Arbouretum - Let It All In (Thrill Jockey)
Chegou a primavera e com ela veio um dos álbuns por mim mais aguardados de 2020. Da cidade portuária de Baltimore (Maryland, EUA) é suspirado e disseminado o agradável aroma sonoro de Arbouretum com o lançamento integral do seu novo e seráfico álbum intitulado Let It All In. Oxigenado e embalado por um sublimado, místico, melódico e refinado folk – em constante ricochete entre o indie folk e o folk rock – de mãos dadas com um radioso, diáfano, açucarado e carinhoso psychedelic rock de raiz revivalista e uma quente e oceânica ambiência West Coast, esta estupenda obra raciocinada e lapidada pelo fascinante quarteto norte-americano vive da sensibilidade, do detalhe e primor. A sua sedosa, apaladada, desanuviada e melodiosa sonoridade – aureolada e encerada por um jubiloso esplendor de clima primaveril e uma ensolarada atmosfera campesina – tem o dom de nos sedar o olhar, rebaixar as pálpebras a meia-haste, desenhar um inextinguível sorriso no rosto, corar as bochechas, purificando e extasiando a alma sedenta de algo assim. - NT
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Big Cheese - Punishment Park (Triple B/Quality Control HQ)
Formados por membros de bandas como Higher Power, Rapture ou Blind Authority e ex-elementos de grupos como Violent Reaction ou Shrapnel, estes Big Cheese são um soberbo furacão de punk/hardcore na onda de mestres incontornáveis como Agnostic Front ou CRO-MAGS, havendo ainda espaço, no meio disso tudo, para a rebeldia rockeira de uns Motörhead. Irresistível? Nós também achamos. Guitarras ferozes e barulhentas, bateria enérgica e vozes frenéticas e irreverentes formam a base de Punishment Park, uma valente dose de porrada sonora selvagem e divertida que sabe mesmo bem ouvir. Basicamente o que aqui temos é um disco direto, totalmente in your face e carregado de pura paixão, que nos contagia com a injeção de vitalidade que tão gentilmente oferece ao género e que nos faz sonhar com a descarga de poder e loucura que uma atuação desta malta seguramente proporcionará. Aprovadíssimo! - JA
Chief - Chief
Da boémia e airosa cidade de São Francisco (estado da Califórnia) chega-nos o tão ansiado primeiro registo de estúdio apresentado pelo entusiástico power trio Chief. Este seu curto trabalho de designação homónima e alma vintage prende um elegante, libidinoso, odoroso e serpenteante heavy blues de oxidação revivalista chamejado, mordido e matizado por um fogoso, expressivo, intoxicante e revoltoso heavy psych lavrado e desdobrado à tão típica moda californiana. A sua sonoridade intensamente provocante, virtuosa, vistosa e embriagante – que se desenvolve de uma sedutora majestosidade brilhantemente destilada por uns lendários britânicos Cream à selvática efervescência vivamente detonada pelos seus ruidosos vizinhos JOY – tem o atrevimento de nos sobreaquecer o motor cardíaco e baralhar os sentidos com uma caleidoscópica adrenalina. - NT
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Code Orange - Underneath (Roadrunner)
Underneath, o antecipado novo disco dos Code Orange, é uma obra absolutamente avassaladora: experimental e desafiante sem prescindir de uma agressividade quase inumana, visceral mesmo nos momentos mais melódicos e ambiciosa no modo como explora os limites da música pesada, deixa-nos emocionalmente exaustos quando chega ao fim. Aí, nesse momento, não sabemos bem o que nos atingiu, só sabemos que temos de voltar a repetir a experiência – a catarse torna-se um vício, mergulhamos em atmosferas sufocantes para nos libertarmos da nossa própria angústia. Negro e caótico, Underneath acaba também por refletir a amarga incerteza desta época sombria, parecendo ter nascido não para ver a luz do dia, mas para se alimentar da escuridão da realidade atual. Há hardcore, metal, eletrónica, alguma melodia e, acima de tudo, uma banda a provar que é uma das melhores, mais marcantes e mais inventivas da sua geração. - JA
Daniel Avery & Alessandro Cortini - Illusion of Time (Phantasy Sound/Mute)
Illusion of Time deve chamar a nossa atenção sobretudo por estarmos a falar da colaboração entre Daniel Avery e Alessandro Cortini, que por si só só faz sentido porque aconteceu, bem como pelo facto deste disco não ser o que se esperaria dele se tivéssemos de adivinhar o resultado desta união. Tendo em conta as carreiras de ambos, estes nomes tendem a descolorar no contexto dos projetos em que se encontram, significando isso que em Illusion of Time conseguimos ver um outro ângulo das habilidades de composição destes artistas e a capacidade de se torcerem a favor de diferentes velocidades e ambientes emocionais. No seu todo, é um disco imperturbável, estratificado por melodias e ritmos delicados e puros. Certas faixas atroadoras a quebrar o padrão ao escurecerem a fauna do álbum, o que torna este disco ainda mais ativamente efusivo para com a sensibilidade e a experiência humana. É comunicativo sem usar a melancolia como bengala, e fará sentido em cada momento agridoce da nossa vida. - BF
Dopelord – Sign of the Devil (Green Plague)
A par dos seus antecessores, este novo trabalho da já consagrada formação sediada na cidade-capital de Varsóvia escuda-se num monolítico, luciférico, esotérico e fumarento stoner-doom de vigorosa, negra, cerimoniosa e embriagada bafagem Black Sabbathica e Electric Wizardiana, que prontamente nos captura e converte em seus devotos discípulos. A sua sonoridade intensamente poderosa, intrigante, dominante e rumorosa – untada em THC – amortalha e enterra o ouvinte numa profunda e febril narcose que o canaliza e eteriza do primeiro ao derradeiro tema. De cabeça pesada e detidamente baloiçada de ombro em ombro, pálpebras pesadas e desmaiadas, e narinas amplamente dilatadas, somos tentados e convidados a ingressar num impactante, nebuloso, umbroso e aliciante ritual de turíbulos dançantes e fumegantes, e chocantes e extravagantes sacrifícios inteiramente dedicados ao lado eclipsado da religião. - NT
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Eye Flys – Tub of Lard (Thrill Jockey)
Com membros de Full Of Hell, Triac e Backslider, Eye Flys surge como uma das mais jovens e refrescantes caras do noise rock atual. O primeiro EP da banda, Context, já havia demonstrado sintomas que algo de brilhante estaria para vir, e Tub of Lard – primeiro LP do grupo em estreia pela Thrill Jockey – só veio atestar as previsões. Com cerca de 25 minutos de reprodução, o disco declara-se desavergonhadamente nojento e repugnante. Com uma produção bem elevada pela compressão das guitarras e baterias, o assalto só é reforçado com as transições entre o groove e o puro e simplesmente indecente. Como uma banheira de suor encardido nas paredes da porcelana, Eye Flys mostram-se peritos no acumular de riffs espessos e bem designados. “Extraterrestrial Memorandum” por si só devia bastar para desenhar a figura geral do disco, que é bizarra, vil e imunda. - JMA
Flynotes – The Goddess of Sunrise (Hærverk Industrier)
Não foi desta que largaram o padrão de lançamentos a cada dois anos, e depois de Child in the Woods em 2018, chega-nos o terceiro LP, em toda a glória spaced out, do stoner, do doom, e com a massa bruta das suas capacidades experimentais em esteróides. As correntes de estímulo são palpáveis em todas as frentes, com “When Alcohol Ran Out” a abrir com guitarras a roçar o western e as cortinas flutuantes de um teremim. The Goddess of Sunrise é persistente na sua vontade de nos prender com pormenores, como o som de um helicóptero que encontramos em “Aurora”, as brincalhonas notas ao lado em “Kaleidoscope” ou a inclinação para o orientalismo na mesma música, formando uma disposição mística da condenação, numa espécie de primeiro sintoma da desordem. Impressiona ainda mais com uma exposição da mestria de Flynotes para as mudanças no instrumental e no tempo, tão súbitas como bem calculadas. O tom e a emoção do álbum mudam rápida e frequentemente, mas a bobina vai-se trocando sem cortes e sem perdas de sentido. - BF
Heavy Trip - Heavy Trip
Da cidade canadiana de Vancouver chega-nos a gloriosa estreia do excitante power trio Heavy Trip com este sensacional álbum que conjuga a afrodisíaca extravagância de Jimi Hendrix com a altiva obscuridade de Black Sabbath. Lavrado por um provocante, fogoso, revoltoso e delirante heavy psych de elevada toxicidade que se esperneia e enlameia num pantanoso, intrigante, luciférico e poderoso proto-doom de essência ritualística, Heavy Trip é gravitado e capitaneado por magnetizantes, ácidas, esponjosas e impactantes jams – de natureza exclusivamente instrumental – que facilmente nos abafam a lucidez e inundam de uma febril e euforizante embriaguez. Deixem-se impulsionar e fulminar à enlouquecedora e libertadora boleia de Heavy Trip, e experienciem toda a dominante opulência de um dos mais sérios e acreditados candidatos ao tão ambicionado título de álbum do ano. - NT
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Hilary Woods - Birthmarks (Sacred Bones)
A própria descreve o recém-lançado álbum como um trabalho de “intensidade e intuição”, gravado no inverno de 2019 durante o final da sua gravidez. Talvez por isso haja um sentimento tão nu, tão visceralmente verdadeiro. Birthmarks parece ser a exploração da identidade mutável da artista, profundamente ligada à ideia da maternidade. “Cleansing Ritual”, “The Mouth”, “Through the Dark, Love”, apesar de imprimirem diferentes texturas, têm em si a imagem de punhos cerrados e suor nas têmporas. Do noise à modelação de ambientes, há momentos em que parece aproximar-se da eletrónica ambiental de Apparat e outros em que imprime uma estética de dark blues. Birthmarks não é um álbum para se ouvir com ligeireza. - ZM
Human Impact - Human Impact (Ipecac)
Falemos francamente. Quem não sente um vagaroso vazio ao entender o real e literal término de Unsane? Alegrem-se, no entanto, pois a partir das cinzas dos Unsane nasce uma das grandes lufadas de ar fresco deste ano: Human Impact. Mesmo promulgando elementos de punk rock e noise rock, o projeto que une membros de Swans, Cop Shoot Cop com Chris de Unsane recria-se numa invariável fluidez de composição. Com uma postura bem mais resguardada e baseada na tensão, onde letras avassaladoras nos espetam na cara a dura realidade dos nossos dias, se rodeiam numa atmosfera tragicamente industrial. Desde a abertura “November”, a “Protester”, “Respirator” e por aí fora, perde-se conta aos imensos triunfos que se encravam e fazem questão de ficar. - JMA
Malokarpatan - Krupinské Ohne (Invictus Productions)
Dos mais sombrios bosques eslovacos chegam-nos doses massivas de folclore e misticismo. Revestido pelo seu contexto histórico e inspirado por nomes como Bathory, Venom e Master’s Hammer, este quinteto apresenta uma interessante mescla de heavy e black metal, com tanto de tradicional como de progressivo. Passagens saídas de filmes de terror dos anos 70 e interlúdios acústicos combinam-se com o tom destemido das guitarras e uma percussão groovy, criando a original dinâmica de tempos apresentada em cada tema e transição. Criatividade, multi-instrumentalização e solos acompanham uma narrativa sombria e coesa, entoada por uma voz épica. Contos de bruxas e alquimia que se escutarão através dos tempos. - AT
Mamaleek - Come and See (The Flenser)
Para ouvidos mais eruditos, Mamaleek deve ser ouro sobre azul. Para menos eruditos, como os meus, é uma bizarrada. Uma excelente bizarrada. Na intersecção entre black metal, jazz e blues, Come and See é, segundo os próprios, uma exploração do sentimento de pertença e uma análise dos espaços que ocupamos, indo colher inspiração aos projectos de habitação numa Chicago do pós-guerra. “Elsewhere”, em particular, é uma faixa incómoda, pela dissonância entre a voz gritada e a limpeza da melodia, mas que concretiza aquela que é a sensação que Mamaleek tenta imprimir no decorrer do álbum. Tem o tormento, e a escassez, e a miséria, e a violência. Este terceiro trabalho de Mamaleek na The Flenser não é um trabalho fácil de explicar. Nem sequer de sentir. - ZM
Moaning – Uneasy Laughter (Sub Pop)
Longe vão os tempos em que os Moaning construíam colossais camadas de noise a partir do ruído emotivo de uns My Bloody Valentine: ao segundo disco editado pela Sub Pop, o grupo californiano assume-se sem medo como uma banda de post-punk, abraçando a melodia e as mais cativantes estruturas pop (sobretudo a nível vocal) sem nunca abandonar a faceta introspetiva que sempre o caracterizou. O resultado? Canções poderosas feitas de emoções cruas e genuínas – um despir da alma para nada esconder e tudo confrontar –, que ora se revestem de linhas de baixo imponentes que nos fazem pensar no legado dos The Cure, ora se deixam colorir por sintetizadores luminosos que ocasionalmente piscam o olho a New Order ou a Kraftwerk. Tudo soa mágico e encantador, como se fosse um sonho em formato de música, uma viagem em que nos perdemos na beleza contemplativa destes sons até sentirmos que é tempo de voltar ao mundo real. - JA
Myrkur – Folkesange (Relapse)
Em tempos de quarentena, nenhum álbum untará a alma como o novo de Myrkur. Em Folkesange, o projeto musical de Amalie Bruun explora as raízes do folk escandinavo de uma forma profundamente genuína e aconchegante. O trabalho escrupuloso de navegar na tradição traduz-se num convite auditivo a uma viagem imersiva pela calmaria negra, pura e mística de outros tempos, onde a pureza da voz e a magicalidade dos instrumentos são o único conforto pretendido. Folkesange é uma abrupta viragem do que conhecemos de Myrkur, mas apenas nos soa como um voto de confiança, um convite, a conhecermos as raízes de Amalie Brunn. - JR
Porridge Radio – Every Bad (Secretly Canadian)
Os Porridge Radio, mais um belo produto da emergente cena post-punk do Reino Unido nesta era pós-Brexit, podem até não inovar, mas isso não interessa quando nos apercebemos que Every Bad é o disco de rock que precisávamos em 2020 para esboçar um sorriso e acreditar no amanhã. Um álbum que nos delicia com um fabuloso conjunto de canções onde a doçura de melodias sonhadoras e a emotiva explosão de guitarras nervosas batalham sem claro vencedor, onde potenciais futuros clássicos do rock alternativo sucedem-se uns aos outros, e onde a carismática vocalista/guitarrista Dana Margolin nos conquista com uma performance apaixonadíssima e incrivelmente expressiva, em certas alturas a recordar PJ Harvey sem deixar de soar a si própria. Um dos discos do ano de uma das bandas do momento. - JA
Pretty Lightning - Jangle Bowls (Fuzz Club)
O atraente power duo germânico Pretty Lightning está de regresso com o lançamento do seu novo e quarto trabalho de longa duração Jangle Bowls. Repetindo a bem-sucedida receita sonora já posta em prática nos seus antecessores, Jangle Bowls presenteia, captura e prazenteia o ouvinte com um electrizante, místico, carismático e aliciante blues rock fervido e chamejado pelo urticante efeito fuzz – que tanto se metamorfoseia num dançante, acalorado, transpirado e empolgante garage-blues, como num pantanoso, empoeirado, inebriado e ocioso Delta-blues tricotado à boa e rústica moda de Mississippi – em harmoniosa parceria com um absorvente, hipnótico, imersivo e eloquente drone rock tingido a ofuscante, diamantino e deslumbrante psicadelismo. A sua sonoridade quente, arrebatadora, catalisadora e afagante – de mirífica ambiência Westerniana – remete-nos para um extenso deserto banhado, envelhecido e bronzeado pelo intenso e bafejante resplendor solar, onde cascavéis de guizos chocalhantes movem os seus corpos ondulantes pelas douradas, finas e aveludadas areias das dunas que mareiam toda a vastidão deste árido oceano. - NT
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Satan - Toutes Ces Horreurs (Throatruiner)
Provenientes de Grenoble, em França, aqui retorna um dos mais subvalorizados prodígios da francesa Throatruiner. Satan, que possuem sem dúvida nenhuma um dos piores nomes para pesquisar na internet, são uma banda de black/punk. Podre, avassalador e completamente indiferente às preferências e desgostos do ouvinte. O assalto que o terceiro disco da banda Toutes Ces Horreurs traz é arrepiante. De cara feia e lábio fodido, aqui se acumula uma tonelada de merda: o interminável arrasto de guitarras dissonantes, blast beats e vocais tão dolorosos como gangrenosos. Imaginem Deathspell Omega a tocar punk, uma personalidade de lixo e uma urgência opressiva e ordenante – aqui vos apresento Satan! - JMA
Shabaka and the Ancestors - We Are Sent Here By History (impulse!)
Nos dias de hoje, Shabaka Hutchings já se pronuncia como um dos grandes símbolos do jazz moderno e atual. Sendo reconhecido a nível geral enquanto membro e compositor de projetos como Sons of Kemet e The Comet is Coming, onde a fusão se coloca em primeiro plano, aqui se apresenta com o seu projeto “a solo” (mas não bem) onde o foco ao cru e puro é o espelho direto à alma do compositor. We Are Sent Here By History é o segundo disco de originais do projeto e este testemunha-o num perfeito estado de crescimento, evolução e progresso tântrico. Uma hora de transportação, levitação e reinvenção do estado espiritual caribenho, londrino, africano e acima de tudo humanitário, numa declaração à entrega total de toda a nossa árvore genealógica. Celebratório e cerimonioso, eis um disco que ilumina alturas menos iluminadas. - JMA
Sleepwulf - Sleepwulf (Cursed Tongue)
Herdeiro de velhas e consagradas lendas como Black Sabbath e Pentagram, bem como parente de vultosas bandas contemporâneas como Kadavar, Graveyard, Witchcraft e Dunbarrow, este fascinante quarteto natural da cidade de Kristianstad traz-nos o intrigante negrume pesadamente bafejado por um imperioso, sombreado, fibrado e poderoso proto-doom de vocação setentista, e a vistosa majestosidade espelhada de um esotérico, atraente, influente e luciférico heavy blues de requinte revivalista. A sua sonoridade enfeitiçante, pagã e provocante – de absorvente e contagiosa essência ritualista – tem o raro dom de nos dilatar as pupilas, empalidecer o rosto e enlutar a alma. Uma dominante hipnose – sublimemente tricotada a envolventes, edénicas e comoventes baladas e possantes, monolíticas e incessantes galopadas – que nos magnetiza, canaliza e deslumbra do primeiro ao derradeiro tema. - NT
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Totälickers - Ansietät (Kremón/Absurda Existencia)
Dois anos depois do LP Cemëntiri, que partilha nome com o álbum de 2013, os barceloneses Totälickers lançam Ansiëtat, uma descarga de 15 minutos de energia crua. Reaproximam-se da sonoridade de street d-beater e encontram o ponto de rebuçado entre o d-beat e o street punk. Não sendo um álbum tão violento como Cemëntiri de 2013, em que talvez se aproximem mais do tipo de crust que associamos a nomes com Antisect e Hellbastard, Ansiëtat é prova que desde 2006 os Totälickers continuam a navegar entre as múltiplas sonoridades que conhecemos deste nicho, sem perderem o pé nas suas muito evidentes preocupações políticas e sociais. - ZM
Walk Through Fire – Vår Avgrund (Wolves and Vibrancy)
Se com os anteriores lançamentos Hope is Misery e o disco de reinterpretação da música de Arvo Pärt já se havia suspeitado, agora é que os suecos Walk Through Fire se confirmam como a banda absolutamente mais deprimente que por aí anda. O seu mais recente Vår Avgrund (“o nosso abismo”) exibe em si uma mão cheia de mamutes composicionais que coletivamente se estendem até à uma hora e um quarto de reprodução. Desde “Den Utan Botten” a “Vägar Mot Slutet”, que conta com o saxofone de Malin Wättring, até à massiva e impiedosa “Tragedin” (que se propaga até aos 20 minutos) a moldura é trágica, brumada e incisivamente desencorajante. Consumado por uma arquitetura de funeral doom, todo o sonoro treme com a distorção sludge numa vagarosa e duradoura submissão ao incontornável e fútil fim. - JMA
Artigo escrito por: Andreia Teixeira (AT), Beatriz Fontes (BF), João "Mislow" Almeida (JMA), João Rocha (JR), Jorge Alves (JA), Nuno Teixeira (NT) e Zita Moura (ZM).