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Milhões de Festa 2017: As guitarras (e os drones) ainda ganham de goleada

04 de Agosto, 2017 ReportagensGoncalo Tavares

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Milhões de Festa

Resurrection Fest 2017 [6-8Jul] Texto + Fotogalerias

Milhões de Festa 2017 [20-23Jul] Fotogalerias


 

O que dizer sobre o Milhões que ainda não tenha sido dito? É um desafio escrever sobre um festival cujas qualidades são tão emblemáticas e foram já tão destacadas. “Um festival obrigatório para melómanos”, “Estamos no Milhões - Estamos em casa”. Já correu tanta tinta sobre a Piscina vs. Taina, sobre concertos inesperados e ainda mais inesperadamente inacreditáveis, sobre uma sensação permanente de bem-estar.

Nesta edição, o 10º aniversário do festival, não há mudanças radicais (para quê?). O palco Taina mudou de sítio, há exposições, a final de um torneio de Matrecos, um evento de idolatrar a cultura skate. O essencial permanece. Continua a ser o festival bucólico que conhecemos, das pessoas sentadas na relva a beber vinho por canecas de barro. E a piscina continua a ser um fim e um pólo de atracção - falamos com a Francisca Rosas, estudante de Medicina no Porto, que apareceu no Milhões muito pela promessa de passar dias debaixo de água. Para além da Francisca, conhecemos uma fatia do público que não se considera ouvinte de música alternativa.

Com a noite, dezenas de festivaleiros saem das tendas e, pelo vento fluvial do recinto, fazem uma rave. O Milhões é também, sem dúvida, um festival de intensidades: The Bug e o seu P.A. a tremelicar com os subs (de tanto tremer precisou de blocos de betão para o fixar); Earthless, ponto; o som estridente do palco Lovers e as maravilhas que fez a The Cosmic Dead e Fumaça Negra, a agitação que avança madrugada adentro, para os célebres afters e não só (desta vez, pela mão da organização ÁCIDA, houve um gig dos Solar Corona às 6 da manhã num bar aleatório).

Falando do cartaz, a maior particularidade desta edição foi o relevo que acabou por ter o rock e os géneros que partem dele. Evidentemente houveram exceções (Moor Mother, Live Low, etc.), mas numa altura em que a electrónica e o hip hop tentam ser mais dominantes e tendo a organização se munido de nomes fortes destas praias, parece-nos importante realçar este peso.

 

Stone Dead

Nem a propósito, 2017 foi o ano que abriu com os Stone Dead, que tomaram completamente de assalto o palco Milhões no dia 0 (20 de julho). Tocaram o seu novo álbum, Good Boys:  canções curtas cheias de pica a fazer lembrar os antigos, com fills de bateria selvagens à John Bonham e coros à The Who. Novitos (20 e tais) mas já com uma atitude indestrutível - saltam de riff para riff, de malha para malha e pelo caminho pulverizaram o público com energia - deram o primeiro grande concerto do festival.

No segundo dia (22 de julho), depois da dança agridoce e do westerns spaghetti de O Bom, o Mau e o Azevedo, a piscina terminou com os Sly & the Family Drone, três percussionistas ao nível do público a tocar ritmo e drones, um saxofonista ruidoso por cima, a audiência colada aos músicos. A mescla sonora resultante tem groove rock a par de experimentações noise. No que começou por ser um concerto banal, o vocalista vai soltando o seu histerismo: beija o resto da malta, não pára quieto, faz equilibrismo em cima de amplificadores. Provocou uma resposta incrível na audiência que, sem dar por ela, estava totalmente envolvida. O headbang tornou-se único.

Pouco depois, fazem parte do próprio set: ele desmonta a bateria e ficamos nós a tocar os vários tambores. Estava-se a aproximar o final do concerto e tudo era enérgico. O vocalista vai de crowd surf até à piscina, é despido em cima de um barril e, quase nu, enlaça o seu processador de efeitos nos calções. Acabou o concerto. Ele berra a plenos pulmões: “Thank you!!”

Foi memorável, violento e comunitário. Com drones distorcidos, ritmo primitivo e cru e a plena consciência de que a música é de todos, os Sly & the Family Drone e o público deram mais do que um concerto: fizeram uma festa, uma das maiores do festival.

 

Sly & the Family Drone

No dia seguinte (23 de julho), um vocalista também terminou o concerto dentro da piscina. Os Shame são uma banda recentíssima e em rápida ascensão. Deram gigs elogiados no Pitchfork Music Festival e em Glastonbury, onde emanaram uma atitude que já lhes é característica: estão ensopados do post-punk britânico que conhecemos, mas dão lhe um twist. Em Barcelos a pinta permanece, mas está mais solta. Diríamos que o Milhões deixa os músicos à vontade.

Os singles “Gold Hole” e “The Lick” são passados ao vivo com sucesso, a par da postura do frontman - andava pela plateia e metia-se com ela, não de forma excêntrica, mas casual. A par desse relaxe, o concerto foi borbulhando em energia.

É certo que os Shame tinham cabedal para ocuparem um espaço no cartaz da noite mas, ao mesmo tempo, é uma boa jogada pôr bandas interessantes no meio da descontração da piscina. E isto sim, não acontece muitas vezes: ouvirmos a música que se acanha em bares, caves e nos nossos leitores num habitat fresco. Só vendo: é uma oportunidade privilegiante.

 

Shame

Os Shame actuaram no dia que, na nossa opinião, teve os melhores concertos desta edição, pelo menos ao nível do rock e similares. Uma hora antes, o palco Taina ficara bem quente com a atuação das BALA. Estamos a falar de um power duo espanhol com uma receita simples: malhas de 3/4 minutos, riffs que se colam aos ouvidos - uns mais trash (“Human Flesh”), outros mais roqueiros (“Freedom Is”) - uma baterista que parece ter mandado 6 red bulls, uma energia explosiva - se tocássemos nelas estariam a ferver.

Ao longo de meia hora de concerto, tornam-se uma oferta impossível de recusar. A música é física, ao vivo é berrada. No final, a guitarrista pôs-se na plateia frente à baterista, tipo duelo, a comunicar a música pelo olhar. Queríamos tanto que fosse para nós.

 

BALA

Os Meatbodies eram, possivelmente, o maior destaque do dia 23 de julho (a par do Powell, cujo concerto acabou por ser cancelado à última da hora). Tocam malhas fixes que, sem darmos por ela, avançam para jams onde experimentam efeitos, viajam em solos e composição fechada em grupo. Ora são pacientes e a jam prolonga-se, ora são fugazes, cheios de pressa, deixando um cheiro a cordas queimadas.

Uma hora que passou num instante. Perguntámos a pessoas aleatórias o que acharam do concerto e, baseando-nos no que responderam quem não estava temporariamente surdo, não há dúvidas: foi um dos concertos favoritos do festival. Depois de Meatbodies, pouca gente estava com cabeça para mais música, nem que se testemunhasse algo sublime. Foi precisamente o que aconteceu.

 

Meatbodies

Já os Graveyard, foram o principal motivo para o segundo dia (22 de julho) ter sido o mais concorrido, pela celebridade da banda mas também pela lembrança do concerto que ali deram em 2011. Os suecos são revivalistas de hard rock clássico e revivem-no muito bem.

Ao vivo são profissionais mas pouco preocupados com o resto da performance. A incontornável “Uncomfortably Numb” foi especialmente bem recebida mas, mo entanto, acabou por ser um concerto marcado pela monotonia ao longo do set, com alguma ausência de vigor e por um público que, depois de ter terminado, permaneceu na plateia em sinal de reconhecimento. Goste-se ou não destes Graveyard, eles não são a mesma banda de 2011.

 

Graveyard

Os Pixvae resultam do cruzamento entre franceses e colombianos. A cumbia casou com um saxofone barítono (aquele tubo musculoso que ouvimos nos Morphine) e com ritmos compostos do prog (às vezes pareciam piscar o olho aos Tool, outras vezes ao djent). Uma combinação atirada contra parede mas que resulta - e se resulta.

A música que pulsa é super bailante e ao mesmo tempo cerebral. Tem o doce tropical e o salgado algo acre dos amplificadores em modo crush e das baterias metalizadas. Até a aparência dos músicos evidenciava essas diferenças: há o pai colombiano com equipamento de futebol, camisas havaianas, tank tops e caps coloridos e um guitarrista que parecia ter saído do emprego.

No final, depois de “fugas”, “currucos” e um misterioso “El nazareno”, fazem um encore (com o tempo contado e sem serem cabeças de cartaz) e tiram uma foto com o público, “para mostrar aos pais lá na Colômbia”. Não estavam habituados. Já foi assim com os Jambinai em 2014. O Milhões acerta e cria estes momentos felicíssimos, tanto para as bandas como para a plateia.

 

Pixvae

Outro momento singular do festival aconteceu num palco extra, seguindo uma tradição “milhionária” (lembramo-nos imediatamente da saudosa edição de 2014, com os Black Bombaim + Isaiah Mitchell + Rodrigo Amado + Shela na casazul). Numa das divisões restantes do Paço dos Condes, umas ruínas de um palácio secular, ouvimos os Bitchin Bajas.

O sistema que os suportava enchia o espaço - as 4 paredes de uma das salas - rodeando-nos. A sensação no corpo induzia tranquilidade, o que interessantemente ia de encontro com a música. Esta eletrónica faz-se com sintetizadores que se retraem e se soltam devagar, em modo viagem. É uma música que permite ao ouvinte envolver-se nela sem chegar a algum lado. Mas, caso o procurasse, podia servir-se da natureza que imprime (gaivotas, sons de ondas, folhas a cair) O público, que foi enchendo a sala até mal haver espaço, adorou.

 

Bitchin Bajas

Ainda a 22 de julho, o palco principal abriu com o trio de Yussef Dayes, da emergente dupla Yussef Kamal. Já tínhamos visto bateristas técnicos nesta edição, a maioria de metal, mas só agora chegara o Yussef. O inglês é de um groove irrepreensível, imaculado - ao vivo, é um polvo de 4 tentáculos, deixa a bateria toda a abanar-se. É de tal forma impressionante que o resto da banda (guitarrista/baixista e teclista) só brilham na sombra dele. Ainda assim, houveram vários solos de guitarra aplaudidos. Deu o concerto mais musical da noite, onde, a par da riqueza do discurso, o seu sentido rítmico deixou pescoços doridos cá em baixo.

O dia 21 julho recebeu o resultado da residência entre os faUSt, banda histórica de kraut rock, e os GNOD, que já tinham estado em 2012 com os Black Bombaim. Os alemães são conhecidos por darem espectáculos desafiadores, sem a linearidade que geralmente faz um concerto de rock. Em Barcelos, vimos os músicos a atirarem pedras para a audiência, a ligarem betoneiras, uma empregada de limpeza a varrer o chão durante uns bons 15 minutos (sendo que o pó do cascalho não parava de encher o palco), um barril a ser percutido no meio da plateia e, claro, a imagem mais marcante, manequins mutilados a dançarem sub-repticiamente por entre os instrumentos, ao colo de modelos vestidas com uma espécie de burka.

Houve uma atenção especial pela dramaturgia, por uma narrativa que era contada com elementos visuais algo independentes da música. Confrontavam-nos com uma série de símbolos, mas não pareciam ter uma interpretação específica. Foi uma hora inesperada no palco, provocou permanentemente uma resposta inesperada no público e, se calhar por isso mesmo, foi especialmente estimulante e livre, mesmo para um festival com uma oferta tão diversificada.

Foi uma manifestação bruta de poder sonoro (a banda sonora era um kraut industrial, com a mesma insistência na percussão e num noise a viajar no stereo do P.A.) e dramático, feito com os cacos de um futuro assolado. Ou então somente algo sem sentido, absurdo. De qualquer das formas, foi com certeza um dos momentos mais intensos que presenciamos.

 

Yussef Dayes

Falando de novidades, a Red Bull Music Academy (Piscina) estilizou-se: o palco foi revestido com um cinzento brilhante, refletindo tanto as costas dos músicos como o público sentado, e trouxe um sistema de som subaquático. Nós experimentamos e, apesar da perda de graves (a acústica explica), consegue uma resposta fidedigna - deu para fazer banger com MVRIA + Supa e GPU Panic + Shake it Maschine. Foi com estas condições que a RBMA recebeu dois concertos cobiçados, um deles um dos mais marcantes do festival (se não o mais).

O slogan desta edição era “10 anos a derreter fronteiras” e isso foi evidente - entre géneros musicais, cenas underground e espaços (dentro do próprio Milhões e deste para com a cidade). Para um festival “onde se vai para se ser surpreendido”, a missão foi cumprida. Não há muito mais a acrescentar. O Milhões de Festa já tem o mais importante: uma identidade. Em 10 anos, trilharam um percurso que hoje culmina numa afirmação.

 

Outros destaques


 

O dia 0 (20 de julho) abriu com os Live Low, da Lovers & Lollypops. O grupo recria o cancioneiro português com a eletrónica de Pedro Augusto (Ghuna X) - crepitares, silvos agudos e pancadas cheias de reverberação - em banda: ouvimos uma “Oh Laurindinha Linda Linda” fragmentada, com o baixo a trazer a harmonia original; um “O Sol Perguntou à Lua” cantado por outra voz lindíssima, a de Ece Canl; o cover do Fausto “Lembra-me um sonho lindo”  foi o melhor momento, tão denso mas ao mesmo tempo tão macio. Foi uma abertura de festival mais do que digna, sem um público à altura, que por esta altura começava a chegar ao recinto.

 

Live Low

Em Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs houve um mosh pit grandioso, em resposta a esta mistura de sludge e stoner. Na verdade, este parecia ser em relação ao vocalista: um abominável a berrar de perna no monitor de palco, com uma postura de confronto permanente. Pena o som estar demasiado enlameado, com graves a mais. Ainda assim, pela resposta do público, o 1º dia terminou com um set brutal.

 

Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs

Do primeiro dia de piscina salientamos a fanfarra colorida dos Orchestra of Spheres. Subiram 4 neozelandeses vestidos de sacerdotes e outras fantasias (uma das teclistas parecia um caminheiro do Tibete). A bateria dirigia estes balanços repetitivos prontos para a dança, com pausas para berros e outros jogos de vozes. O set, denso e mexido, seguiu o sabor mais world que conhecemos neste palco (Matias Aguayo, Branko), tanto ao nível da música como da resposta na plateia.

 

Orchestra of Spheres

Os Blown Out provocaram a primeira enchente do palco Taina. Três músicos (mestre Mike Vest acompanhado de dois homens fortes dos Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs), uma massa sonora gorda, cheia de baixo e insistente na repetição. Quarenta e cinco minutos de bom stoner instrumental, pesado qb. A última malha comprovou a paciência do grupo em explodir a guitarra em efeitos no final. O público ficou satisfeito e nós também.

 

Blown Out (Mike Vest)

O SWR Barroselas terminou a programação do dia no Taina com crust, grind e outras formas de metal bem irritado: VAI-TE FODER e Systemik Viølence. O vocalista do último grupo atirava-se para o meio do público, empurrando e sendo empurrado, levou com finos na cabeça. No final, partiram um baixo. Foi um dos momentos insólitos do festival, para a surpresa do público mas também dos vizinhos.

 

Systemik Viølence

The Gaslamp Killer deu um set que, passando por vários estilos, se focou no hip hop - Snopp Dogg, Death Grips, muito Kendrick Lamar. Esta insistência no trap pareceu algo deslocada do contexto do Milhões (se é que se pode dizer algo do género). Para o final, já passou alguns dos beats instrumentais que o caracterizam, cheios de referências pessoais (“Esta é a música do meu país”; “Dedico esta ao meu irmão e avô”).

The Gaslamp Killer é irrequieto, embrenhado compulsivamente no tablet onde lançava as malhas como uma criança num recinto de festas. Demonstrava um imenso prazer e o público percebeu isso, refletindo a ótima energia que vinha do palco. A sua clara mestria técnica e no controlo da plateia marcaram este concerto, longo (1 hora e 40 minutos) mas continuamente celebrado e feito em dança.

 

The Gaslamp Killer

O dia 22 de julho abriu começou decentemente na RBMA. A eletrónica mal encarada de MMMOOONNNOOO, feita de reverses, baixos ruidosos e sons arrastados encontrou-se com os grooves ágeis que celebrizam Quim Albergaria em PAUS. Este toca de forma apaixonada, cheio de movimento. O resultado deste encontro não é algo hostil mas sim uma dança ténue entre as duas partes, ritmo e ruído.

Os Brutal Blues tocam grind que não é bem grind, com os blast beats e gritos selvagens a servir de pontapé de partida. As músicas têm várias partes, sons de sirenes e uma bateria especialmente selvagem. Contudo, a par deste resultado explosivo, a comunicação com o público é muito contida, não tendo resultado num concerto marcante.

 

Brutal Blues

Depois dos Graveyard, tocaram os Sex Swing e o seu drone denso e sinistro. Cinco músicas de intensidade crescente e cinco instrumentistas a irem se passando aos poucos, enchendo o palco de distorção.

Enquanto que em bandas como os Swans a repetição é usada para fins ritualísticos, com esta banda o fim é a contemplação - era suposto apreciarmos esta construção, este aumento gradual de textura e de inaudibilidade. O resultado, com outras propostas do palco Lovers, é poderoso e cheio de vida feita em som.

 

Sex Swing

O produtor Hieroglyphic Being era o maior nome do palco da piscina e, a par com os Sly & The Family Drone, provocou a sua maior enchente. Toca uma eletrónica viva, inteligente, onde a par do beat permanente revelam-se outros sons - pequenos sintetizadores que flutuam na mistura. Não tendo sido uma celebração como a dos referidos, orientou um set bem eficaz ao longo da sua hora de duração, tendo em conta o movimento contínuo e geral na audiência. O RBMA terminou com um grande público a dançar os últimos raios de sol da tarde.

Portugal nos 80's não era um país prolífico em música alternativa. No meio das poucas exceções que tentaram acrescentar alguma coisa ao caldo pop/rock, destacam-se os Pop dell’Arte.

A linguagem continuava muito baseada no post punk dominante, e foi isso que se ouviu no início do concerto que abriu a noite de Domingo. O baterista em serviço foi o Ricardo Martins, mas fora isso foi um concerto de reunião. João Peste canta de forma estranha, quase infantil, algo especialmente evidente em La Nostra Feroce Volontà D’Amore, onde ele declama em italiano qual cantor de ópera reformado. Esse lado desconcertante, que aparenta querer chocar com a realidade, destaca-se na valsa My Rat Ta-Ta e em outras músicas sem ritmo, só voz e instrumentais sedosos. É obvio que não soam a algo novo nos dias que correm, mas é extraordinário pensar na novidade que esta música trazia na altura. Foi, por isso, uma redescoberta bonita. Só é pena o horário de abertura dos concertos (21:00) não ter patrocinado um público que lhes pudesse fazer jus.

 

Pop dell’Arte

 
por
em Reportagens
fotografia Bruno Pereira


Milhões de Festa 2017: As guitarras (e os drones) ainda ganham de goleada
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