Na passada sexta-feira, 14 de fevereiro, muitos foram os automobilistas que ao passarem na Rua Passos Manuel, na lateral do Teatro Municipal Rivoli, estranharam a anormal multidão que se aglomerava por lá. Entre essas pessoas encontrava-se Benjamin John Power, a trocar impressões, receber abraços e elogios, a ser a razão de todo um passeio cheio de pessoas no início da madrugada.
Benjamin John Power é parte dos Fuck Buttons, mas naquela noite encontrava-se nas ruas do Porto a conversar sobre a sua performance a solo enquanto Blanck Mass. Uma hora antes, em cima de um pequeno palco, apresentava o seu último trabalho a todos os que se encontravam presentes no Understage. Com sala cheia, o set, que começou poucos minutos após as vinte e três horas, percorreu e expandiu as sonoridades presentes em Animated Violence Mild, enquanto corroía e encantava toda uma plateia. Frente a um ecrã onde eram projetadas milhentas imagens e cores em esteróides por minuto, Power modulava e conduzia uma eletrónica subversiva, agressiva, mas salvo raras exceções, sempre melódica.
Imbuídos num ambiente trippy e efusivo, é notório e de congratular a sensação de empatia que Blanck Mass consegue emanar com as suas criações. Com todo o seu arsenal eletrónico disposto em cima de uma mesa, pulava entre armas para arremessar o som certo no tempo perfeito, e raramente falhou. Volta e meia, com o microfone a distorcer a voz, expelia raiva e emoção pura, revelando o carácter pessoal investido no processo de criação de Animated Violence Mild. Tudo era imediato, tudo era intenso, tudo era rápido.
Uma hora depois ouviu-se o seu “obrigado”, e já a repetir as reproduções visuais que se encontravam por trás dele entregou e estendeu uma espécie de encore para queimar os últimos cartuxos de energia e ácidos. Já sem Benjamin em palco, a música foi equalizando até desvanecer, para se voltar com ela à realidade. Poucos minutos depois, já se estava cá fora a dizer-lhe que foi o set perfeito na sala perfeita.