
WIFE, o projeto a solo de James Kelly (Altar of Plagues) e a primeira metade desta proposta da Amplificasom, guia-se em parte pela ausência de forma, pela ambiguidade dos corpos. É uma eletrónica onde gravita uma textura densa mas que, ao contrário da arquitetura sonora de um Ben Frost ou de um Tim Hecker, conjuga a implosão com a ausência, com o silêncio. Não se edifica, mas rasteja numa ruína.
Na sua música há espaço para gravações amadoras, sons ambiente e processamento. Kelly explora essas atmosferas e segue-as de artilharia industrial, arrematando tarolas e kicks. Esta sequência criava uma imersão poderosa, refletida no público. A Cave 45, quase esgotada, estava cheia de pessoas absortas durante o set, alienadas da realidade.
Muita gente que viu o seu celebrado concerto no Amplifest 2015, voltou para uma segunda dose. Já há um modo de celebração em torno de WIFE. Percebe-se porquê: o projeto de James Kelly é inesperado e ao vivo é um successo.