
O fim de novembro costuma significar frio, muito frio, chuva e noites passadas à lareira ou ao aquecedor para os menos rústicos. Mas em Barcelos significa também rock, muito rock e o melhor que se faz na música portuguesa. O Cellos Rock é o festival mais antigo de música na cidade do galo e este ano contou com mais uma edição completamente esgotada. Num fim de semana de baixas temperaturas, o ambiente em Barcelos estava a ferver.
Dia 1
A primeira noite de concertos começou, perto das 22h30, com os Oba Loba, que subiram ao palco e deram um concerto contínuo, sem pausas. Os seis músicos em palco deixaram o seus instrumentos “falar” livremente, pois apesar de virem apresentar o álbum homónimo houve muito espaço para o improviso. A “conversa” tanto era uma discussão harmoniosa no seu caos como uma festa cheia de ritmo. O jazz contemporâneo do sexteto liderado por Norberto Lobo e João Lobo primeiro estranha-se e depois entranha-se.
O momento alto da noite foi o concerto do duo colossal Filho da Mãe + Ricardo Martins. Cada um deles é uma espécie de deus no seu instrumento, Rui Carvalho na guitarra eléctrica e Ricardo Martins na bateria, por isso da junção dos dois só podia sair algo de... divinal. A sala de espectáculos aqueceu finalmente e os corpos de quem assistia não conseguiram ficar quietos; resistir ao ritmo contagiante da dupla era inútil.
Coube aos Gala Drop encerrar a primeira noite do festival. A sala estava cheia para ver a apresentação do novo álbum do grupo, II. A panóplia de influências do grupo lisboeta que mistura estilos tão diferentes como dub experimental, música electrónica, ritmos africanos e do Caribe deixou em transe toda a gente na sala. A noite acabou com tudo a dançar e a escorrer suor, num forte contraste com a chuva e o frio que fazia na rua. No fim do concerto havia quem se queixasse que soube a pouco, mas aqueles que queriam mais música tiveram que esperar pelos concertos de sábado.