
De volta a Lisboa, mas com casa diferente, os Soviet Soviet encheram o Sabotage Club de um pós-punk barulhento e ensurdecedor que nos fazia sentir as tíbias a tilintar dentro dos nossos corpos.
Sem banda de abertura, foi levar com os italianos diretamente na cara, foi explodir logo dentro dos sonoros soviéticos que rebentavam de um baixo ''bacalhau'' cheio de truques e manhas. Com 3 álbuns no bolso, espremidos para aproximadamente 1 hora e 15 minutos de concerto, fizeram-nos cantar, suar e saltar. Pena o público não ser mais fervilhante mas a timidez ou, talvez, alguma falta de interesse, não deu para mais. Desde conversas de tasca a publicações no Facebook, com faróis retangulares a encadearem os vizinhos, a falta de energia vinda do lado de cá era cada vez mais marcante naquele que podia ser um concerto de cortar a respiração e de sair de lá com umas quantas pisadelas nos dedos dos pés.
Temas como “Further” e “1990” ainda fizeram o pessoal saltar e prestar mais atenção, ambas do último álbum, Fate, lançado em 2013. O momento de fechar os olhos e deixarmo-nos levar pelos arrastos da guitarra e os gritos profundos do baixo, ocorre ao som de “Hidden” quando o ambiente se tornou mais sonhável... "dreamy". Já perto do fim, a banda aproveitou as suas influências live de A Place To Bury Strangers e alteraram a direção das colunas para todo o ruído destorcido vir direito para nós. O baixo ficou deitado e a pedaleira transformou-se numa turntable. O pós-punk deu lugar a um drone gritado por um fã (com uma tshirt de Bambara) que terminou com olhares de duelo entre palco e plateia. O noise intensificou o fim da atuação que merecia encore hoje, amanhã, depois de amanhã... todos os dias.
O Porto que se prepare, que pelo que a experiência diz, o público vai esmagar dedinhos e fazer rolar cabeças.