26
TER
27
QUA
28
QUI
29
SEX
30
SAB
1
DOM
2
SEG
3
TER
4
QUA
5
QUI
6
SEX
7
SAB
8
DOM
9
SEG
10
TER
11
QUA
12
QUI
13
SEX
14
SAB
15
DOM
16
SEG
17
TER
18
QUA
19
QUI
20
SEX
21
SAB
22
DOM
23
SEG
24
TER
25
QUA
26
QUI

Luís Pestana + Aires - Understage - Teatro Rivoli, Porto [1Out2022]

28 de Outubro, 2022 ReportagensJorge Alves

Partilhar no Facebook Partilhar no Google+ Partilhar no Twitter Partilhar no Tumblr

Amplifest 2022 - FDS2 [13-15Out] Texto + Fotos

Frank Turner - LAV, Lisboa [29Set2022] - Foto-reportagem
Na última paragem antes da mais ousada edição de sempre do Amplifest, mergulhamos na escuridão envolvente do Understage para uma noite dedicada à eletrónica experimental feita em Portugal, aqui muito bem representada através de dois nomes que muito têm contribuído para sua contínua vitalidade: Luís Pestana e Aires.

O primeiro apresentava-se pela primeira vez a solo no Porto, depois de há dois anos ter lançado o magnífico Rosa Pano, graciosa coleção de explorações oníricas em modo surrealista que se revelou uma das mais bonitas surpresas de 2020. Era natural, portanto, o desejo de testemunhar ao vivo a luminosidade destas composições, especialmente no ambiente acolhedor que o Subpalco do Rivoli tão bem soube proporcionar, com cadeiras a permitiam uma imersão total na beleza emotiva desta inebriante viagem. Porque isto foi, não haja dúvidas, uma verdadeira odisseia sonora - a força transcendente da eletrónica fantasiosa de Pestana a conferir-lhe um fortíssimo caráter visual, como um conjunto de memórias fragmentadas que evocavam a familiaridade de tempos nunca realmente vividos, inexplicável flashback de um mundo desconhecido mas palpável.

É deste tipo de paradoxos, aliás, que vive a arte do músico e produtor lisboeta, desde logo definida por um inteligente jogo de contrastes no qual passagens serenas, por vezes celestiais (os sinos que ecoam ao longe, por exemplo) convivem com atmosferas misteriosamente tensas, num universo onde o belo e o insólito formam um só. No fundo, tudo isto soa à banda sonora de um sonho estranhamente viciante, nem sempre decifrável mas constantemente sedutor, a uma catarse revigorante absorvida enquanto alucinação hipnagógica. Na verdade, o próprio Pestana, sozinho em palco e somente acompanhado pela maquinaria com o qual extraía as mais puras emoções humanas, frequentemente fechava os olhos como se estivesse hipnotizado pela força dos sons que metodicamente esculpia. E se a tal viagem já se mostrava encantadora, ainda mais poderosa se tornou quando as vozes de Janita Salomé e Vitorino surgiram, orgulhosas e imponentes, na excecional “Ao Romper da Bela Aurora”, canto alentejano adaptado a um formato digital, o tradicional a juntar-se ao moderno num glorioso e frutífero abraço musical. Foi precisamente aqui que a natureza extremamente visual da sonoridade de Pestana atingiu o seu apogeu, exibindo de forma triunfal os traços da sua portugalidade , qual tapeçaria de sonhos bucólicos que decoravam a sala com camadas de surrealismo campestre.

Contudo, se até soube bem poder fechar os olhos e imaginar um cenário tão telúrico quanto a banda sonora que o inspirava, a verdade é que esse exercício acabou por enfatizar o que a atuação precisava e ainda não tem: a presença de um suporte visual concreto que engrandeça toda esta atmosfera “cinemática”, que lhe dê um encanto consideravelmente mais expressivo e que faça com que todas estas imagens anteriormente descritas realmente ganhem vida. Apesar disso, assistiu-se a algo bonito - tão bonito que até soube a pouco, a viagem não merecia uma interrupção. Resta agora esperar pelo reencontro para poder fazer “play” onde o “filme” foi pausado. Quanto a Aires, veterano da cena lisboeta em projetos como Fashion Eternal, SCOLARI, Peak Bleak ou Hot Dancerzzz, proporcionou o aquecimento perfeito para iniciar este serão dividido em dois “atos”. Adotando um admirável cenário que se revelou tão inquietante quanto cativante - havia uma luz, a literal luz ao fundo do túnel que piscava em intervalos regulares e fornecia uma visão de esperança no meio da escuridão penetrante -, Aires navegou por entre as águas contemplativas do ambient sem descurar as atmosferas levemente dançáveis, arquitetando também ele uma firme viagem singular pelos campos da eletrónica exploratória - aqui num tom mais meditativo, mas ainda assim pulsante e fortemente evocativo. Seguro de si mesmo, já com provas dadas e com um certo culto à sua volta, o produtor em nada desiludiu.



 

Fotografia de José Caldeira, gentilmente cedida pelo Teatro Municipal do Porto.
por
em Reportagens


Luís Pestana + Aires - Understage  - Teatro Rivoli, Porto [1Out2022]
Queres receber novidades?
Comentários
Contactos
WAV | 2023
Facebook WAV Twitter WAV Youtube WAV Flickr WAV RSS WAV
SSL
Wildcard SSL Certificates
Queres receber novidades?