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NOS Primavera Sound 2019 - Dia 2 [7Jun] Texto + Fotos

02 de Julho, 2019 ReportagensJorge Alves

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NOS Primavera Sound

NOS Primavera Sound 2019 - Dia 3 [8Jun] Texto + Fotos

NOS Primavera Sound 2019 - Dia 1 [6Jun] Texto + Fotos
E assim chegou o segundo dia do NOS Primavera Sound, aquele com a controversa e tão criticada presença de J Balvin. As opiniões dividiram-se e o mesmo se verificou com a audiência: enquanto uma parte comprou bilhete para saborear os sons festivos do colombiano, a outra de tudo fez para se refugiar desse ambiente.

Falando disso mesmo, há que dizer que o ambiente neste dia roçou, em certas alturas, o insuportável, muito por culpa do barulho do público. Terá sido o que veio ver J Balvin? Talvez sim, talvez não - recorde-se que já em 2016, por exemplo, o mesmo ocorreu e o cartaz desse ano não era tão arriscado. Contudo, a verdade é que acabou por ser verdadeiramente irritante ver, entre outras coisas, a talentosa Nubya Garcia tocar numa atmosfera mais indicada para uma esplanada (ou mesmo tasca) do que para um festival. A saxofonista britânica, que nos últimos anos se tem afirmado como uma das mais promissoras artistas do novo jazz europeu, merecia melhor. Felizmente, estará em Braga no próximo mês de julho e espera-se que aí beneficie do clima adequado para uma noite memorável.

Quem teve mais sorte foram os Sons of Kemet, coletivo de jazz exótico e de forte sentimento caribenho, liderado pelo carismático e enérgico Shabaka Hutchings, saxofonista, frontman e, de certa forma, líder espiritual deste tão singular grupo. A sonoridade aqui bebe da tradição do jazz, mas grita festa, é dinâmica e quente, e talvez por isso houvesse tanta gente aos saltos, a dançar ou simplesmente a sorrir, celebrando como se o amanhã não fosse uma realidade. Não sendo a estreia do grupo britânico em Portugal, foi, muito possivelmente, a atuação que os consagrou, ainda que só o tempo dirá se as boas recordações deste excelente concerto perdurarão na memória de quem só neste dia descobriu a banda.

A exemplo de Nubya Garcia, também se pode dizer que Aldous Harding merecia outras condições, mas aqui o problema não foi o ruído do público (que até estava genuinamente interessado no concerto), mas sim o ruído que emanava do Palco SEAT, onde atuavam os sul-coreanos Jambinai. Não se pode culpar a banda, como é óbvio, apenas foi lamentável observar um triste cenário que, num mundo perfeito que não existe, seria evitado. Contudo, mesmo com a indesejada interferência sonora em determinadas alturas, a artista neozelandesa proporcionou uma bela demonstração do impressionante, quase arrepiante, dom com o qual foi abençoada, esse dom que lhe permite criar composições de folk sedutoras, agradáveis, mas também emocionalmente densas. Possui igualmente um carisma muito próprio, algo que se nota ao observar a sua postura peculiar (sobretudo nas caras que faz e nos olhares que lança), mas adorável - é a rapariga ligeiramente estranha que acaba por cativar quem com ela se cruza, porque ser estranha torna-a intrigante. Resumindo, Aldous voltou a encantar - outra coisa não se esperava. Espera-se, isso sim, um regresso para breve, se possível na intimidade emocional e física de uma sala - é aí que a sua música deve ser ouvida e onde se quer senti-la.

Destaque também, ao final da tarde, para a atuação de Surma, no Palco SEAT. Foi curioso ver a artista leiriense tocar para uma plateia já numerosa (sobretudo para um final de tarde), consequência não só da posição central do palco, como da popularidade que certamente ganhou ao participar no Festival da Canção. Contando com a ajuda preciosa de dois performers, um rapaz e uma rapariga que ora dançavam, ora se abraçavam, ora se despiam (até certo ponto), esta interessante e bem-vinda vertente cénica não só transformou o concerto numa experiência cultural mais enriquecedora, como permitiu a Surma enfrentar melhor a relativa timidez que a caracteriza (e que acaba por fazer parte do seu charme, de uma maneira muito especial), ainda que um maior conforto em palco seja cada vez mais notório - sinal de que o tempo de estrada lhe tem feito muito bem.

E o que escrever sobre a lenda que é Liz Phair? Que foi maravilhosa? Check. Que foi emocionante vê-la? Check. Ok, longe vão os tempos de Exile in Guyville, seminal estreia de 1993; obviamente que Liz envelheceu e já não tem exatamente aquela figura de jovem descomprometida da sua juventude, mas a nostalgia é uma coisa poderosa e, nesta noite, bateu bem forte. Temas como “Supernova”, “Never Said” ou “Fuck and Run” ecoaram não só pelo Parque da Cidade, como pelos corações de quem cresceu com eles ou, pelo menos, quem neles encontra um indescritível significado emocional. Foi o concerto que definiu esta edição do Primavera? Não. Precisava de o ser? Também não. Foi uma apaixonante viagem revivalista por parte de uma senhora que fez história, e isso basta.

Já no início da madrugada, marcava o relógio uma da manhã, JPEGMAFIA entrou em palco para partir tudo com o seu rap corrosivo, bizarro, cheio de recortes e colagens e munido de rants de um típico millennial, de quem tanto critica Donald Trump como deseja que o músico que mais odeia (Morrissey) morra o mais depressa possível. Um comentário que bem podia aparecer nas internets desta vida e ser visto como um ato de um troll à procura de se alimentar de controvérsia, mas que é, neste cenário, proferido por um dos mais talentosos rappers dos dias de hoje. Contudo, é curioso como o músico adota uma atitude particularmente afável com a sua audiência, sendo que esse contraste acaba por constituir um dos pontos mais fascinantes da sua performance. O outro é, claro, a descarga de adrenalina que oferece através de uma atuação intensa, selvagem e que praticamente se assemelha a um concerto de hardcore. Por muito interessante que este senhor seja em estúdio - Veteran foi um dos trabalhos de hip-hop mais empolgantes de 2018 - é precisamente ao vivo que a magia se instala verdadeiramente, que se sente que o rapper está no seu habitat natural e que se obtém a real “experiência JPEG”. O resultado foi um dos melhores concertos do dia, do festival e de 2019 - que interessa o ano ainda estar a meio?

Pelo meio ainda houve uma grande passagem pelo palco SEAT por parte dos canadianos Fucked Up, que uma vez mais brindaram o público português com o seu hardcore superdivertido, e que até contaram, desta vez, com a participação da Escola do Rock Paredes de Coura. Melhor do que isto só se tudo tivesse ocorrido num espaço mais intimista (que saudades da Tenda Pitchfork).

Destaque também para a produtora e DJ Jasss, que decorou o Palco Primavera Bits - esse santuário da eletrónica estreado no ano passado - com as pulsantes batidas do seu techno denso e experimental, e para uma deveras competente atuação da australiana Courtney Barnett. Consolidada a sua reputação como uma das mais talentosas figuras femininas da atualidade musical, contagiou os presentes com rock de qualidade e a sua atitude despreocupada, mas encantadora, de quem é capaz de gozar consigo própria - a ironia em certas histórias que conta está bem presente - mas que leva bem a sério o que faz; neste caso, música de guitarras, por vezes mais suave, outras vezes com mais garra, mas sempre cativante.

Dia 2 - Parte 1


Dia 2 - Parte 2


Dia 2 - Parte 3
por
em Reportagens
fotografia Hugo Adelino


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