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NOS Alive 2019 [11-13Jul] Texto + Fotos

31 de Julho, 2019 ReportagensInês Calçôa

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NOS Alive

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NOS Alive 19


 

Dia 1

Num dia invulgarmente quente, mesmo para julho, regressámos ao Passeio Marítimo de Algés para mais uma edição do NOS Alive. A relva sintética trouxe uma sensação menos industrializada ao recinto e o conteúdo populacional festivaleiro pareceu mais discreto e menos numeroso que noutros anos. Muita antecipação pelos regressos de Ornatos Violeta e de The Cure, no primeiro caso pelo reagrupamento momentâneo e no segundo pela nova visita a Portugal.

 

Ornatos Violeta:

A nova reunião de Ornatos Violeta era talvez um dos concertos mais aguardados do NOS Alive 2019. Estávamos em presença de uma nova vaga da legião de fãs que, tal como quem os viu pela primeira vez em 2012, não tinha ainda idade para os ter conhecido nas encarnações anteriores. O público foi pontual e o agrupamento em torno do palco NOS era já bastante interessante, momentos antes do início. Manel Cruz e companhia não desiludiram e presentearam o público com um concerto profissional, ponderado e cuidado (comparativamente aos da reunião de há 7 anos, em que encheram 6 coliseus e um Paredes de Coura). Um alinhamento que percorreu o Monstro de forma composta, com direito a um momento Uma Aventura duplo (com “Chaga” e “Dia Mau” entregues de forma consecutiva). No final do concerto, houve ainda tempo para uma breve menção ao álbum que eternamente continuará projeto, Monte Elvis, com “Pára-me Agora”. E ao fecho exímio com “Capitão Romance”, em que a guitarra portuguesa traz sempre ao de cima um registo mais português de uma banda que já pertence ao imaginário musical coletivo de todos, independentemente de se gostar ou não do estilo. A registar que o encore foi concentrado unicamente em “Fim da Canção”, cujo início tão bem conclui o aspeto narrativo do concerto: “Chegámos ao fim da canção, / E paro um pouco p’ra dormir”. Adivinham-se assim mais reuniões, após uma pausa para descanso? Quantos anos até uma nova reunião? Não é difícil imaginar que não pararão por aqui.

Ornatos Violeta


 

Jorja Smith:

A estrear-se em Portugal, Jorja Smith apresentou-se no palco Sagres perante uma plateia composta que a recebeu de forma entusiástica (algo que poderia ter sido dificultado pela atuação de Ornatos Violeta no palco principal, que já ia adiantada por alturas da entrada em palco de Jorja). A voz soul/R&B de Jorja, que seria certamente um dos motivos que sustentaria a passagem pelo palco Sagres, foi sonoramente engolida pela restante banda. Situação que não prejudicou o bom ambiente que fãs calorosos e atentos, aliados a um registo muito positivo, possibilitaram. Este foi um concerto com dois momentos: um mais intimista, outro mais extrovertido. A banda acompanhou eximiamente Jorja, de forma a produzir o enquadramento sonoro que melhor potenciava a construção dos ambientes anteriormente referidos. Além dos seus próprios temas, Jorja apresentou ainda duas covers, “Bam Bam”, de Sister Nancy e “You Got Me”, de The Roots, que tomou como seus durante as execuções.

 

Mogwai:

Em regime de digressão de 20.º aniversário, pode, mais uma vez, sentir-se Mogwai por terras nacionais. O regresso do post-rock escocês a Portugal, após passagem pelo Norte no ano passado, era algo esperado pelo público consistente que costumam agregar (porque, diga-se, nunca é de mais poder viajar sem sair do lugar - num tom cliché a que toda a gente recorre, por muito que não goste do tom cliché em si). Mogwai são isso mesmo: um ambiente intenso, envolvente, de camadas e observações, apontamentos e técnicas atentas e bem pensadas. Este é um dos casos em que ver um concerto em silêncio profundo é a melhor aposta. Sem registos vocais amplos, reserve-se poucas palavras e entre-se a fundo. O alinhamento foi bastante diverso, que 20 anos podem já dar alguma amplitude, tendo sido fechado a chave de ouro (numa continuada distribuição de clichés) com “Mogwai Fear Satan”.

Mogwai e Jorja Smith


 

The Cure:

Os iconicó-grandó-míticos The Cure voltaram a terras nacionais para mais um concerto que se adivinhava longo e espesso, mas bem conseguido. Importa referir que são daquelas bandas que se passa de pais para filhos, conseguindo ainda hoje, passados mais de 40 anos, atrair novos fãs. Adolescentes que procuram uma sonoridade alternativa, mas variada; de introspeção, mas com momentos dançantes (“Boys Don’t Cry”, alguém conhece?). Foi por tudo isto que, em ano não esgotado de NOS Alive, se veria o maior ajuntamento no palco principal para ouvir Robert e amigos. E nesse ajuntamento, veria-se muitas faixas etárias (ainda bem que as férias escolares já começaram... Ou existem pais que sabem que um bom concerto fica na memória mais tempo que uma manhã de sono). Ao longo de 26 músicas, escutaram-se exatamente 13 álbuns, ficando a multidão com uma espécie de revisão da “matéria dada” por um dos maiores marcos da música ligeira das últimas décadas. Robert foi o condutor de uma celebração quase religiosa, onde não faltou um público atento e responsivo, com passagens por temas não habituais, tais como a abertura com “Shake Dog Shake” e o fecho pré-encore com “100 Years”, cujo significado continua tão atual. Não faltaram os clássicos, que fazem qualquer um cantarolar, graças a todas as vezes que já foram ouvidos por aí em filmes, anúncios e tudo o que a cultura pop dá: “Just Like Heaven”, “Pictures of You” e “Lovesong”. Sentia-se o encore quase certo, faltavam ainda algumas daquelas obrigatórias, que em tantos anos de palco a população já tem por garantidas. Tudo assegurado: “Lullaby”, “Friday I’m In Love” (e não era que era mesmo sexta? Já passava, e bem, da meia-noite) e a derradeira “Boys Don’t Cry”. Duas horas e uns minutos de dança, cantoria e comunhão musical.

The Cure


 

Outras galerias:

Weezer, Linda Martini e Solar Corona

Sharon Van Etten, Honne e y.azz x b-mywingz


 

Dia 2

No segundo dia de NOS Alive, uma das maiores dúvidas era como organizar um roteiro em torno de diversas referências interessantes, mas nas quais não existiam favoritos claros. Um dia em que era possível usufruir de forma equilibrada dos espaços, já que a lotação estava bastante aquém das enchentes habituais. Uma das questões mais empolgantes era qual o nível de excentricidade que Grace Jones teria planeado para o final da noite.

 

Primal Scream:

Uma escolha interessante para o concerto que marcava o entardecer no Palco NOS, o regresso de Primal Scream a Portugal foi marcado por uma energia consistentemente elevada, ainda que o público não enchesse as medidas. Uma nota para a escolha de outfit de Bobby Gillespie, que deleitou os fãs em full-pink, mesmo no calçado escolhido. O momento mais movimentado do concerto foi sem dúvida musicado por “Movin’ On Up”, do obrigatório “Screamadelica”, ainda que muitos outros registos familiares tenham sido apresentados.

 

Johnny Marr:

E porque não ter The Smiths e The Cure no mesmo cartaz? Quase possível, graças à atuação de Johnny Marr no segundo dia do festival. Ainda que os míticos The Smiths tenham tido uma curta existência durante os anos 80, estes continuam sem dúvida a marcar os percursos individuais dos seus antigos integrantes. Essa mesma marca foi sentida no Palco Sagres. Marr conjurou um concerto equilibrado e com bom ritmo, ainda que os seus momentos altos tenham sido os êxitos Smithianos, tais como “Bigmouth Strikes Again”, “How Soon is Now” e a derradeira e sempre apoteótica “There is a Light That Never Goes Out”. O fecho do concerto deu-se em ambiente de festa, muito animado, com a certeza de que a luz das composições dos Smiths será sempre eterna, ainda que irradiada por conjuntos parcelados da sua formação original.

Primal Scream, Johnny Marr e Ry X


 

Greta Van Fleet:

Uma das atuações que mais curiosidade suscitava era a dos Greta Van Fleet. Muito se tem dito sobre as suas parecenças com Led Zeppelin. Se por um lado há quem os apelide de rip-off da mítica banda de Robert Plant e companhia, por outro há quem defenda que são apenas um revivalismo amplo do rock pesadinho das décadas de 60/70. Com um alinhamento centrado no único álbum da sua discografia, houve um pouco de tudo: de solos instrumentais, a momentos de demonstração de destreza, passando por uma atuação energética e coerente. Há quem diga que o rock se está a diluir noutras sonoridades, mas a existirem bandas como Greta Van Fleet, poderemos pelo menos sentir que as sonoridades que tanto marcaram as últimas décadas poderão continuar a ser ouvidas. Resta saber se a originalidade trará novos outfits ao nosso velho amigo rock’n’roll.

 

Tash Sultana:

Dizer que Tash é a “nova promessa” da música australiana é redutor. Com um domínio de mais de 15 instrumentos musicais (esta informação merece ser repetida uma e outra vez), este exemplo de one-woman band é daqueles em que, mesmo que o conteúdo não entusiasme, a forma vai sempre encantar. A estrear-se em Portugal, Tash trouxe o álbum de estreia Flow State e fixou um público que, mesmo não conhecendo o seu registo, se prendeu às atmosferas que sozinha criava em palco, com recurso a múltiplos instrumentos que ia acionando e usando com ajuda de uma pedaleira competente. Ouvirá falar-se muito sobre a australiana DIY, com toda a certeza.

Greta Van Fleet e Tash Sultana


 

Vampire Weekend:

No aguardado regresso dos gramáticos preferidos de toda gente, o público recebeu Father of the Bride de ouvidos bem abertos e pés bem dançantes. A equipa de Ezra regressou a Portugal após seis anos de ausência, durante os quais não produziram originais. Perante a audiência do Palco NOS, Ezra refere o já habitual elogio aos fãs portugueses, pelos bons concertos que possibilitam dar, e promete que não demorarão outros seis anos a voltar (mal se sabia que no final seríamos presenteados com a data de regresso: novembro deste ano). Desfilaram novos temas do álbum de regresso, alguns covers (nomeadamente de “New York, New Drop”, dos SBTRTK, e de “Joker Man”, de Bob Dylan), e os clássicos habituais (não faltaram “Cape Cod Kwassa Kwassa” ou “A-punk”, bem como “Cousins” ou “Diane Young”). O fecho das celebrações ficou a cargo de “Ya Hey”. Os Vampire Weekend continuam a ser uns moços bem-dispostos, mas agora com um palco mais ponderado, mais seguro. Ezra continua a comunicar de forma muito eficaz com o público e a provar que nem sempre os hiatos são maus.

 

Gossip:

Após o concerto de Vampire Weekend no Palco NOS, era tempo de preparar a casa para Gossip. Havia sido anunciado no início do ano o regresso da banda liderada por Beth Ditto, que estava em paragem desde 2016. A passagem por Portugal seria no NOS Alive, existindo alguma expectativa quanto ao que seria apresentado, visto que não existem álbuns novos desde 2012. O alinhamento foi composto por alguns covers, como “War Pigs” dos Black Sabbath (cuja roupagem ficou bastante interessante), bem como por êxitos próprios, entregues pela voz marcadamente soul/gospel de Ditto. A sessão de fecho ficou a cargo do hino Gossip: “Heavy Cross”. A audiência foi das menos corpulentas que já se viu no Palco NOS naquele horário, talvez só ultrapassada por aquela que esteve para MGMT na edição de 2018. Beth não se inibiu de tentar captar as atenções, enquanto uma explosiva Grace Jones ainda cantava os seus salmos no Palco Sagres. Tentou falar em português (uma trap em que demasiados músicos caem), fez piada com o néon de um dos restaurantes vegetarianos da zona de restauração do recinto, pediu ajuda a um dos operadores de câmara, numa segunda tentativa com o nosso charmoso idioma. Foi um bom revivalismo dos Gossip que se conhece há 10 anos.

Vampire Weekend e Gossip


 

Grace Jones:

Se se pensar na idade que Grace Jones regista (já mais de 70 anos de vida), pode facilmente imaginar-se uma figura qual Elza Soares ou Ella Fitzgerald. Alguém com uma voz portentosa, mas com uma figura de matriarca, com uma cenografia mais ou menos complexa, mais ou menos carregada, mas não explícita. Grace Jones, filha de um pastor protestante jamaicano, possivelmente iniciada na sonoridade gospel ainda criança, traz tudo o que leituras das antigas passagens dela por Portugal já adivinhavam: uma figura provocante, muitos elementos culturais jamaicanos, momentos de escuridão em palco, enquanto a diva troca de pele para o próximo tema. Musicalmente pouco variado, mas com uma banda e um coro bastante competentes (banda essa onde toca um filho da própria Grace Jones), esteve a multidão perante mais um espetáculo performance do que um concerto por si só. Com uma distribuição de 5/5 entre covers e originais, Grace prometeu um novo álbum para breve. Fica a certeza de que “Amazing Grace” nunca mais soará tão sensual como quando cantada por Grace, enquanto rodopiava em torno de um varão.

 

 

Dia 3

Terceiro e último dia de NOS Alive 2019. Sendo sábado, era esperada uma audiência mais madrugadora, que é como quem diz muita gente nos primeiros concertos da tarde. As grandes promessas do dia eram os cabeças de cartaz Smashing Pumpkins, Chemical Brothers, IDLES e Thom Yorke. Soube-se ainda do regresso de mais um gigante da música recente portuguesa: a doninha comemorará 20 anos, na próxima edição do NOS Alive.

 

The Gift:

O coletivo de Alcobaça abriu as hostes do Palco NOS, havendo um grupo considerável de madrugadores a assistir, ainda que bastante dispersos (muitos a aproveitarem o início de tarde solarengo para uma soneca ao sol, em plena relva sintética). Sónia e a sua voz profunda, acompanhada pela banda de sempre, deu o concerto como se esperava: povoado de alguns êxitos de uma banda que tem marcado o panorama da música pop portuguesa das últimas duas décadas. Terminou no meio do público, com algumas dificuldades técnicas devido ao comprimento limitado dos cabos do microfone, mas a cantar “Primavera” juntamente com o público, acompanhados por Nuno Gonçalves. Dificuldades técnicas à parte: foi um bom presente.

 

The Gift, Vetusta Morla e Tom Walker

Rolling Blackouts Coastal Fever, Gavin James e MARINA


Rolling Blackouts C.F.:

Se houve concertos em que muita da audiência foi ouvir um pouco de música agradável, bem executada, mas sem grandes sobressaltos, este foi um deles. Com apenas metade da audiência de pé (a sombra do Palco Sagres sempre foi muito apreciada em horas de sol), a banda australiana soou a um indie coeso e bem trabalhado. Tudo profissional, mas pouco marcado. Um claro exemplo de pão com manteiga musical: todos gostam, mas ninguém considera iguaria particular.

 

IDLES:

Dia 13 de julho de 2019, 20h30, Palco Sagres. A data e a localização de uma das atuações mais esperadas: IDLES de seu nome, liderados por Joe Talbot (ainda que no meio de um aparente caos não haja muita margem para liderança), trariam um dos concertos mais participativos e intensos da edição 2019 do NOS Alive. Faltavam alguns minutos, a tenda do Palco Sagres já estava mais que lotada (havia muita gente em ambas as zonas de restauração adjacentes, de olhos pregados no palco ou no ecrã gigante). A entrada marcou o início de uma explosão sonora e física, em que o grupinho de punk (ainda que não gostem de ser assim considerados) nos entregou um alinhamento que para grandioso só lhe faltou incluir “G.R.E.A.T”. Não trazendo nenhuma reflexão sobre o estado social inglês (e global) que não consigamos atingir por nós mesmos, fazem algo que muitos não teriam coragem: chamam as coisas pelos nomes. Espetam o dedo bem na direção daquilo que aflige o comum pensador contemporâneo jovem adulto: “Mother” com a apologia da desigualdade entre géneros (com algumas referências literárias bem interessantes), “I’m Scum” da ostracização social, “Danny Nedelko” como dedicação de amor aos emigrantes no Reino Unido, “Rottweiler” da crítica aos tablóides e consequente desinformação. Pelo meio, fomos presenteados com um medley de músicas de amor, durante “Love Song”, em que por breves segundos vários elementos da banda cantaram pedaços de cantigas apaixonadas, a notar: “Someone Like You”, “Nothing Compares 2 U” e “Up Where We Belong”. Toda a mensagem de Joe e colegas pode ser sumarizada em alguns tópicos: que nunca o público se esqueça que é por ele mesmo que a música existe, que a pequena filha de Talbot nunca se sinta diminuída por ser rapariga (mensagem globalmente direcionada a todas as raparigas), e que a alegria e energia se mantenham, mesmo após o concerto acabar. O saldo final foi muito positivo, sendo que a terceira passagem de IDLES por Portugal deixou vontade de ver como será a quarta (em que certamente trarão novo álbum).

IDLES e The Chemical Brothers


 

Bon Iver:

De regresso a Portugal para um concerto no horário nobre de sábado, o público pôde encontrar um Justin Vernon pequenino no meio de um palco enorme. Deu à audiência o que se queria: os êxitos românticos (se se pode afirmar à luz do dia, sem ferir suscetibilidades) de “Skinny Love”, ou “Holocene”, bem como vários temas do seu repertório cujos nomes sempre intrigam. Vernon é assim mesmo: um extenso, corpulento instrumento sonoro, arquitetado em palco.

Bon Iver © Arlindo Camacho

 

Smashing Pumpkins:

Veteraníssimos da cena musical mundial (e do próprio Alive, já que lá estiveram na edição de estreia em 2007), os Smashing Pumpkins trouxeram uma das maiores avalanches da edição ao Palco NOS. Billy Corgan e companhia deram um concerto sólido, com muitas recordações à mistura, incluindo a primeira atuação em Cascais, no já algo longínquo ano de 1996. Houve ainda tempo para a sempre recorrente tentativa do português falado. A cenografia marcadamente colorida contrastou largamente com a longa capa negra de Corgan e com o seu espírito pesado habitual. Quem esperava ouvir os grandes êxitos teve tudo a que tinha direito, ainda que com passagem por alguns temas mais recentes que não pareceram elevar muito a euforia da população ali presente. Não faltaram os grandes temas do imaginário comum dos anos 90, tais como “1979” (quem não reconhece aquela construção inicial, mesmo sem a associar à banda em si?), “Cherub Rock” ou “Bullet with Butterfly Wings”. Esteve-se perante mais um concerto, à semelhança de The Cure dois dias antes, em que era possível ver várias idades em torno do mesmo propósito musical, a demonstrar que ainda existem coisas imateriais que se herdam, ainda que pertençam ao coletivo e não ao individual.

The Smashing Pumpkins © Arlindo Camacho

 

Thom Yorke:

Outro dos egos maiores que tinham lugar na grelha do NOS Alive de 2019 era o do frontman dos Radiohead, Thom Yorke. Pela primeira vez em Portugal em nome próprio, não era esperada grande variação face ao que é apresentado com a sua banda de sempre (talvez pelo timbre e técnica vocal serem muito característicos). Para os fãs mais acérrimos de Yorke, esta foi uma ótima oportunidade de degustar ao vivo, uma vez mais, um estilo muito próprio. Num espetáculo em que não foi escutado um tema cuja versão ao vivo em festival suscitava curiosidade (“Suspirium”, feito para o remake do clássico de terror de Dario Argento), desfilaram diversas camadas de som, com diversos instrumentos, loops, viagens prolongadas até onde não parecia possível. Thom Yorke a construir cenários e a povoá-los.

 

The Chemical Brothers:

Sobre Chemical Brothers pode haver muito a dizer: são exímios na arte de transformar uma plateia de festival numa grande discoteca ao ar livre, e para quem não se interesse pela parte mais eletrónica da música, são uma boa forma de fazer aquele exercício físico moderado antes de deixar a edição do NOS Alive de 2019. Agradam facilmente a todos, portanto. Duas figuras solitárias no enorme Palco NOS, muitos efeitos visuais, um ambiente imersivo. Uma despedida hipnótica de três dias de música em grande. Houve direito àquele que é, provavelmente, o seu tema mais conhecido quase no fim, “Galvanize”. Quem não recorda os tempos em que ainda se viam videoclips?
por
em Reportagens
fotografia Joana Jesus


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