Um dos maiores prazeres de qualquer melómano é presenciar uma atuação verdadeiramente memorável de uma banda no auge da sua existência. Foi precisamente isso que aconteceu na passada quarta-feira com a passagem pela Invicta dos australianos Northlane, em estreia no nosso país numa digressão de três datas que passou igualmente por Loulé e Lisboa e que serviu para o coletivo apresentar o mais recente disco Mesmer, assim como recordar temas antigos de uma carreira ainda curta mas em clara ascensão.
A data, em plena silly season, fazia antever uma casa menos cheia, pelo que a sala bem composta acabou por constituir uma bela surpresa e contribuiu de forma significativa para a instalação de uma atmosfera mágica e envolvente. Mal subiram ao palco ao som da poderosa ”Vultures”, os Northlane fizeram questão de dar tudo o que tinham, oferecendo uma prestação apaixonada e intensa que contagiou todos aqueles que a testemunharam. Independentemente do que se ache sobre a sonoridade praticada pelo quinteto de Sydney – um metalcore recheado de influências prog que namorisca com o nu-metal – é impossível não ficar surpreendido com a garra que o grupo exibe, como se cada atuação fosse a última. Nesta ocasião, mesmo com o calor infernal que se sentia na sala, a banda debitou malhas como “Colourwave”, “Citizen”, “Rot” ou “Paragon” com uma força descomunal, alimentando-se igualmente da energia de uma audiência irrequieta para proporcionar um magnífico serão que, num ambiente menos intimista, não teria tido nem metade do encanto que caracterizou esta noite triunfal. Olhavámos em redor, para os sorrisos estampados nos rostos de um público eufórico, e sabíamos que estávamos a viver um momento verdadeiramente especial, daqueles quase impossíveis de descrever fielmente só com palavras, mas que para sempre permanecerá guardado no coração de todos aqueles que o experienciaram.
A despedida com “Quantum Flux” pôs um ponto final que desejávamos ser somente um travessão para que a prestação não chegasse ao inevitável fim, mas assim foi. Todavia, por muito que quiséssemos mais, esta passagem foi praticamente perfeita em tudo o resto e, acima de tudo, deixou bem claro que os Northlane estão a atravessar uma fase bastante positiva, tanto a nível criativo como de popularidade.
Na primeira parte, os VOID e os Thirdsphere trataram de aquecer a plateia com prestações competentes e enérgicas, os primeiros com um metalcore tão agressivo quanto melódico e os últimos com um som mais próximo do deathcore.