Nos passados dias 9 a 12 de agosto, a aldeia de Cem Soldos voltou a fazer a ser palco da melhor banda sonora do país com mais uma edição do festival Bons Sons, que este ano contou com nomes como Salvador Sobral, Linda Martini, Sara Tavares, Slow J e Lena D’Agua entre muitos outros num cartaz que marcou pela já habitual diversidade de estilos e facilidade em surpreender. Esta edição foi também marcada por uma reforçada atenção ao conforto dos visitantes e à sustentabilidade com a implementação de pulseiras cashless, loiça reutilizável e biodegradável e de casas de banho secas no campismo, além dos já habituais copos reutilizáveis.

Durante o Bons Sons, todos os caminhos vão dar a Cem Soldos, que nos recebe com uma hospitalidade inigualável a esse que é também um recinto especial - a própria aldeia. Pelas ruas de casas caiadas ecoa o latir dos cães, os risos das crianças, as guitarradas nas tabernas, o som de uma comunidade unida na celebração da música, seja ela qual for, do rock ao jazz, da eletrónica ao cante alentejano, do fado ao infinito. A magia do festival está precisamente neste sentimento de inclusão, de todos os públicos, de todas as idades e dos próprios locais, na constante celebração da identidade sem competições, da tradição sem melancolias, do inesperado como regra e da alegria como estado de ser sem lugar ou razão.

O cuidado com que o Bons Sons é organizado reflete-se na riqueza musical e cultural do mesmo, com especial destaque nesta edição para o Palco MPAGDP que garantiu alguns dos concertos mais surpreendentes nomeadamente Palankalama, Homem em Catarse e Orquestra de Foles que, após a missa de domingo, convidou todos a transformarem o altar numa pista de dança. Pelos palcos maiores destacou-se a irreverente performance de Salvador Sobral, a energia de Selma Uamusse que fez todo o mundo tirar os sapatos, a intensa performance de Zeca Medeiros e o poder selvagem dos Linda Martini, entre muitos outros concertos memoráveis.

Em mais uma edição o Bons Sons reforça a certeza de que os festivais de música têm de ter identidades e valores fortes para que o seu crescimento seja sustentável e ano após ano fique a saudade, não só porque se revê a malta mas porque a união entre o presente, o futuro e a herança nos toca na alma.