Arca - Arca

Não é de estranhar que Arca tenha aguardado dois álbuns antes de lançar um trabalho seu que batizasse homonimamente. A espera por uma identidade verdadeiramente sua valeu a pena e o papel de Björk nesta realização, para além de notório, é determinante. Encontra literalmente a sua voz e transforma-se numa interpretação viva sacro-profana, aliando o obscuro da sua realidade com a sua já conhecida mestria e visão única nos campos da eletrónica.
Bell Witch - Mirror Reaper

Para entender o verdadeiro impacto de Mirror Reaper, é importante ficar a conhecer o contexto de toda a sua história. Para quem não está a par, faz cerca de um ano e meio que o antigo baterista da banda, Adrian Guerra, faleceu aos 35 anos. Coincidentemente, o álbum só começou a ser produzido após a saída de Adrian (antes do seu falecimento) com Jesse Shreibman a liderar os ritmos. Após a morte, a escrita do álbum ganhou uma dimensão cujo fulgor se reflete somente como uma homenagem mais do que digna à vida e morte do antigo membro. Este álbum, um monólito de 83 minutos de puro Doom em constante reflexão entre secções de pura negridão e os mais calorosos vestígios de luz, é um pêndulo metafórico constante entre a esperança e o desespero. A simplicidade e extensão da sua estrutura abre espaço para muitos outros aspetos que poucas bandas foram capazes de explorar com sucesso até hoje. Tanto nos momentos abrasivos, como nos de grande declive emocional, o álbum nunca passa um segundo sem ser inesquecivelmente esmagador.
Big Thief - Capacity

Tal como acontece em Masterpiece, de 2016, histórias sobre a infância bizarra de Adrianne Lenker voltam a ter foco principal num disco fortemente marcado pelo trauma e a morte mas, desta feita, de uma forma bem mais solta e natural: como Lenker canta na maravilhosa "Great White Shark", "for in the dark there is release". Também solto é o soft rock reminescente dos anos 70 do quarteto de Brooklyn, umas vezes num registo minimalista e sussurrante à la Joni Mitchell ("Pretty Things", "Mary"), outras num registo mais próximo de um folk rock algo dark ("Watering") à boa imagem de nomes como Laura Marling ou Angel Olsen, duas outras heroínas da folk contemporânea e a cuja galeria Adrianne Lenker faz por se juntar com este Capacity. Ainda assim, não há como fugir a "Mythological Beauty": a peça central do álbum tem um pouco de tudo o que define os Big Thief e torna a sua música especial. Desde as mudanças de acordes com tanto de belíssimas como de inesperadas, à vertente autobiográfica da canção de Lenker e à sua métrica imaculada, terminando na produção quente e próxima do ouvido que se mantém constante ao longo do álbum. Capacity é um disco surpreendentemente maduro, franco e poderoso para uma banda tão jovem. Queremos continuar a ver os Big Thief crescer.
Brand New - Science Fiction

Science Fiction é uma espécie de Bar-mitzvá dos Brand New, que consagram aqui a sua maturidade. Uma negra e crescente energia que conjuga e leva o rock alternativo/post hardcore até um outro nível de construção, criando uma experiência melancólica, introspectiva e obrigatória para todos os verdadeiros melómanos. Foram oito anos de criação, remistura sonora dos seus anteriores trabalhos e inspirada contemplação lírica até atingirem este álbum. Com ele atingiram a proeza de dar ao rock um novo fôlego, numa era em que cada vez se ambiciona algo diferente e raramente o tem.
Chelsea Wolfe - Hiss Spun

A voz de Chelsea Wolfe continua a ser algo de outro mundo e o cartão de visita ao seu trabalho. Em 2017 continuamos a assistir à evolução do poderio, alcance e assombro que coloca em cada nota, hipnotizando-nos cada vez mais no seu ambiente sujo e distorcido. A californiana tem sido incansável na construção da sua própria identidade, cada vez mais única, negra e madura.
Code Orange - Forever

Forever não é só um álbum, no sentido convencional da palavra. Diante de nós, temos uma singularidade de força que muito poucas bandas dentro do hardcore conseguem alcançar. Vivendo dias que sobrevivem à saturação do ponto a que o estilo chegou, é de louvar conseguir encontrar mentalidades e ambições que desafiam regras como se não houvesse amanhã. Faixas como “Forever”, “Kill The Creator”, “Bleeding In The Blur” e “The Mud” evidenciam um grupo mais do que confortável em brincar com elementos exteriores às suas influências sem nunca se verem obrigados a recriar as mesmas. Transpiram hardcore e metalcore com uma clara obsessão por aspetos industriais, de eletrónica e noise. Se nos dias de hoje já deixam o impacto que se vê, imaginem isto há 20 anos atrás. Agora nomeados para os Grammy's, louvamos a personalidade e atrevimento destes jovens norte-americanos, sem dúvida que é algo que os vai levar longe.
Converge - The Dusk In Us

Jane Doe saiu há 16 anos e fez dos Converge os "arquitectos do metalcore", nas palavras do próprio Jacob Bannon, líder da banda do Massachusetts. Desde aí, nenhum dos discos do catálogo do grupo alcançou o estatuto do seminal disco de 2001, mas todos eles contribuíram para que, hoje, haja poucos a poder reclamar para si uma discografia tão consistente e permanentemente relevante como os Converge. Como principal fator diferenciador em relação a outras bandas do hardcore, à enorme energia punk das guitarras caóticas e de elevado grau técnico de Kurt Ballou, junta-se uma clara atenção à construção lírica da canção por parte de Bannon, bem patentes em duas das peças centrais do disco: a faixa-título e "Thousands Of Miles Between Us" são dois momentos de acalmia introspectiva algo deslocados do restante caos e agressividade permanente do disco mas que se revelam como duas das grandes músicas do ano. The Dusk In Us é mais um disco que atravessa os ouvidos sem parecer ter levado consigo o tempo. Menos cru e sujo do que a maior parte dos restantes registos da banda, mas igualmente energético e desconcertante, este álbum volta a colocar os Converge no topo dos destaques obrigatórios do ano.
Elder – Reflections of a Floating World

Diretamente de Boston é-nos apresentado o incontornável Reflections of a Floating World, mais recente esforço criativo de Elder. Peguemos em nomes da ribalta como Black Sabbath, Sleep ou Electric Wizard, trituremos, misturemos plenamente, e temos pronta a base à qual se irá acrescenta o bom gosto, um toque progressivo, a proficiência instrumental e a profundidade; et voilá, eis o magnífico e imponente som dos Elder. Contando com seis temas a rondar os 10 minutos cada, o álbum é uma viagem de cores e reflexos à qual não vale a pena individualizar faixas sob risco de desviar atenções do todo. Vozes vindas lá do fundo da mistura, harmonia que preenche e envolve, o trabalho é imersivo e deixa qualquer ouvinte a flutuar pelo maravilhoso mundo das malhas bem feitas e da narrativa sonora de requinte.
Fleet Foxes - Crack-Up

O muito aguardado regresso aos discos dos Fleet Foxes, seis anos depois, trouxe-nos tudo menos as harmonias pastorais do homónimo de 2008 ou os poderosos hinos folk de 2011. Desta feita, à lírica existencialista e introspectiva de Robin Pecknold, juntou-se um intrincado e complexo jogo de guitarras e pianos de melodias agridoces que culmina no disco menos orelhudo da carreira, mas certamente o mais sumarento. Os poucos momentos pop do disco, como a "Fool's Errand", destacam-se de um disco maioritariamente repleto de solilóquios do songwriter da banda ("I Am All That I Need", "If You Need To, Keep Time On Me") e no qual o ouvinte é constantemente tomado pelos twists súbitos com que cada canção nos surpreende.
Full Of Hell - Trumpeting Ecstasy

A relação entre Full Of Hell e a editora canadiana Profound Lore é uma que tem colhido os frutos mais interessantes da carreira do grupo. Com uma discografia que se estende com colaborações, splits, EP’s e dois álbuns por inteiro, é difícil estampar a palavra “previsíveis” na banda. Cada álbum é um passo à frente para esticar a corda e castigar os limites humanos do metal extremo. Tendo já experimentado com todos os estilos, desde powerviolence, grind, noise, drone e hardcore punk, a banda abraça agora uma veia de deathgrind que parece colocar o grupo num pedestal cada vez mais digno do seu esforço. Trumpeting Ecstasy é feio. Nem uma mãe é capaz de gostar de uma cara destas. Blast-beats em ciclos de torcedura constante, abreviam a dissonância desumana das guitarras e vocais demoníacos. A simplicidade é o mínimo das preocupações quando já nada a banda faz para facilitar o ouvinte. É caso para dizer que este álbum não dá abébias.
Grave Pleasures - Motherblood

Lembram-se do icónico Climax dos Beastmilk? Fast-forward: anos depois, agora a ultrapassar o fraco retorno, como Grave Pleasures, a banda consegue finalmente marcar um regresso à forma em grande estilo. Com este Motherblood, os finlandeses aprofundam as suas tendências entre o post-punk e o deathrock à antiga, com cintilantes progressões perante uma produção radio-friendly e mais do que exploratória do apocalipse. Entre as linhas tão bem conseguidas das guitarras e os refrões que ficam sempre no ouvido, não há motivos para ignorar a legítima atenção que este registo merece. Deixem malhas como “Doomsday Rainbows”, “Be My Hiroshima”, “Joy Through Death”, “Falling For An Atom Bomb” e “Atomic Christ” celebrarem as pequenas coisas que nos fazem sentir tão vivos perante a morte.
Kendrick Lamar - DAMN.

A expectativa era altíssima mas Kendrick voltou a cumprir. Depois do autobiográfico good kid, m.a.a.d city e do reivindicativo To Pimp A Butterfly, dois discos geracionais, chega a vez de DAMN. nos atualizar sobre a visão permanentemente crítica do rapper sobre a América de Trump, da desigualdade, da violência policial. Tudo isto de uma forma em que o conflito universal é novamente exposto nas entrelinhas do conflito interior de Kendrick: quer seja nalgumas das suas linhas mais confessionais em "Fear" ou "Duckworth" ("It was always me versus the world / Until I found it's me versus me"), em bangers exuberantes como "Loyalty", em cânticos de guerra como "DNA" ou em disparos de braggadocio emancipativo como "Humble". Não há como ficar desapontado com mais um disco eximiamente produzido e tão sumarento de King Kenny. A certa altura do disco, "Fear of losing creativity" é o suspiro de Kendrick Lamar. Resta-nos suspirar com ele.
Laurel Halo - Dust

Colagens de som, ritmos exóticos e tribais, sons do quotidiano pedidos emprestados a Holly Herndon, samples de free jazz, sintetizadores aparentemente datados e um sem-n˙mero de experimentaÁıes vocais: a electrónica de Laurel Halo é verdadeiramente inovadora e futurista, ainda que difícil de entender a princípio, soando totalmente surreal e abstrata. Ainda assim, e por incrível que pareça, é completamente irresistível. Permanentemente experimental e imprevisível, Dust combina o melhor da instrução quase académica da compositora baseada em Berlim (where else?) e das suas aventuras já conhecidas pelo free jazz com um acuradíssimo sentido pop. Oito anos depois do primeiro EP, Laurel Halo continua igual a si própria. Isto é, igual a mais ninguém.
LCD Soundsystem - American Dream

Desde 2005 que se têm vindo a afirmar como uma autêntica instituição, graças à dance-punk tão nova-iorquina de James Murphy que se estende facilmente das pistas de dança aos hinos de estádio. Sete anos depois de This Is Happening e de um anúncio de separação, os LCD Soundsystem estão de volta. E com mais do mesmo, pois claro. "Call The Police", "American Dream" e "Tonite" são apenas alguns dos pontos altos de um disco que soa, acima de tudo, a uma homenagem de Murphy aos seus heróis: reminiscências de Bowie, Talking Heads e todos os outros grandes nomes da New Wave juntam-se ao caldeirão de batidas e crescendos que pauta a música dos LCD Soundsystem há mais de dez anos e que a torna sempre irresistível. Esqueçam os concertos de despedida no Madison Square Garden, os cameos em forma de canção de Natal, as últimas canções da carreira: eles estão de volta e é para ficar.
Mastodon – Emperor of Sand

O mastodonte acordou novamente, iniciando 2017 com uma longa travessia pelo deserto. Emperor of Sand, sétimo álbum de estúdio do quarteto de Atlanta, produzido em parceria com Brendan O’Brien (sim, o do Crack the Skye, esse mesmo!), é conceptual e versa sobre a vida e a morte, em particular sobre o cancro e os golpes devastadores dados pela doença. Instrumentalmente incríveis, com solos vindos do outro mundo e as malhas do costume, vocalmente irrepreensíveis e a afinar cada vez mais a partilha dos deveres líricos entre todos. O trabalho inclui títulos que vão desde o mais pesado (“Andromeda” e “Scorpion Breath”) ao rock mais galhofeiro da banda (“Show Yourself”), e culmina com a épica “Jaguar God”, demonstrando que mantêm a qualidade a que nos têm habituado.
Mount Eerie - A Crow Looked At Me

"Death is real / Someone's there and then they're not / And it's not for singing about / It's not for making into art / When real death enters the house, all poetry is dumb". São estas as primeiras palavras de A Crow Looked At Me, que nos tomam de assalto como uma espada afiada sobre os nossos ouvidos. Phil Elverum, um dos mais respeitados nomes da folk das últimas décadas depois do seu trabalho a solo e com The Microphones, gravou algumas canções como poslúdio da morte de Geneviève Castrée, a sua mulher falecida no verão de 2016. O resultado é este álbum desconfortavelmente sombrio e solitário, um conjunto de canções minimalistas e fúnebres, cujas palavras qualquer crítica ou análise só podem soar curtas. Um dos grandes discos já feitos sobre a morte e um dos mais memoráveis do ano. Intemporal, para ouvir e chorar.
Perfume Genius - No Shape

Se a exuberância fosse algo palpável, seria este No Shape de Perfume Genius. Aqui, Mike Hadreas atinge o seu apogeu enquanto músico e compositor, e possivelmente como pessoa. A ousadia sonora mantém-se, mas desenvolve-se seguindo uma identidade constante de harmonia, enquanto que as experiências líricas são mais pessoais e apaixonantes. Nunca algo tão exótico soou tão caseiro e aconchegante.
Primitive Man - Caustic

Aqui está um álbum que não obteve tanta atenção quanto achamos digno. Dizemos isto porque este registo alcança o título de “álbum mais pesado de 2017” sem gaguejar um bocado. Caustic é digno da palavra “experiência”. É impiedoso, castigador e muito físico. Os recorrentes impactos golpeiam-se sempre em simultâneo entre as guitarras absurdamente sufocantes e os uivos guturais de Ethan McCarthy. A lentidão da bateria só ajuda a densificar o cimento bruto no som de Primitive Man. Apesar de não ser algo que a banda não o tenha já feito no passado, Caustic é sem dúvida a martelada de concreto que o Sludge está a precisar e, mesmo que seja abrasivo para caraças, é refrescante ver uma a banda a empurrar os limites do som, como se nada fosse.
Radio Moscow – New Beginnings

New Beginnings marca o regresso do trio psicadélico Radio Moscow. E que início! O disco começa com a força toda: “New Beginning” faz o chão borbulhar e distorce o cosmos à volta, entre gritos de guitarra e taroladas pesadas. Todo o blues, todo o hard-rock, toda a dança e todo o groove; tudo isto guiado pela voz assombrosa de Parker Griggs, ressuscitada diretamente de finais da década de 70, suportada por linhas de baixo crocantes, choros de bebé guitarrísticos e uma irrequieta percussão. E é psicadélico, e acelera, e mói e não cansa nunca. Destaque para “Pacing”, uma autêntica show-stopper, e “Drifting”, com um riff de tal modo delicioso que, corre o boato, até Jimi Hendrix se levantou da cova para lhe tomar o gosto.
Royal Blood - How Did We Get So Dark?

Ascensão meteórica: é o melhor termo para descrever os Royal Blood e a sua mais recente produção. Para quem não os conhece poderá ser surpreendente a descoberta de que são apenas dois os elementos responsáveis por tamanha coesão e poder sonoro. O duo de Brighton multiplexa baixo e bateria, levando o instrumental a muito mais do que se poderia desejar à partida, com riffs de colar os ouvidos aos altifalantes e uma desenvoltura vocal ao nível dos maiores. Destaque para “How Did We Get So Dark?”, tema introdutório do álbum, “Lights Out” e “Hook, Line & Sinker”, faixas do mais elevado calibre rocknrollesco. Royal Blood: a pergunta não é como ficaram tão escuros, mas sim “How Did You Get So Good?”.
Sampha - Process

Não foi por o termos visto este ano ao vivo no NOS Primavera Sound que este álbum se encontra aqui. Mesmo sendo apenas uma estreia em nome próprio e com um registo que pouco ultrapassa os 40 minutos, não deixamos de ter a sensação que no caso de Sampha, menos quer dizer mais. O seu estilo minimalista e muito incidente na nostalgia, deixa-o explorar as mais ressonantes melodias dentro de estruturas algo simplificadas. Isto permite ao producer britânico manusear as melodias e o seu timbre como um instrumento de fundo. Tanto “100º C”, como “Blood On Me”, “No One Knows Me Like The Piano” e até mesmo “Under” mostram a versatilidade de Sampha num espectro largo de neo-soul e r’n’b que poucos prodígios alcançam. Tomando em conta que Process está longe de ser um concept album, aguardam-se grandes coisas para o londrino.
Sharon Jones & The Dap Kings - Soul of a Woman

O primeiro álbum póstumo da artista que nos deixou em finais do ano passado ocupa nesta lista um sabor agri-doce. O lamentar da sua morte vai crescendo ao longo da audição deste Soul of a Woman de Sharon Jones & The Dap Kings, algo que se faz acompanhar lado a lado com o deleite em perceber que este furacão do soul estava cada vez melhor. O cuidado colocado na produção faz com que este seja uma digníssima e justa homenagem a uma mulher que se aprimorava constantemente, fruto de uma tremenda entrega, trabalho e devoção ao que fazia. É já depois de morta que conhecemos, como este álbum, o seu lado mais poderoso, cativante e vivido.
Ulver - The Assassination of Julius Caesar

A surpresa do ano chegou-nos da Noruega, deixando todos os amantes de metal completamente atarantados com o sucedido. Os Ulver há muito que demonstravam o seu interesse em enveredar por sonoridades mais expansivas e ecléticas, mas nunca nunca tão aproximados desta realidade, e muito menos desta qualidade. Em The Assassination of Julius Caeser abraçam sonhos, ou melhor, pesadelos pop à boa maneira dos Depeche Mode no início da década de 90. Sem dúvida um dos álbuns do ano e uma das melhores viragens musicais que há memória.
Vince Staples - Big Fish Theory

Vince Staples é um aventureiro no que toca a criação musical. Explora novos sons mantendo sempre a sua postura algo niilista em relação à cena atual da música. Big Fish Theory é uma produção experimental, mas rígida no que pretende atingir, colocando o hip-hop no lugar distópico que realmente ocupa. Trata-se de um manifesto em forma de história pessoal, que afirma o género como uma arte, e Vince Staples como um dos seus grandes mestres.
While She Sleeps - You Are We

You Are We, o terceiro álbum dos britânicos While She Sleeps, é mais uma prova do constante amadurecimento musical do quinteto de Sheffield. Apostando numa fórmula enraizada no metalcore mas que vai beber a estilos como o post-hardcore e mesmo ao nu-metal, criam potentes e emotivas composições onde a agressividade e a melodia andam de mãos dadas e onde os berros e as vozes limpas proporcionam uma refrescante diversidade sonora. Acima de tudo, conseguem apresentar músicas orelhudas e coesas sem, no entanto, abandonarem completamente um saudável – mas nunca exagerado – virtuosismo instrumental, assim como a garra que sempre os caracterizou. Com You Are We os While She Sleeps assinam o melhor disco da sua carreira até agora. O futuro, acreditamos, é bastante promissor.