
Na passada sexta-feira, dia 14 de abril, o calor californiano fez-se sentir dentro da Cave 45, num evento organizado pela Garboyl Lives, promotora que costuma trazer toda a panóplia de psych stoner durante o ano e o Sonic Blast Moledo, em agosto. Existe algo de mágico num espaço onde muitos se podem sentir em casa e onde o palco tem 30cm de altura, o que proporciona uma aproximação e um grande convívio com as bandas e uma magia maior do que numa venue de superior capacidade. Foi noite de revisitar Harsh Toke, depois de um já algo longínquo janeiro de 2015, no já encerrado Kommix, e experienciar JOY na sua totalidade (e pela primeira vez em solo nacional), uma vez que o pesado e caótico timetable do Desertfest belga não permitiu passar mais que dez minutos com estes rapazes de San Diego.
Mal chegamos, deparamo-nos na amena cavaqueira instalada entre estes senhores da Califórnia. Reconhece-se o estado alcoolicamente alegre de Figgy e após uma conversa curta e promessa dum “hang out afterwards”, é hora de arrancar o concerto inicial. Os JOY enchem rapidamente a Cave de alegria, fazendo, muito sinceramente, jus ao seu nome. Duma ponta à outra do concerto o sentimento feel-good preencheu os corações dos que assistiam e dançavam fervorosamente. Este power-trio que faz, segundo as suas palavras, um spaced out freedom rock, entrou em modo de ataque e trouxe um caleidoscópio de riffs e nuances texturadas dentro do seu som psicadélico. A destreza do baixista Justin Hulson marca, na nossa visão, a sonoridade deste concerto, um autodidata na matéria com uma técnica própria e um pulso sempre no ar. Talvez a equalização da voz de Zachary Oakley estivesse mais baixa, comparando com os álbuns de estúdio, mas para quem não é grande fã de vozes, esta não se colocou numa posição de overpower perante o instrumental, o que até acabou por ser melhor. Um concerto repleto de grandiosidade e brilhantismo.