Nuvens e croquetes voadores '14
E quem nunca foi ao FMF não sabe do que se trata, e quem foi também fica a viajar numa sonoridade que colide com outra.
O Fundão Music Festival aconteceu antes da Páscoa, não teve direito a ovo nem coelhos, teve croquetes que é muito mais à frente. Mas já lá vamos...
De uma decisão nada unânime lá fomos ao Fundão Music Festival, uns pelos estranhos (no bom sentido) Dear Telephone, outros pelos puntz puntz de Stereossauro e companhia, não esquecendo a grande ascensão no panorama musical de Regula, que encheu a casa.
Um pouco deslocados, os Dear Telephone, deixaram no ar a primeira grande nuvem auditiva que infelizmente a poucos tocou, talvez fosse invisível aos muitos que apenas tinham fome e sede. Tocaram para pouco mais de 60 pessoas (se eram 60...) mas fizeram juz ao seu nome, ao seu som, com o fumo a envolver o que já nem os jogos de luz deixavam ver, apenas os ouvidos apanhavam o espectáculo que ali acontecia, tímidos mas fortes, agradavam a alguns e ainda conquistaram terreno pouco a pouco, tocando cerca de uma hora, acabaram com a casa a encher. Os esfomeados vinham aí...
E é assim que entra o PZ, o público queria croquetes e ficção científica, ele estava de pijama e pantufas. Começa sem grandes ecos e com quase petições para o seu hit absoluto ''Cara de Chewbacca'', dançando em tom de gozo num espectáculo simples, como se pede, o povo conseguiu o que queria e assim saciaram já umas centenas de pessoas com croquetes voadores e caras de Chewbacca, esta com direito à própria em palco... bom para descontrair, bom para mudar o ouvido para o que ainda falta no FMF.
Muita cerveja e muito fumo. Entra Regula e a casa cheia, eufórica, conta com muita gente em segundo andar para apreciar melhor o espectáculo, todos gostavam, todos cantavam, todos sabiam de cor a musica de Regula e da sua 'crew' que enchiam o palco. A bebida e o muito fumo no ar faziam ponte para o que se sentia ser uma noite de eleição junto dos que lá estavam, um concerto enérgico, Regula sabe chamar o seu público e eles sabem responder à altura, não havia uma mão sem cerveja, uma mão sem uma mortalha enrolada, uma mão sem estar a pegar fogo ao pavilhão que estava ao rubro, sobretudo na conhecida música ''Soteiro'', presente na segunda mixtape dos Orelha Negra e que os ouvidos também conhecem da rádio, não havia uma palavra perdida, e ainda um momento quente e de alguma ternura quando os isqueiros acenderam para celebrar uma dedicatória feita às mulheres, ''Elas'' terminou sem que as chamas se apagassem. ''Casanova'' proporcionou um último momento de euforia no Pavilhão, onde o público demonstrou saber a letra de trás para frente do single de avanço do seu útimo trabalho ''Gancho'', lançado em 2013.
Com os ouvidos habituados ao agressivo sonoro presente, nem se nota a passagem para Stereossauro, não fossem as mãos a dar lugar aos pés e corpos que se sintonizavam e emanavam energia num misto de sonoridades que iam desde o hip-hop a ''misturas'' de fado (mais propriamente a música ''Verdes Anos'' de Carlos Paredes). A noite não acalmou, eram 3:00h e ainda se viajava no Jurássico, seguido por Slimcutz, mostrando o porquê de ter ganho por quatro vezes o Portugal Scratchchampionship e ainda acabando ao som de Lollipopz, um DJ da zona, conhecido pelo público, presente pelo segundo ano consecutivo.
A noite acabou tarde, merecemos pulseira, um feedback temporário nos ouvidos (piiiiii) e ainda um belo dia de neve ali bem perto.
