, que é bem mais longe, quase no meio da Alemanha, uma terra pequena. Berlim tem muitos mais músicos obviamente. Mas não sou grande fã desta cidade, só vivo cá porque sim e pronto. Conheço poucas pessoas que ficam em casa no seu meio rural, mas muita gente muda-se para a cidade por causa de trabalho e dos estudos. Mas é estranho porque parece que o "countryside" está a "secar".
Nós conseguimos ver esta "Nova Era Psicadélica" onde as influências são as mesmas e depois é tudo construído da mesma maneira. O que achas desta nova "tendência"?
Acho que é tudo uma confusão provavelmente. Existe uma nova era "psicadélica"? Bem, sabes, faço este estilo desde uma altura em que muito poucas pessoas ficavam interessadas. Há uns anos atrás quando tocávamos para 10 ou 20 pessoas, agora são 200 por noite e às vezes também não sei o que é melhor. Isto pode parecer parvo mas não sei se estes tipo de modas são boas. O que acontece é que agora habituamo-nos a este ritmo e a tocar em grandes palcos mas depois, uns anos mais tarde, vamos cair no underground outra vez. Eu já sinto um pequeno declínio, mas nós não somos assim muito tradicionalistas. Os anos 70 são porreiros, os 80 também, os 90 é assim onde estamos agora, não nos 70.
E qual é a tua opinião acerca de as bandas parecerem todas iguais? o que é que está a acontecer?
Copycats? Eles existem desde sempre. 50% ou mais da era do Krautrock estava a tentar copiar ao máximo os Deep Purple. Isso é tão secante, eu não preciso disso. Não me interpretem mal mas não conseguimos inventar muito mais, temos de tocar com o coração e não só fazer qualquer coisa que faça com que todos gostem ou que pareça assim muito "autêntico". Nós também não estamos a inventar nada mas tocamos o que queremos e sentimos e isso ouve-se na nossa música.
Mudavam alguma coisa no vosso percurso?
Estás a falar musicalmente? Há alguma coisa que possa mudar? Bem, vamos ver com o tempo. Acho que já mudamos o suficiente nos últimos meses, voltamos a ser três elementos, temos as guitarras com afinações ainda mais baixas, e estamos sempre a improvisar, o que é algo totalmente novo para nós.
Podemos esperar algo novo este ano?
Não, desculpem. Nós precisamos de mais tempo para fazer um álbum novo. Não sou fã de preparar coisas à pressa. E também acho que ainda há muita gente que não ouviu mais do que o nosso primeiro álbum. Não me estou a queixar, suponho isto pelos números nas vendas e isso.
O que acham de serem um nos primeiros nomes a ser confirmados para a segunda edição do Reverence Valada?
Isto pode parecer muito cliché, mas nós adoramos tocar em Portugal. As pessoas são muito porreiras e acolhedoras. Sentes-te bem em todo o lado. O Reverence pareceu ser muito bom o ano passado por isso estamos com boas expectativas.
E quais são essas expectativas para o concerto? Já vos contaram alguma coisa sobre a edição do ano passado do Reverence?
Esperamos ter mais de 30 minutos para tocar (risos). Porque 30 minutos são tipo... 2 músicas. E espero não tocar ao início da tarde, não gosto muito disso. Mas, apesar de tudo e sem queixas nenhumas, esperamos mesmo é passar um bom bocado!
Vocês já tocaram umas quantas vezes em Portugal, o que é que fica preso na vossa memória de cada vez que cá vêm?
A bondade das pessoas. Mas pedem desculpa muitas vezes, mesmo quando é completamente desnecessário. Não façam isso, não precisam de estar sempre a pedir desculpa. Portugal é lindo!
E as vossas influências? Que bandas/artistas ouves e não têm nada a ver com o género de música que fazes ?
Frank Sinatra! Adoro muitas coisas acerca dele. O estilo, o carisma, e a sua voz obviamente. Eu consigo ser muito lamechas...
O que andas a ouvir agora?
Pergunta difícil, apesar de andar a procurar muita coisa nova. Gosto de alguma eletrónica, cenas mais "soundscape". Oiço muito Portishead, apesar de não ser atual. Mas espera, consigo dizer alguns nomes do Soul e do Blues, artistas como Noora Noor, Joanne Shaw Taylor, coisas assim, ou então Jazz. Não tenho ouvido muito rock ou stoner.
Se pudessem escolher um sitio para tocar, onde seria?
São Francisco. Um dia talvez, outra vez, quando tiver de ser. A primeira vez que tocámos lá foi assim uma revelação, a sério! Não sou assim muito hippie nem dado a essas coisas mas houve ali qualquer coisa de muito especial. E na Grécia também, lá é sempre a partir, num bom sentido.
Gostas de Dvorác?
O compositor clássico? Vou ouvir. Ah sim, gosto disto, muito chill. Mas não conheço o trabalho dele. Adoro Ravels Bolero! É um dos meus artistas favoritos, ou Smetana. Eu cresci com isto e Zappa, Tull, Rory Gallagher... (risos) Mas não estou muito dentro da cena clássica, só a indiana (Raga).
Última mensagem para os fãs.
Obrigado pelo interesse e lealdade, pessoal. Desculpem não termos nada novo nos próximos tempos. Para os que estavam à espera de um álbum novo, acho que isto tem de ser especial, não pode ser mais um disco no mercado. Mas este ano vou lançar um disco a solo e os Terraplane também estão com uma ou duas reedições eminentes. Mergulha no passado para perceber o presente e mudar o futuro, para melhor! Obrigado, pessoal!