Quarta-feira dia 18 de abril, na primeira semana do ano, com uma temperatura a lembrar a Primavera, reuniram-se os aficionados pelo noise rock explosivo dos METZ no Mercado Ferreira Borges, quase que para prestar vassalagem ao power trio canadiano.
A responsabilidade de aquecer o público e a sala mais modesta do Hard Club ficou a cargo dos Moaning, jovem trio de Los Angeles liderado por Sean Solomon, em campanha do seu álbum de estreia. O post-punk sentimental e cru é definitivamente o mote desta banda, embora malhas como “Does This Work For You” e “Artificial” rocem o grunge e o pop/rock alternativo, respetivamente, fazendo desta nova aposta da Sub-Pop uma potencial abrangente de vários núcleos dentro da música rock. Conduziram uma prestação muito bem conseguida em palco, transmitindo a energia necessária para pôr o público a mexer ao som de riffs melódicos e linhas de baixo atrativas. Com claras influências de Ian Curtis, Solomon faz interpretações próprias dos seus sentimentos, transpondo-os para as suas letras com grande emoção e entrega, enquanto Pascal Stevenson e Andrew MacKelvie ritmam a banda com alguma electrónica entre os seus instrumentos que fazem lembrar a sonoridade de The Black Room dos Editors. Uma agradável surpresa.
Com a sala já mais composta, estava tudo pronto a receber os canadianos METZ, que desta vez traziam um disco produzido pelo mítico Steve Albini. Esta parceria agradou a Alex Edkins, guitarrista de METZ, como se pode ler na entrevista que deu à Wav no início do mês de abril, evidencia o facto de Albini conseguir captar o som da banda a tocar ao vivo com os níveis de intensidade no máximo. Sendo este um ponto forte da banda, ao gravar assim um álbum de estúdio, junta-se o melhor dos dois mundos, no que toca à produção do mesmo.
E isso foi notório neste concerto do Hard Club, onde a sonoridade de músicas como "Mr. Plague", "Drained Lake" ou "Cellofane" fizeram lembrar o bom agressivo grunge dos Nirvana com o natural punk/hardcore de METZ em que Hayden Menzies desanca forte e feio na sua enorme bateria, enchendo a sala e levando o público ao rubro cada vez que entra com a máxima força. Mas engane-se quem pensa que neste concerto não houve tempo para malhas já conhecidas do público, visto que já são repetentes em Portugal e pela terceira vez no Porto. Os canadianos revisitaram também alguns temas dos álbuns anteriores, com as escolhas a recair em temas como "Spit You Out", "Eraser" ou "Get Out", sendo que nesta última houve um incentivo extra de Alex para ajudar à festa que se ia fazendo no concerto.
Sentindo-se perfeitamente confortáveis e em sintonia com o público português, até deu para fazer uma jam durante “Eraser”, em que Chris Slorach segurou a música com uma linha de baixo constante enquanto a bateria e a guitarra se difundiam por entre os tempos para levar o público a flutuar na onda de noise que faria a ligação para a malha seguinte. Com direito a encore, o concerto acabou com um sentimento de esperança que os METZ voltem cá num futuro próximo. Com um concerto tão intenso quanto este, é de esperar que o Porto continue a soar para que valha sempre a pena, receber estes METZ imparáveis. Até à próxima!