Na passada quinta-feira, dia 24 de outubro, houve regresso ao Hard Club para mais um concerto promovido pela Gig Club, desta vez para assistir ao regresso dos dinamarqueses Efterklang aos discos, e consequentemente aos concertos. Mas antes disso, e a abrir as hostes, o público foi brindado com um momento musical brilhante por parte dos First Breath After Coma.
A banda de Leiria atirou-se ao seu novo álbum NU, e atirar é o verbo acertado para falar do que aconteceu. Alinhados frontalmente para o público, numa quase espécie de posição premeditada para causar a sensação de submissão, cada um dos elementos da banda estava a viver o momento da sua vida na sua estação. A aparente desconexão entre cada um deles era compensada pela comunhão sonora concretizada. O álbum ganha uma força, pujança e imensidão ao vivo que provocou profunda admiração entre as parcas pessoas que ainda iam enchendo o Hard Club. Quando terminaram, passava pela cabeça dos que assistiram que Efterklang seria um after para First Breath After Coma, e não estes a abrirem para eles.
Mas não foi… Pouco depois era a vez da Dinamarca subir ao palco. Poucos se recordarão do maravilhoso concerto que os Efterklang deram na sala 2 do Hard Club, e essas pessoas estariam naquele dia na sala principal, inclusive Casper Clausen, vocalista da banda, que fez questão de relembrar essa noite. A figura esguia apresentou-se em palco com um genuíno sorrio de empatia que convidava a alinhar com ele pelo resto da noite. Com ele, os seus dois companheiros de banda, Mads Brauer e Rasmus Stolber (tanto em Efterklang como em Liima), para além de mais 4 músicos que vieram adensar o misticismo de cada uma das músicas. Em especial referir Siv Øyunn e Indrė Jurgelevičiūtė, uma na bateria e a outra no kantele, ambas vocalizações mágicas. O concerto dividiu-se em duas partes: na primeira esteve a banda a apresentar Altid Sammen, o seu novo álbum, todo ele em dinamarquês. O resultado foi uma estranheza inicial em tudo o que estava a acontecer, mas não tardou muito a que todos aprendessem a língua. Em “Hold mine hænder”, o ambiente estava tão no ponto que público e banda emocionavam-se mutuamente. Os sorrisos estampados na cara de cada uma das pessoas no palco era causa-efeito de cada uma das palavras em dinamarquês que o público cantava em uníssono, seguindo as indicações de Casper. No final, este não se conteve e afirmou ter sido um dos momentos mais bonitos que alguma vez vivenciou, chegando mesmo a brincar se estava algum coro do Porto presente na sala.
Na segunda parte foram apresentados os “clássicos”. Estranho pensar que uma banda de nicho tem em Portugal um tratamento de rockstar. Pelo menos no Porto teve-o. “Alike” foi logo reconhecida nos primeiros acordes, e criou o dinamismo necessário para atingirem o apogeu logo de seguida com “Modern Drift”, e terem o recém-criado coro do Porto de volta para os acompanhar. Houve ainda tempo para celebrar Tripper, o primeiro álbum da banda, agora com 15 anos. Acendem-se as luzes, os elementos alinham-se e são aclamados em plena ovação pelo público, abandonando o palco para logo depois voltarem e oferecerem mais uma música: “Dreams Today”. Após esta, o concerto termina com toda a gente visivelmente deliciada, e com Casper a confidenciar que se sente como os U2 depois daquela noite.
Os Efterklang, que se “separaram” em 2014, vieram ao Porto relembrar-se da razão pela qual nunca deveriam ter terminado o projeto, e vieram consciencializar-se de que não devem passar tanto tempo sem pisar os palcos da Invicta.