Este fim de semana decidimos viajar até à inclinada Covilhã, e ver o que por lá se passava.
Fomos levados pelas estreitas e labirínticas ruas, até chegarmos ao "Armário", um espaço que explicado por palavras, se torna deveras difícil. Começando pelo pormenor de estar localizado num prédio, onde o espaço não parece ser problema. Sendo uma espécie de "fraternidade", onde um grande grupo de amigos se encontra para vários tipos de atividades, o "Armário" realiza desde a concertos, jantares, festas, e muito mais.
Este fim de semana estava a decorrer o "Rock in Ronny", um festival, que contava com a presença de várias bandas. Mas como só lá estivemos nestes dois dias, só conseguimos ver três.
Com o jantar ainda a ser digerido, subimos as escadas e lá estava o "Armário" com já algumas pessoas a confraternizar, tanto nos corredores como na sala, o ambiente estava animado com muitas pessoas a vaguear de um lado para o outro, nos últimos preparativos para o primeiro concerto da noite. "When The Clouds Turn Red" eram os primeiros a actuar no quarto, que com os seus três metros quadrados, conseguia resistir a todo o tipo de música. A banda com os seus três elementos, já estava preparada para começar. O espaço começou a encher, e os instrumentos começaram a vibrar. Com apenas cinco músicas na setlist, foi um bom inicio para uma noite que se aguardava fria na rua, mas quente no meio de um grande aglomerado de gente.
Com umas boas dezenas de pessoas a tentar arranjar o melhor espaço no mais pequeno palco de sempre, o tempo lá foi passando com as músicas variadas do Trio Transmontano. Mas o que todos aguardavam era pela banda anfitriã: "El Ronny Closet Machine", composta por dois residentes do "Armário".
Depois do primeiro concerto, e com vontade para mais, o público foi passeando pelos corredores e por todos os compartimentos. Todos estavam a aguardar o concerto da noite.
Posso dizer que depois de ter conhecido um pouco a realidade do espaço, e também de alguns dos elementos da banda, estava duvidoso pelo que ia ouvir. Não sabia o que esperar, se algo que me deixa-se extremamente surpreendido, ou algo que me passasse completamente ao lado. A verdade é que nem uma nem outra, foi uma espécie de surpresa acoplada com um pouco de comédia à mistura. Foi estranho.
Com as luzes apagadas, e com o público em êxtase, a banda foi entrando pelo meio da pequena multidão apresentando desde logo uma vestimenta, que não podia escapar a ninguém. Todo o cenário parecia retirado de um filme, pois com o inicio da primeira música logo se entendeu que iria ser um dos concertos mais estranhos, ou mesmo, um dos mais non-sense de sempre. Com várias músicas, em que muitas delas não cheguei a entender ao certo o que se passava, a verdade é que foi um bocado bem passado, com alguns momentos em que o público entrou em delírio com os já habituais "moches", e outras em que as mãos se esticavam no ar com alguns covers que todos nós conhecemos.
Todo o enredo parecia que não estava a acontecer, pois com varias alturas em que ninguém conseguia entender, se era o fim de uma música ou se ainda estava a meio, a verdade é que muitas das vezes não interessa só tocar para o público, mas também soltar umas gargalhadas e esquecer um pouco o que se passa no dia-a-dia.
Foram uns bons minutos em que muitos risos foram ouvidos, e muitas pessoas foram completamente amassadas de um lado para o outro.
No final soube a pouco, parecia que queríamos um pouco mais de loucura com uns toques musicais, mas já se estava a fazer tarde, e com o evento a decorrer em pleno prédio, podemos dizer que não era o melhor sitio para se fazer barulho. Era esperar pelo dia seguinte...
Era sábado e lá estávamos nós, de novo a dirigirmos-nos para mais uma noite diferente, desta vez com a força de "Vomito na Cruz", com o seu metal pesado. Foi surpreendente o número de pessoas que se encontravam num espaço tão pequeno.
A banda a apresentar o seu EP de estreia, e com o seu auto intitulado, "Vomito Metal", podemos dizer que ficou acima das expetativas.
Com um género que pode não ser do agrado de muitos, posso dizer que depois do que tinha ouvido, e depois de ver o espaço e as condições do dito palco, o som foi muito melhor do que estava à espera. Com muitas músicas repetidas, devido ao pedido constante do público que não queria acabar aquele sábado com os ouvidos completamente ensanguentados, a banda deu conta do recado, e conseguiu manter todas as pessoas a esmagarem-se, literalmente.
Com as horas a passar, e de novo com o fim a parecer cada vez mais próximo, posso dizer que nunca me vou esquecer de uma das últimas palavras do vocalista:
"Eu sonho um dia acordar, e ver todas estas montanhas, cheias de vomito!!!"
E foi assim que se passou um bom fim de semana pela Beira interior.
Para o ano há mais...
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Texto por Pedro Freitas
Fotos por Pedro Freitas e Eduarda Mesquita
