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NOS Alive'18 [12-14Jul] Texto + Fotogalerias

08 de Agosto, 2018 ReportagensDiogo Alexandre

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NOS Alive

FMM Sines 2018 [26-28Jul] Fotogalerias

Northlane - Hard Club, Porto [1Ago2018]
Realizado em plena época balnear festivaleira há mais de uma década, o NOS Alive revela-se cada vez mais como um produto de sucesso comercial, sendo talvez, atualmente, o festival de música pop/rock que mais público atrai dentro e fora de portas, esgotando sucessivamente ano após ano, assim como aquele que cria mais burburinho na massa populacional portuguesa e comunicação social. Esta sua décima primeira edição não piorou em números, certamente.

Se há cerca de dois anos mencionávamos os “piqueniqueiros” como algo não particularmente bom, somos agora obrigados a simplesmente aceitar esse facto como um tipo de fauna festivaleira: público desinteressado, demasiado estético mas pouco ético, que predominou essencialmente o recinto sobrepovoado de Algés. Todos devemos ter o direito à diversão, mesmo que essa diversão implique estar num festival de “música e arte” sem prestar a atenção que, apesar de simples, a arte popular requer, não obstante ser uma postura válida q.b. essa não deverá (ou deveria) ser a norma da generalidade do público. Não é particularmente chocante este tipo de atitude tendo em conta os valores intrínsecos ao próprio festival que, apesar de tudo, ainda queremos ver como algo educativo, porém com a tendência do afastamento do público interessado ou o consecutivo aumento do preço dos bilhetes, a esperança parece esfumar-se a cada ano que passa. O NOS Alive, em 2018, mais do que um “festival de música e arte” é um festival da nostalgia.

Abertura, Quarto Quarto, Vermú e Juana Molina

Alinhamento pouco ortodoxo para o primeiro dia de festival onde a faixa etária dos presentes era invariavelmente baixa muito devido ao boom de popularidade dos britânicos Arctic Monkeys. Antes disso, avistamos Bryan Ferry a tentar ressuscitar um público pouco dado à experiência romantizada dos anos oitenta. Com exceção de “Bête Noire” e “Slave To Love”, épicos slows sofistas, grande parte do alinhamento foi preenchido pelo acervo musical dos subvalorizados Roxy Music, sendo os pontos altos da atuação a interpretação de “Ladytron”, com direito a uma introdução impecável de saxofone soprano, e “Avalon”, deixada para o fim. De salientar também as novas roupagens e dimensões amadurecidas de praticamente todos os temas, reinterpretados agora por um conjunto de oito pessoas e recurso à mais variada panóplia de instrumentos musicais. O Rock & Roll “Let’s Stick Together”, original de Wilbert Harrison, encerrou um concerto digno de um aparente jovial mas experiente Bryan Ferry.

Bryan Ferry e Wolf Alice

No mesmo palco e ainda de dia seguiram-se os norte-americanos Nine Inch Nails, regressando a Portugal nove anos depois da sua última passagem (no festival de Paredes de Coura). Fumo preenche o espaço vazio enquanto David Bowie ecoa pelo recinto. As típicas gravações captadas pelos cameramans do festival são substituídas primeiramente por ecrãs totalmente negros e, posteriormente, por captações visuais live a preto e branco fornecidas pela própria banda, fazendo visualmente jus à crueza sónica e ao conteúdo lírico algo denso de alguns dos seus temas. Trent Reznor metralha música, eternos clássicos conjugam-se com temas hodiernos sem que este necessite de proferir grande coisa. “Piggy”, resgatado de The Downward Spiral (1994), é interpretada auxiliada por um telemóvel que continha gravações vocais de Reznor, que, debruçado sobre o microfone, insere o seu timbre vocal direta e indiretamente sobre o PA do festival. Se Bryan Ferry, do alto dos seus setenta e dois anos transbordou a classe de uns cinquenta anos de idade, o mesmo se pode dizer de Trent Reznor que apesar dos seus cinquenta e três anos, não abrandou a pulsação e manteve-se enérgico sempre que se pedia.

Nine Inch Nails © Everything is New / Arlindo Camacho

Sendo sucedidos por uns Snow Patrol moribundos, colocar o peso musical dos Nine Inch Nails num slot abaixo da mesma é no mínimo caricato, ainda mais pelo tempo de atuação que lhes foi concebido: cinquenta e cinco minutos. Não parece que tenha sido a opção mais acertada, especialmente quando poucas horas depois é anunciado um novo concerto por parte da banda escocesa desta feita no Campo Pequeno. Mais uma vez, o marketing ganhou à música. “Head Like A Hole”, hit de 1989, o segundo desse mesmo ano após “Wish” abrir o concerto, encerra o alinhamento regular, tendo as hostes do encore sido reservadas para “Hurt”, eterno tema da banda de Cleveland, tocada sobre um lusco-fusco apaziguador, dando por finalizado um concerto que soube a pouco.

Snow Patrol e PAUS & Holly Hood

Sensivelmente dois meses passados desde que Tranquility Base Hotel & Casino aterrou no radar das rádios indie, os britânicos Arctic Monkeys chegam ao Alive ao fim de o apresentarem para regozijo do público maioritariamente adolescente presente. Com uma fanbase totalmente renovada, assim como a sua música (não que isso seja propriamente bom, muito pelo contrário), o quinteto apresenta-se com um visual à setentas com Alex Turner de blazer branco e óculos à Elton John, a passar mais tempo junto do seu teclado do que da guitarra. Vale a pena referir Elton John novamente? O cenário, todo ele renovado, transmite uma falsa ideia de época: lê-se um Monkeys luminoso e em itálico. Lembramo-nos de cenários semelhantes, especialmente aquele apresentado pelo conjunto The Monkees, esses que, de facto, viveram os anos setenta.

O público que povoava a zona mais fronteiriça do palco NOS demonstrava saber e viver tanto o seu mais recente disco como também AM, claramente o mais amado pelo público presente. Ficou claro que para os presentes os discos pré-AM não existem, algo que parece pronunciar-se também dentro da própria banda, ou não tivesse esta retirado o peso que sempre conferiu a “505” (de Favourite Worst Nightmare), agora longe de terminar concertos, junto com a tirada humorística que Turner profere antes de investir em “I Bet That You Look Good On The Dancefloor”, assumindo o crowd-pleasing deste que parece ser o único dos temas antigos que sobreviveu à nova geração de fãs.

A atuação em si revela-se pouco sumarenta, algo que já se esperava tendo em conta a parca qualidade dos seus últimos anos enquanto banda. Houve “The View From The Afternoon”, uma “Cornerstone” digna de fazer chorar meninas de 15 anos e uma “Pretty Visitors” arrebatadora apesar da mudez da plateia. “Star Treatment”, aquela que será a melhor canção do disco, não passando mesmo assim da banalidade, foi deixada para aquecer o encore, sendo este seguido por “Arabella”, o tal tributo a Black Sabbath, e encerrado por “R U Mine?”. Plateia ao rubro, concerto requentado.

Após Product (2015), funcionando como uma compilação de singles, e o novíssimo Oil Of Every Pearl’s Un-Insides assumindo-se como candidato sério a álbum do ano de muitas webzines e imprensa independente, SOPHIE estreia-se em Portugal a fim de apresentar o seu trabalho enquanto produtora musical emergente. Não se sabendo se esta se apresentaria em live act ou DJ set, apercebemo-nos que talvez esta atuação tenha caído mais sobre a segunda opção. Foi uma atuação curta e dividida em duas fases: a primeira – cerca de vinte minutos de tech/chillhouse, música de clubbing não particularmente memorável, portanto, onde a artista interrompe o set para ir beber algo deixando o público, maioritariamente desconhecedor do seu trabalho, completamente atarantado. A segunda – play/pause da última faixa do seu disco “Whole New World / Pretend World”, a funcionar como resposta a um suposto encore prolongado, depois de uma pausa de uns minutos onde não aconteceu nada. Adjetivos para isto, dois: inesperado e desilusão.

Arctic Monkeys © Everything is New / Arlindo Camacho

 

Ao início do segundo dia o Eels mostraram que eram os cinquentões mais cool do pedaço, sempre bem dispostos, conversadores e debitando um rock alternativo clássico de fim de 90’s/early 00’s que apesar de não muito exploratório, é invariavelmente bem feito, conseguindo captar a atenção pelo modo descomprometido e verdadeiro como é tocado. A surpresa de todo o festival. Ainda sobre os noventas (década em claro destaque neste dia), aos Yo La Tengo bastaram cinco músicas ampliadas (e amplificadas) ao máximo para lhes conferir uma das melhores atuações do festival. “Autumn Sweater” deu início ao holocausto sónico, icónico tema de 1996, revitalizado vinte anos depois. Mais ruidoso, assim como todo o repertório que os norte-americanos apresentaram. Duas incursões a esse I Can Hear The Heart Beating As One, um tema novo – “Shades Of Blue” - e outros dois de I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass (2006) culminando com os vinte minutos de “Pass The Hatchet, I Think I’m Godkind”, faixa de abertura (aqui de encerramento) onde Ira Kaplan assume posição de guitar hero, perdendo-se em solos frenéticos e ruidosos, cordas partidas e feedback, duas guitarras em palco a extrair a potência máxima que os amplificadores Marshall lhes poderiam conferir. Performance imaculada, rock a sério.

Eels, Yo La Tengo e Blossoms


Japandroids, Black Rebel Motorcycle Club e Kaleo

Já é de conhecimento geral a boa relação que os The National detêm junto do público português, atuando frequentemente no nosso país sempre com grande massa adepta das suas canções (exemplificando: nos últimos cinco anos a formação de Cincinatti atuou em Portugal por cinco vezes em locais e em contextos diferentes). Tendo a sua última passagem por Lisboa trazido já o seu novo trabalho na manga e o décimo aniversário do disco Boxer acontecer exatamente neste dia 13 de julho, esperava-se uma maior preponderância de temas daí retirados, porém tal não foi verificado. Não obstante, os norte-americanos proporcionaram uma exemplar atuação tendo em conta as não muito favoráveis condições proporcionadas. A sua música não é de todo festival friendly e interpretá-la num palco de grandes dimensões requer experiência, algo que Matt Berninger demonstrou muito bem ter.

É com “Bloodbuzz Ohio” que Matt e companhia começam a escalada apoteótica que tornaria este concerto digno de ser posteriormente lembrado. Tudo parece controlado. O público canta (em maior número do que aquilo que esperávamos), “I Need My Girl” apazigua as almas mais agitadas, preparando-as para uma nova mas não menos intensa “Day I Die” com Matt, mais uma vez a fazer uso dos seus 47 anos de experiência, descendo de palco e aproveitando os momentos menos empolgantes para se assumir como frontman, indo de encontro ao público português com direito a mic drop no final da performance. Não só Matt nos estimulava, também os irmãos Aaron e Bryce Dessner se movimentavam passivo-agressivamente ebulindo em si mesmos. “Graceless” vê Berninger estendido sobre a coluna esquerda do palco vociferando sentenças que não entendemos, “Fake Empire” arrepia. É com “Mr. November”, a única lembrança de Alligator, que atingimos o pico do carrossel emocional. Cervejas voam mais alto que os drones. “It takes an ocean not to break” seria provavelmente a última frase que escutaríamos não estivesse “About Today”, resgatada de Cherry Tree, E.P. lançado pela banda no Verão de 2004, planeada para funcionar como cereja nesta confecção de hora e quinze minutos. Sentiu-se a vida.

The National, Portugal. The Man e Future Islands

Villains não é convidativo, ...Like Clockwork não é confiante e estes Queens of the Stone Age atravessam a fase menos criativa da sua carreira onde nem a performance ao vivo disfarça um nítido cansaço geral. Assim como outrora os The Black Keys o tentaram atingir, chegou a vez da banda liderada por Josh Homme tentar chegar aos estádios fora dos Estados Unidos da América praticando um rock que, apesar de continuar encorpado, se revela muito menos interessante do que aquele que fora apresentado principalmente no início da década passada. Todas as bandas caem na teia mais cedo ou mais tarde e ao sétimo álbum, os Queens Of The Stone Age atravessam uma forte crise de meia idade. Não sendo essa crise tão gritante como aquela que os Arctic Monkeys atravessam, é definitivamente uma crise.

O espetáculo começou precisamente com “Feet Don’t Fail Me” e “The Way You Used To Do”, provas existenciais dessa crise, antecedidas pelo jingle do filme A Clockwork Orange. “A Song For The Deaf” não liberta a adrenalina pretendida e o comboio perde-se novamente. Somente à sétima música se vislumbra aquilo que eram os Queens of the Stone Age quando se encontravam no pico da sua forma. Josh Homme vai brincando com o público, terminando cada frase com um “motherfuckers” propositado. Songs For The Deaf continua a ser um marco na história do rock moderno, a plateia confirma-o impiedosamente. “Make It Wit Chu” a funcionar (ou a não funcionar) como única incursão a Era Vulgaris. Seguem-se “Go With The Flow” e “A Song For The Dead”, terminando um concerto que só ali parecia ter aquecido verdadeiramente. “Feel Good Hit Of The Summer” é surpreendentemente deixada de fora do alinhamento.

Queens of the Stone Age © Everything is New / Arlindo Camacho

 

Último dia de festival. Coreto. Primeira Dama. Vinte minutos para um concerto em tudo vencedor, em que o público-transição que sempre paira no recanto mais escondido da área festivaleira não terá feito jus ao potencial artístico de Manel Lourenço. Fundador da Xita Records - uma das muitas editoras independentes a surgir na área da Grande Lisboa - apresentou as suas canções pela primeira vez num grande festival com postura descontraída, boa abordagem à pop e algum desalento por ter sido vítima de um mal-entendido com a organização do evento. Termina visivelmente enfadado por ter visto o seu set encurtado, não antes de brindar os presentes um excelente cover de “Tiro-no-liro”, original de José Mário Branco.

Num dia há muito esgotado, dominado pela presença dos Pearl Jam no cartaz, os palcos secundários revelaram-se demasiado grandes para os curiosos ou todos aqueles que optaram por um recurso mais “alternativo”. Os nova-iorquinos Clap Your Hands Say Yeah regressam por fim a Portugal, mais de uma década depois do seu primeiro e único concerto no nosso país e presenteiam os poucos presentes, no agora denominado Palco Sagres, com um alinhamento equilibrado, privilegiando sobretudo os trabalhos iniciais do grupo. Temas como “Is This Love?”, “Satan Said Dance”, “Yankee Go Home” foram recordados, tendo cabido a “Heavy Metal” as honras de encerramento de um competente mas totalmente ignorado concerto. Condições algo injustas neste regresso de Alec Ounsworth e companhia. Esperemos que regressem num futuro próximo para um espetáculo digno em nome próprio.

Clap Your Hands Say Yeah © Everything is New / Hugo Macedo

Marmozets, The Last Internationale e Real Estate


Franz Ferdinand, Lotus Fever, Mallu Magalhães e 800 Gondomar


Tempo de espera. Os dinossauros de Seattle chegam quinze minutos atrasados e sem pressas: “Low Light” e “Black” são as primeiras canções apresentadas perante o mar de gente que inundava praticamente todo o recinto fronteiriço e circundante do Palco NOS. Com todas as atividades no recinto estagnadas - não havia nada a acontecer durante o concerto dos norte-americanos - as mais de 55 mil pessoas que há muito haviam esgotado tanto os bilhetes diários como os passes gerais acumulam-se naquele ponto do recinto, tornando o espaço em algo tão escasso como água no deserto.

A afinidade que tanto Eddie Vedder como toda a banda norte-americana detém perante o povo português é imensurável, visível tanto com a descontração de Vedder aquando do ato de se dirigir ao público, perguntando se está tudo num português macarrónico antes de “Daughter” ser iniciada, tanto como no igual à vontade com que o público respondia aos seus apelos com recurso a cartazes ou até à própria voz. À décima canção, mais precisamente “Even Flow”, podemos fechar o bloco de notas porque o concerto está ganho. Multidão em uníssono em grande parte dos temas inclusive em temas mais recentes de qualidade dúbia: duas gerações em sintonia, provando que os Pearl  Jam superaram graciosamente o desafio da idade, cativando com as velhas e as novas glórias. Algo que muitos ambicionam mas poucos conseguem. Destaque para uma “Go” que matou a saudade do rock inicial do conjunto logo na fase inicial da prestação e para a sua nova canção intitulada “Can’t Deny Me”, interpretada pela primeira vez no nosso país.

A verdade é que, não parecendo, já se passaram oito anos desde a última vinda dos Pearl Jam a Portugal, a saudade já apertava, tendo sido libertada com a espantosa entrega simbiótica banda-público em “Black”, eterna balada de Ten (1991), gritada a plenos pulmões por milhares de pessoas. Eddie Vedder já não tem idade nem pujança para fazer os stage dives a que nos habituou nos anos noventa, contudo o palco - e tudo o que o circunscreve - é dele, dividindo as margens com McCready, guitarrista solo que também não poupou energia durante esta “Black” que toca nos sentimentos de qualquer mortal. “Rearviewmirror”, canção proveniente de Vs., o seu segundo álbum, encerra o primeiro ato desta peça com o actor principal a atirar pandeiretas ao público.

Para o segundo ato estaria reservado uma performance solo/acoustic de Eddie Vedder, interpretando “Imagine” (John Lennon) e “Confortably Numb” (Pink Floyd), primeiro sozinho e depois com banda. Segue-se a frenética “Porch” com direito a introdução de “Seven Nation Army”, provando que Jack White nunca está sozinho em nenhum festival onde toque, uma muito bem conseguida “Alive” (que funcionou como música promocional deste próprio festival numa encarnação com outro nome) e, para finalizar, “Rockin In The Free World”, cover de Neil Young, desta feita com a presença de Jack White em palco, músico pelo qual Eddie Vedder admitiu sentir grande admiração, encerrando um magnífico concerto que estendeu a sua duração para mais meia-hora do que o esperado. É difícil para uma banda de grande proporção conseguir presentear os seus fãs com um espetáculo especial e intimista, mas os Pearl Jam conseguiram-no com uma imensa facilidade.

 

Pearl Jam © Everything is New / Arlindo Camacho

 

Prejudicados pelo atraso significativa da atuação da única grande banda sobrevivente do período grunge, os At The Drive-In viram-se obrigados a reduzir o seu alinhamento em cinco temas, proporcionando um concerto que pouco passou da meia-hora de duração. Sem luxo para muitas demoras, o quinteto de pós-hardcore de El Paso caçou o ainda pouco público presente com uma atuação enérgica onde Relationship Of Command dominou face aos outros registos da banda. O mosh pit e os headbangs foram frequentes ao longo de toda atuação. “Pattern Against User” e “One Armed Scissor”, dupla poderosíssima de temas, deram por terminada uma festa ainda recém começada. O público pediu mais, os At The Drive-In justificam-se culpando a organização por não os ter deixado começar a tempo e exigir-lhes um final precoce. Algo que continuamos sem entender.

At the Drive-In e Perfume Genius


Também devido ao atraso proporcionado pelo prolongamento do concerto dos Pearl Jam, os MGMT iniciam a sua atuação quase uma hora depois do previsto, não se mostrando particularmente felizes por esse facto. Com Little Dark Age na bagagem, um surpreendente regresso após um falhado álbum homónimo, o grupo provou ser capaz de cativar a atenção dos transeuntes com a sua pop electrónica, entregando um bouquet de canções bem delineado com forte incisão no percurso mais dançável dos norte-americanos, assumindo as suas funções de DJ emprestados para animarem este calmo afterhours. Três da manhã quando “Time To Pretend” ecoa no recinto. Apesar de já estarem no seu quarto registo discográfico, é com os singles de Oracular Spectacular que grande parte da plateia vibra, registando-se um ambiente quase perfeito para uma degustação madura da sua performance. Encontramos algo que já havíamos esquecido: espaço.

Destaque ainda para a dupla “Flash Delirium” e “Siberian Breaks”, únicas incursões a Congratulations, tocadas de seguida, antecipando uma muito nostálgica “Electric Feel”. A maxi-version de “Kids” viu ser-lhe aplicada um medley onde constaria “Seven Nation Army” - mais uma referência à presença de Jack White no festival, sendo esta a terceira versão que se escutou só neste dia - e um cover pleno em vocoder do clássico eurodançável de 1999 “Kernkraft 400” de Florian Zenfter aka Zombie Nation. “TSLAMP”, sem dúvida um dos melhores temas deste seu novo trabalho, demonstra todo o seu potencial em modo live, resultando bem apesar de o público ter vindo a desaparecer gradualmente ao longo da atuação de Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser. “The Youth é escolhida para encerrar uma prestação vencedora quando já nos aproximávamos perigosamente das quatro da madrugada.

Um lance imprevisto a finalizar esta décima primeira edição de festival que, enfrentando as típicas dores de crescimento adjacentes, parece não ter dimensão para tanta demanda, parecendo o atual recinto já algo pequeno para tal conciliação massiva de seres-humanos. Por enquanto não se esperam alterações geográficas, estando a próxima edição planeada para os dias 11, 12 e 13 de julho de 2019.
por
em Reportagens
fotografia Joana Jesus


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