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Checkpoint 007

07 de Junho, 2022 ListasWav

O Checkpoint é um apanhado não-periódico dos últimos lançamentos que têm acompanhado a redação.

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Checkpoint 006

astronoid-album-coverDälekPrecipice (Ipecac)


Por cá, já se perdeu a conta aos pilares que a dupla de New Jersey, Dälek, tem disposto nesta dimensão. Fulgurosamente um dos originários da disformidade do hip hop alternativo, Will Brooks e Mike Mare têm sobrevivido como uma dupla imparável há já mais de vinte anos, com uma maturação que não parece abrandar e com um reconhecimento cada vez mais merecido. Precipice é o mais recente contributo da dupla e surge com uma frescura implacável que mais facilmente se encontra num disco de estreia do que propriamente num 9.º ou 10.º. O liricismo permanece interventivo, confrontacional e carregado de reação política, e o encaixe deste com o sonoro genético de Dälek faz todo o sentido no mundo. Ouvem-se batidas afogadas em graves que se desenvolvem como máquinas numa cidade em constante crescimento. A expansão é notória ao longo do disco, observam-se momentos que permitem que o instrumental ganhe luz e ângulo para encarar o projeto bem mais além do mero hip hop industrial. Mesmo com uma textura hidráulica e mecânica, Precipice é determinante pelo seu lado humano, orgânico e tangível que parece formular aqui um resultado que pode muito bem estar ao alcance de qualquer ouvinte casual, sem desiludir os mais fiéis ouvintes do projeto. - JMA



 

 

Beirut-GallipoliDITZ - The Great Regression (Alcopop)


A formatura dos DITZ, expressada em moldes simbólicos pelo tão aguardado The Great Regression, sempre pareceu uma realidade infinitamente distante. Desde 2015, ano em que os cinco empreendedores do recente revivalismo da cena post-punk se juntaram para porem à prova as suas sensibilidades sonoras, que os progressos andavam a conta-gotas. Um single aqui, outro acolá, e, em boa verdade, a qualidade justificava os longos períodos de espera, mas o derradeiro álbum que todos esperávamos não se avistava. Eis que, sete longos anos depois, o grupo de Brighton nos atinge com a boa-nova de um disco de estreia. O resultado não fica atrás do que nos haviam prometido em singles como “Gayboy” e “Total 90”. Um som que não se deixa deslavar pelas tendências, que adota um estilo errático e que entretém um gosto pelas estruturas mais imprevisíveis e inconvencionais que o género oferece. Geram-se, ou gerem-se, conforme a circunstância o propõe, momentos de tensão que entram ou saem de plano num estalar de dedos. A atmosfera, pelo contrário, mantém-se invariavelmente sufocante, espessa e intransponível: se a capa do álbum não o torna imediatamente claro, que o tornem as dez brutas faixas que estão no âmago de toda a experiência. - JG



 

 

Boy-Harsher-CarefulDuster - Together (Numero Group)


Nascidos do coração dos 90s, os Duster cativaram (com delay) um reconhecimento de culto pela singularidade do seu estilo cru e humanizado dentro do shoegaze, slowcore e sadcore indie. O tom expressamente depressivo e solitário contextualiza-se nesta visão meditativa que sempre infiltrou tematicamente as composições da banda e que oferece a esta uma estabilidade estilística. Together não peca pela falta da marca de melancolia sombria poetizada e aérea, e também não sabe a repetição. A ternura das melodias dos vocais ofegantes, envoltas – por vezes encharcadas – de eco e reverb, arrasta-se pelas letras e impõe-nos um estado espectral genuinamente cativante. Os vocais ganham aqui uma centralidade que não receberam em composições anteriores, onde os murmúrios inteligíveis das letras se enterraram no instrumental e a ação das cordas se assinala nos acordes gentis e riffs sónicos distorcidos que penetram uma atmosfera de inquietação contemplativa. O sintetizador desenvolve a sua presença ao longo do disco, sustentando o ritmo com um magnetismo tétrico que vem perpetuar aquela já conhecida sensação de espaço. Resulta isto no selo sonoro de Duster, enquanto dão alguns passos fora da zona de conforto. Duster têm vindo a mostrar não serem uma banda preocupada com a reinvenção da roda, inclinando-se mais para um experimentalismo que preserva a familiaridade instantânea do seu som. Neste exercício, Together conserva aquilo que mais cativa em Duster: um esconderijo musical dos conflitos da vida humana que passa pela interação com os sentimentos que estas perturbações despertam. - BF



 

 

Candlemass-The-Door-To-DoomKae Tempest - The Line Is a Curve (Fiction)


Uma pequena pesquisa no Google descreve Kae Tempest como “poeta” – e essa é capaz de ser a palavra que melhor engloba tudo o que é ser Kae Tempest. Depois de três álbuns em que foram exploradas as emoções e conflitos do passado, This Line Is a Curve surge pela necessidade de lidar com o presente e com o que é viver numa Londres contemporânea. Sempre acompanhados de beats e melodias eletrónicas, estes trabalhos de spoken word mostram uma capacidade incessante de contar histórias detalhadas. Para si, este foi um exercício contra a sua ansiedade e baixa autoestima, o que os levou a procurar mais colaborações. “I Saw Light” tem a presença de Grian Chateei, de Fontaines D.C., e “More Pressure” conta com Kevin Abstract (ex-BROCKHAMPTON). Além disso, a cantora de folk/soul Lianne La Havas e a voz única do londrino Confucius MC entraram também neste disco. Depois de libertar a sua verdade, Kae Tempest deixa para trás qualquer dúvida sobre a sua grandeza lírica e mostra-se com uma sensibilidade extra para chegar ainda mais fundo ao que dói e ao que nos torna humanos. Este novo álbum destaca-se por ser mais otimista do que os trabalhos anteriores de Kae, que abordaram injustiças com uma dureza crua. O início deste disco tem faixas sobre isolamento, mas acabam por chegar músicas com um sentimento de inclusão, amor e pertença, com a última “Grace”, a ouvirem-se as melodias da música de início, recomeçando novamente este ciclo de autoaceitação. - CN



 

 

Dream-Theater-Distance-Over-TimePusha T - It’s Almost Dry (G.O.O.D. Music/Def Jam)


Terrence Thornton já ultrapassou toda e qualquer fórmula de sucesso no que toca a balanços, pesos e medidas para conseguir grandes discos atrás de grandes discos. Além da paciência e de saber temporizar os seus contributos, Pusha T caligrafa as suas obras como grandes doses de droga a serem distribuídas por cartéis mundo afora. E não sendo por pura coincidência o rapper americano tanto explorar a sua persona da cocaína como imagem de marca, também a sua música é um produto final sem paralelos. Desde o King Push ao Daytona até a este It’s Almost Dry, a qualidade de Pusha é invariável. Seja pela produção, rica em samples de instrumentação latina e arejada em melodias abertas, quer pela lírica simples, mas robusta, de Terrence, não há uma única faixa que não tenha sucesso naquilo que procura. Baleadas as batidas das primeiras “Brambelton” e “Let the Smokers Shine the Coupes” e entende-se a postura que se mantém fiel aos seus próximos, e hostil aos que não o confiam. Ouvem-se cordas brilhantes na sorridente “Dreamin’ of the Past” e tambores de Los Angeles em “Just So You Remember”, enquanto “Diet Coke” relembra que o preço não é o mesmo que o valor e há coisas que o dinheiro não paga. O mesmo pode, e deve, ser dito do génio deste brilhante senhor. - JMA



 

 

Fange-PunirSoul Glo - Diaspora Problems (Epitaph)


Diaspora Problems tem muita coisa a dizer e em tempo finito. Sejam comentários incisivos às circunstâncias socioculturais, reflexões sobre as limitações ou expectativas que esta impõe sobre o indivíduo, ou críticas à opressão de minorias – entre milhentas outras temáticas que nos abalroam durante toda a experiência –, nunca se comprometem as qualidades imperativas do que é asserido. É fácil perdermo-nos no seguimento impetuoso e na passada implacável que apreende os sentidos pela sua variedade de ideias e dinâmicas incorporadas no hardcore punk dos Soul Glo. Porém, é na semântica da voz irritadiça e incessante do vocalista Pierce Jordan, que parece estar numa corrida constante contra a instrumentação, onde encontramos a mais fenomenal das performances. Requer-se uma atenção indivisa para que se entenda a concentração maciça de conteúdo que é metralhada, assim como os modos informais, mas extremamente bem-sucedidos, em que o trio conecta tonalidades díspares como se nada fosse. O melhor até será mesmo ouvir e reouvir o disco, uma, duas, três vezes, as que forem necessárias para que tudo se assimile no consciente. Não se preocupem, é tempo bem passado – palavra dos Soul Glo. - JG



Artigo escrito por: Beatriz Fontes (BF), Catarina Nascimento (CN), João “Mislow” Almeida (JMA) e José Garcia (JG).
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