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A nova vida do Festival Para Gente Sentada

06 de Outubro, 2015 ReportagensJoão Rocha

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Peach Kelli Pop + Vaiapraia @ Damas Bar - Lisboa [8Out2015] Foto-reportagem

She Past Away + Wildnorthe @ Sabotage Club - Lisboa [29Set2015]
IMG_7605_DONE Peixe @ Festival Para Gente Sentada 2015 (Galeria completa)

Durante dez anos, Santa Maria da Feira, foi reconhecida não meramente como a cidade onde se realiza a Feira Medieval, mas também como hospedeiro de um dos festivais de eleição dos melómanos deste país. Por lá passaram nomes como Devendra Banhart (não é assim de estranhar a faixa com o nome da cidade), ou Sufjan Stevens. Quando a mudança do Festival Para Gente Sentada foi anunciada, o burburinho nas redes sociais não tardou a acontecer, e entre subscritores e opositores da mudança, a realidade é que Santa Maria da Feira perdeu para si um grande marco cultural.

Braga é a cidade que passa a lucrar com esta mudança, mudança essa que se traduz também num registo diferente do Festival que é transportado para a cidade. Assim, não é meramente o público do Gente Sentada que passa a ganhar por agora assistir a concertos numa das mais belas salas de espetáculos do país, mas também a população local que passa a ter concertos de acesso gratuito espalhados por alguns locais da cidade. Foi desta forma, que entre dezoito e dezanove de Setembro aconteceu esta nova primeira edição do Festival para Gente Sentada, divido entre o centro da cidade durante a tarde, o Theatro Circo para os grandes nomes do cartaz, e o GNRation, espaço recreativo/cultural de Braga que aqui passa a ser palco do experimentalismo e inovação musical.

Os concertos pela cidade durante o primeiro dia passaram um pouco despercebidos, sendo assistidos por poucas pessoas que não compreendiam bem o que se estava a passar. Por ser a primeira vez, Braga não incorporou logo em si o evento, mas que o aceitou de braços abertos fez-se notar ao segundo dia, onde já se encontravam mais pessoas a verem os concertos (não contabilizando as que passavam apenas), e a interagirem mais com os ritmos que agora se respiravam pelo centro histórico. Quem lá passou assistiu a concertos como o de Serushio, Benjamim (agora sem Walter), o ex-Ornatos Peixe ou os Toulouse, ou Sun Blossoms.

É no entanto no Theatro Circo que acontece o Festival na sua essência, este ano recheado com um cartaz musicalmente eclético. As honras de inauguração couberam a Bruno Pernadas, acompanhado por uma ensemble constituída por uma variedade de instrumentos. Entre cordas, sopro, percussão e teclados, este músico da capital demonstrou bem ser muito mais do que um artista de estúdio com o aclamado How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge. Prova disso foi o desejo geral que o concerto tivesse continuado um pouco mais de tempo, causando desagrado entre o público e a banda. O momento que se seguiu foi muito mais que um mero concerto. A fazer do intimismo o seu vestido, Yasmine Hamdan aproveitou a distância cultural para aproximar o público das suas músicas. Contextualizando-as, interpretou grande parte de “Ya Nass”, que não funcionando tão bem ao vivo, em nada perdeu o encanto, muito devido à delicadeza e paixão da artista libanesa e seus músicos. Continuando a viagem pelo mundo musical, passamos para o country genuíno dos Giant Sand. Com o mais recente Heartbreak Pass na bagagem, encontram-se a celebrar trinta anos de carreira, e com uma formação que enfrentou bastantes mutações, não admira que os concertos nem sempre corram da melhor forma. Não obstante, os anos de experiência fizeram com que Gelb e companhia se sentissem em casa e proporcionassem um bom espectáculo, havendo até tempo para que Brian Lopez pudesse apresentar um dos seus temas.

21433532588_901a7b6eda_h Yasmine Hamdan @ Festival Para Gente Sentada 2015 (Galeria completa)

Assim como aconteceu com os concertos pela cidade, também no Theatro Circo se sentiu um primeiro dia morninho, principalmente comparando-o com o segundo, onde (em grande parte devido ao cartaz) o público já se sentia bem mais interessado em acolher e viver o Festival para Gente Sentada. Coube a B Fachada iniciar o fecho deste renovado festival. Não causando supresa a ninguém, Fachada, é já um dos mais consagrados canto-autores do panorama social. Percorrendo o seu reportório, as histórias trágicas acompanhadas a guitarra e sintetizador, na maior parte das vezes “performam-se” numa linguagem corporal que chega a roçar o pythonesco, e isso só pode agradar.

É também através da performance que Lydia Ainsworth conquista o público bracarense. Sozinha em palco, usando um estranho véu de uma qualquer princesa retirada do imaginário de Frank Herbert, consegue preencher todo o Theatro Circo com a sua música sensorial. Eletrónica subversiva aliada a uma voz adocicada fazem a fórmula que hipnotizou todo um rendido Theatro Circo. Para o fim ficou o nome maior de todo o festival. Desert’s Songs é um marco da década de noventa, e foi maioritariamente com esse álbum que os Mercury Rev construíram o seu concerto. Carismáticos e senhores do palco, não demorou a que certa altura, ao observarmos o público, encontrássemos fileiras completas a marcar o compasso das músicas com o pé a abanar em total sincronia. Claramente grande parte do público que ali se encontrava tinha vindo para ver estes históricos americanos, e, sentindo o carinho do público, não desiludiram as expectativas. Mesmo com a tristeza de não voltarmos a ter um encore, os Mercury Rev conseguiram criar o impacto e sedimentar este novo Gente Sentada nas nossas memórias.

20998983944_acc56e5189_h Lydia Ainsworth @ Festival Para Gente Sentada 2015 (Galeria completa)

Depois do Theatro Circo os mais resistentes tinham direito a continuar a sua viagem pela sonoridade eclética à sua espera no GNRation. Num registo que puxava mais para o pezinho de dança alternativo, houve ainda tempo para as cordas serem rainhas, no primeiro dia ao som do nigeriano Mdou Moctar, e no segundo com Filho da Mãe & Ricardo Martins a serem uma (óptima) extensão dos bons concertos que confortavelmente assistimos sentados.

É certo que o Festival para Gente Sentada procura um novo rumo, e depois desta renovada edição que muita estranheza provocou aquando o seu anúncio, outra certeza com que ficamos é a de que esta mudança de rumo não é uma mudança de identidade. Continuando a ser um altar-mor de quem quer verdadeiramente desfrutar de música, sentimos mais uma vez por parte da Ritmos o carinho de melhorar e oferecer mais ao seu público, sendo esta mudança de paradigma um doce bónus que ninguém pediu, mas que todos agradecemos.

21433740180_addfcc5746_h Filho da Mãe e Ricardo Martins @ Festival Para Gente Sentada 2015 (Galeria completa)
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