
Noite fria e chuvosa no Porto, porém não foi isso que fez as pessoas desistirem de se deslocarem ao Coliseu, que se encontrava esgotado há já algumas semanas.
A primeira parte coube aos Oso Leone que voltam a apresentar o seu segundo longa-duração Mokragora em terras lusas, pela segunda vez este ano, depois da passagem pelo Vodafone Paredes de Coura. Os Espanhóis, naturais de Maiorca, debitaram o seu pop minimalista a roçar o psicadélico que fez "voar" muitas das pessoas para fora do recinto do Coliseu. Não fosse o clima de ''praça'' presenciado na zona da plateia e o objetivo teria sido concretizado com uma melhor eficácia, só nos vem à cabeça o pobre James Blake de Paredes de Coura. Foram 30 minutos intensos, em que quem lá entrou de mente aberta para ver a banda saiu certamente satisfeito.
Italianos, Ingleses, Irlandeses, Espanhóis, Russos... eram muitos os estrangeiros que se deslocaram a Portugal para ver ''estes'' Placebo, uma banda com mais de 20 anos e já com alguma história que demonstra deste modo que ainda move multidões e esgota digressões, ou pelo menos, as duas datas em Portugal. O clima era de euforia, o alinhamento espectável. Com um álbum e um EP lançados recentemente, seria de esperar que este concerto incidisse mais nos trabalhos recentes, e assim o foi. Não se esperava é que se “esquecessem” de grande parte dos álbuns iniciais. Nenhuma música do primeiro álbum e uma dos dois álbuns seguintes é algo que não entrou muito pacificamente na nossa cabeça, mas isso são outras contas...
O concerto iniciou-se a todo o gás com “B3” e “For What It's Worth”, nas quais se viu que o público, apesar de no geral ser dos 30 para cima, ainda adora os Placebo atuais, cantando esta e outras faixas novas na ponta da língua. Este início de concerto foi uma debitação interminável dos seus mais recentes trabalhos, não fosse “Every You And Every Me” lá pelo meio e pensávamos que estávamos a ver uma banda Pop/Rock recente de qualidade duvidosa. Foi apenas à DÉCIMA PRIMEIRA canção que a banda de Brian Molko se debruçou sobre um tema pré-2010, falamos de “One Of A Kind” (tema retirado de Meds e que fez as delícias do público feminino presente). É então este o momento em que os Placebo se lembram que têm já 20 anos e começam a tocar as músicas mais badaladas dos seus registos mais antigos: “Meds”, tema homónimo do álbum que logo a seguir ao recente Loud Like Love, foi o disco com mais destaque na noite. “Special K” e “The Bitter End” explodem com o público: saltos, gritos, foi o delírio nestes últimos dois temas antes da banda sair para o encore.
Os Placebo (que ao vivo contam com mais 3 membros em palco) voltam para o início do fim (“Begin The End”, mais um tema de Loud Like Love). O famoso cover de Kate Bush – “Running Up That Hill”, “Post Blue” e “Infra-red” (mais dois temas de Meds) dão então por terminada atuação da banda londrina, em que Stefan Olsdal (com a bandeira gay pintada no baixo) se mostra mais comunicativo que o próprio vocalista. Um concerto morno que pecou pelo alinhamento e pela performance tipo piloto-automático que a banda apresentou. Não houve direito a “36 Degrees”, “Teenage Angst”,”Taste In Men”, “No Answers”, “Pure Morning”, “This Picture”, “Special Needs”, etc... ou seja, toda a fase que os tornou famosos, o que nos leva a levantar a questão: quem são os Placebo atualmente!?? Certamente, não os mesmos de há 10 anos atrás, nem ao vivo nem em estúdio.
A verdade é que o público esteve com a banda do início ao fim e após o concerto pudémos ver as imensas groupies da banda nas traseiras do Coliseu à espera de uns mimos de Brian e companhia.
Esperemos que os Placebo de outrora voltem e que os atuais repensem no estatuto que têm e no que andam a fazer...