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Checkpoint 004

25 de Março, 2022 ListasWav

O Checkpoint é um apanhado não-periódico dos últimos lançamentos que têm acompanhado a redação.

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Checkpoint 005

Checkpoint 003

astronoid-album-coverAeviterne - The Ailing Facade (Profound Lore)


Aterrou o estrondo do ano. Por cada cavada na tarola, por cada drenagem de distorção, o vácuo reage como um espelho à verdadeira cara do ser humano. The Ailing Facade é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das (senão a) mais promissoras propostas a navegar pela música extrema/experimental em 2022, e Aeviterne são os derradeiros responsáveis por tal. Composto por antigos e atuais membros de Artificial Brain, Miasmatic Necrosis, Castevet, Luminous Vault, não há nada a dizer quanto à capacidade técnica deste plantel, que é absolutamente imperial. Mas no que toca ao conteúdo musical, à construção e desconstrução sonora que percorre estes 50 e poucos minutos de cirurgia bruta, é impossível saber por onde começar. Tente-se arrancar pelas sensações causadas nos primeiros 10 a 15 minutos do disco. Entra-se na caverna de Platão, transfigurados por uma imensidão de convulsões, a escuridão prevalece mas o surgimento instrumental é impiedoso e progride como um ciclone, uma tempestade a afogar tudo o que lhe assoma por perto. A escavar a pertinência à autoanálise, tentar afigurar qualquer ligação entre o corpo à substância de The Ailing Facade, não passará de um mero eufemismo. Passar a superfície não bastará. Entrar no vazio não bastará. Há que respirar, sentir, entregar-se à caverna sem compromisso, e permitir alteração segundo esta. Só então é que a luz de Aeviterne nos mudará. - JMA



 

 

Beirut-GallipoliBenny the Butcher - Tana Talk 4 (Griselda/EMPIRE)


Composto por Conway the Machine, Westside Gunn e o próprio Benny the Butcher, o coletivo da Griselda tem-se consolidado não só como uma mera editora de hip-hop contemporâneo mas como toda uma cultura. Ao monopolizar um modelo para a música urbana atual, qualquer um dos três tem sido uma força criativa sem paralelos. Quer seja com mixtapes, compilações ou trabalhos de colaboração com outros produtores, Benny the Butcher é um pilar intransigente do trio, e Tana Talk 4 é só mais um exemplo do génio e da visão deste seu percurso. Seguindo o corpo de uma série de diários, a narração acompanha um voltar às raízes dos métodos de Benny. Seja pela disposição da escrita, a nudez à realidade da vida e a naturalidade crua com que colabora com The Alchemist, Conway, 38 Spesh, Daringer ou Boldy James, o disco ganha, de pés assentes na terra, uma encadernação aveludada e brilhante. Humildade acima de tudo, o caminho que Benny aqui narra não visa glorificar nem idolatrar a cocaína, nem o legado de encarceramento, mas abraça-o como parte da sua história. Tana Talk 4 é a mais recente crónica dos erros, dos desenlaces, dos dias perdidos e dos dias ganhos, disposto como um processo à procura de uma paz interna com o seu próprio passado. Um processo que ajudou Benny a culminar um dos discos mais bem conseguidos e reluzentes da sua já experiente carreira. - JMA



 

 

Boy-Harsher-CarefulCobracoral - Cobracoral (Lovers & Lollypops)


Maravilhosamente envolvente este novo trabalho das Cobracoral, íntima exploração de “jogos” vocais desenvolvido pelas figuras que lhe dão vida – Catarina Miranda, Clélia Colonna e Ece Canli. Ao longo de quatro músicas, as três juntam-se para colorir um mundo que, à superfície, até pode parecer excessivamente minimalista, mas que se assume extraordinariamente dinâmico e vital quando nos perdemos no seu encanto. Há sempre muita coisa a acontecer, pois estamos perante um álbum cheio de vida e com uma paixão que praticamente não consegue ser contida; por vezes soa frenético e incandescente, noutras alturas meditativo e esotérico, como se todo este canto, que claramente vai mais além do coro tradicional, fosse essencialmente um grito de libertação. Vive tanto à base de melodias exploratórias como de onomatopeias insólitas, parecendo servir-se das vozes – o corpo funciona aqui como um estúdio orgânico e ilimitado, de certa forma – para comunicar emoções em estado bruto: puras e indomáveis. É belo e aterrador, angelical e esquizofrénico (há ali ruídos de agonia, em pleno convívio com melodias harmoniosas – o contraste é arrepiante – que parecem ter saído de um exorcismo) mas, acima de tudo, é indescritivelmente magistral. Há muito tempo que a catarse não soava tão divinal e transcendente. - JA



 

 

Candlemass-The-Door-To-DoomGhost - IMPERA (Loma Vista)


Com dois anos de atraso motivado maioritariamente pela pandemia, chega-nos IMPERA, e, a julgar pelas classificações, tops, charts e polls, a nível mundial, a espera foi utilizada sabiamente por Tobias Forge para aprimorar a obra. Com um rácio de 50/50 entre guitarra limpa e guitarra distorcida, este disco traz certamente um sabor agridoce aos fãs mais dedicados (e mais inclinados para o peso!), por ser tão gritante e tão bem feita a aproximação ao pop. Tobias Forge rodeou-se de uma equipa de produção com provas dadas em trabalhos com artistas como Katy Perry, Britney Spears ou Madonna, e isso reflete-se na polida masterização do disco. Começando com um tema de abertura de concerto à la Queen (“Kaisarion”), seguido dos singles “Call Me Sunshine” (luxúria luciferiana) e “Hunter’s Moon” (luxúria não tão luciferiana), e de baladas de isqueiro no ar (“Darkness at the Heart of My Love”), o auge do disco é atingido com “Twenties”, tendo sido já apelidada de reggaeton metal (erradamente!). No entanto, o contraste entre peso e uma pulsação mais dançável é inegável, e o tema mistura com mestria coros infantis perturbadores, ritmos de bateria de uma qualquer cena pimba, lírica sem pudor e cheia de referências à política (ou ausência dela) norte-americana, e o mais bem construído riff do disco. Tudo somado, IMPERA é até à data um dos álbuns mais impactantes de 2022. Esperamos com curiosidade por futuros trabalhos. Seria demasiado, lançarem um álbum de covers de ABBA? Talvez não. - PS



 

 

Dream-Theater-Distance-Over-TimeMemorial State - Bloomer (Ring Leader/Infected)


O novo EP do trio brasileiro Memorial State bem podia ter saído de uns Balance and Composure, uns Citizen, ou se calhar até mesmo dos próprios Superheaven. Mas não, Bloomed é cá dos nossos, felizmente. O trio baseado na cidade invicta orquestrou um quarto de hora de temas que se demonstram tanto atraentes e viciantes quanto descomplicados. E qual é o mal? Nem toda a música tem de ser um bicho de sete cabeças. Que nunca se duvide do poder de um bom riff que segura o próprio peso e de uma voz calorosa, suave e com uma pós-produção de filtro alucinatório e etéreo, inversamente espelhada na sua lírica melancólica. Com faixas como “Hard To Believe” e “Never Did This Before”, até parece que já andam nisto aos anos, pela naturalidade com que cada momento se estrutura perante os seus contíguos. E com “Learning How”, nota-se um tato pela incorporação de influências pop sem que se desaprume a lógica de punk alternativo a vigorar. Mas desenganem-se, a banda é fresquinha e, se os factos ainda os são, esta ainda tem muito para dar à indústria musical local. - JG



 

 

Fange-PunirMessa - Close (Svart)


O desconcertante quarteto de Pádua está de volta e em força (mas não muita, que o seu estilo doom de embalo não se compadece com movimentos muito bruscos)! Depois do aclamado Feast for Water, a expectativa era grande. Foi largamente ultrapassada. Em Close, a temática é toda inspirada por Nakh, uma dança afro-mediterrânica, e uma sublime analogia entre este conjunto de movimentos e o vigoroso (mas não muito) headbang. De um ponto de vista informado, o som da banda faz-nos imaginar o que seria vestir a pele de um melómano no início dos anos setenta quando confrontado com Black Sabbath - Black Sabbath - “Black Sabbath”. A experiência sensorial, se não é a mesma, andará lá muito perto. Este é, no entanto, um doom muito mais requintado, polvilhado pela graciosa voz de Sara, pelas guitarras jazzísticas e redondas de Alberto e Marco, e pela bateria graciosa de Rocco. Destaque para os temas “Dark Horse” e “Rubedo”, em que há uma vertente de aceleração mais vincada, para o incrível início soprado de “Orphalese” (será duduk o instrumento que nos atormenta?), e para “0=2”, a pesarosa viagem através do mesmo deserto que reveste a estética do disco, que termina abruptamente tal e qual como se todo o grão de areia fosse sugado por uma espiral poderosa. Com uma duração de 64 minutos, Close servir-nos-á perfeitamente de mantimento auditivo durante esta travessia de espera até ao próximo disco do grupo. Venha depressa (mas com calma!). - PS



Artigo escrito por: João “Mislow” Almeida (JMA), Jorge Alves (JA), José Garcia (JG) e Pedro Sarmento (PS).
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