Dia 17
Dia 17 de Julho significa o início do 20º Super Bock Super Rock (5ª no Meco) e as hostes de abertura couberam aos Million Dollar Lips, uma banda que nos mostrou o que não fazer numa atuação ao vivo. Falhas constantes na interpretação das músicas (o som também não ajudava), uma voz esganiçada e uma sonoridade desprovida de qualquer tipo de particularidade levou a que este concerto tenha sido o pior do dia, e talvez, o pior da edição deste ano do Super Bock Super Rock. Um concerto que contou com pouco público no início e ainda menos no fim. Tudo isto, levou a que este concerto tenha passado completamente ao lado de todos os restantes do festival. Sinceramente, não entendemos como é que ainda se apostam em cópias recicladas de bandas que tiveram na berra nos 80's e 90's (*cof* Depeche Mode e Nine Inch Nails *cof*) Definitivamente para esquecer.

A abrir o palco principal e praticamente a abrir o festival, sobrepondo-se ao palco EDP já com uma atuação a meio, os Vintage Trouble aparecem vindos do nada mas o nada transformou-se em algo bastante interessante, enérgico, surpreendentemente catchy e memorável. Com um público reduzido às primeiras filas a banda vinda de Los Angeles entra a todo o gás, às 19:10 o palco principal já está a fazer toda a gente suar com as vibrações de Soul e R&B com funk e um toque de Blues Rock. Em oração cada música era melhor que a outra. Podíamos não conhecer as letras ou as notas mas os dedos sabiam quando estalar, com Ty Taylor sempre a pedir mais de um público completamente apanhado de surpresa.
O Ponto alto foi literalmente quando Ty subiu à torre atrás da mesa de som, a pedir para cantarem com ele, para pregarem com ele. A certa altura, parecia que estávamos a assistir a uma missa com aqueles pastores que cantam para caramba e que sorris de um minuto ao outro. Mas aqui era muito melhor que a pregar ao que fosse, aqui era boa música, boa onda, qualquer pessoa sorria e ficava vidrada dos suaves e agressivos movimentos de anca e com as oscilações de notas enquanto guitarras chiavam e gritavam a dar ao público aquilo que ele sempre quer, um espetáculo do principio ao fim, com momentos inesquecíveis e com muitos bichinhos a fazerem força para quando chegarmos a casa absorvermos tudo o que seja informação da banda. O público cresceu mas continuou pequeno, o que ainda fez com que a banda tentasse ganhar mais atenção, e acho que ninguém saiu daquele concerto indiferente. Foi um concerto memorável pela surpresa, pela qualidade e pela presença. Um estilo de música que não se apresenta muitas vezes neste tipo de festival, encaixou tanto na perfeição daquele festivaleiro que tinha acabado de chegar ao recinto como daquele que ainda tinha a toalha e areia da praia nos pés.
O Super Bock abriu como devia, com um grande espetáculo, uma grande festa. E ainda temos de salientar o facto de a banda, logo após o concerto terminar, sair do palco para o fosso e agradecer quase individualmente a todos os presentes, seguindo-se uma sessão de autógrafos e fotografias na barraca do merchandising.
No Palco EDP, Erlend Oye (vocalista dos Kings Of Convenience), fazia maravilhas, apresentando o seu folk melódico e preenchido, que conta ao vivo com a presença de uma flauta transversal e de um baterista com uma barba ao nível de qualquer um dos dois membros dos ZZ Top. Um concerto em cheio, para uma bem composta plateia. Erlend Oye, muito comunicativo, interagiu na perfeição com o público português neste concerto a solo, dizendo que por momentos pensou que estava no Woodstock, mas que o Meco era muito melhor. Houve ainda tempo para uma interpretação de reggae Islandês, cantado em Islandês pelo baterista da banda e tudo terminou com “La Prima Estate”, música que grande parte do público sabia de cor e o fez questão de demonstrar e dançar. Sem dúvida um dos pontos altos deste dia.

Seguimos para Metronomy. A banda Londrina desfilou músicas de toda a sua discografia, porém, não foram suficientes para atrair atenções e despertar o interesse de quem não os conhecia. Uma atuação boa, mas que não passou disso. O suficiente para contentar os fãs, mas insuficiente para evitar a debandada total após execução do single ''I’m Aquarius''. Os momentos mais festejados do concerto aconteceram durante os temas “The Look “e “You Could Easily Have Me”, para além do anteriormente citado “I’m Aquarius”.

Às 22:00, o sol já se foi embora, e ainda bem, já se queria um concerto de Tame Impala sem raios solares na testa. Num público pré e proto adulto, esfomeado por estes australianos, soltaram-se bons gritos e palmas logo ao início, com “Be Above It” a abrir. Muitos saltos, muita energia e público que parece que está numa festa inundada de cerveja em modo universidade. Entre empurrões numa garraiada humana fora de contexto, começa “Solitude is Bliss”, este cluster de público estranho desviou-se da rota visual para outro sítio qualquer e o concerto seguiu em velocidade cruzeiro, alucinações passivas e corpos “inventados” em todo o lado. “Elephant”, sacou muitos sorrisos e mãos no ar, os ecrãs psicadélicos já tinham enfeitiçado visualmente muita gente, faltava só a plenitude física mas 50 minutos não chega para a mente e o corpo entrarem no ambiente correcto. O público também parecia estar a enfeitiçar a banda com as luzinhas vermelhas nos pulsos e as red afros cintilantes. O Meco sabe as músicas de cor, não tivesse sido por entre pinheiros no palco EDP em 2011, a primeira vez ao vivo em Portugal da banda e o bichinho por cá ficou, com um apetite bem voraz, a ver pela empolgante manifestação dos fãs.
Perto do fim tocam “It Feels Like We Only Go Backwards” e era tão bom se assim fosse, acho que ninguém se importava de que o concerto começasse de novo, talvez eles soubessem que essa era a vontade e por isso logo a seguir acabam com “Apocalypse Dreams”. Muita euforia ficou ali plantada, vamos lá ver quando é que a colhemos.

Seguem-se os Massive Attack, atuando inicialmente para uma plateia inferior em quantidade mas superior em qualidade (relativamente aos Australianos). Os Ingleses, naturais de Bristol, proporcionaram um dos grandes momentos de todo o festival com um concerto intensíssimo e aplicadíssimo, ao mesmo tempo em que nos alertavam para as notícias do momento e para a política mundial. Um concerto de poucas palavras (como já era de esperar), que passou por todas as fases da banda, desde o início dos anos 90 até ao seu mais recente trabalho, Heligoland. Não faltaram êxitos como “Teardrop”, “Angel” ou “Unfinished Sympathy” (tema que encerrou de vez o espetáculo). É difícil descrever o quão intensa e coesa foi a atuação dos Britânicos nesta edição de Super Bock Super Rock... excelente!

Por volta das 2h15, atrasados 20 minutos, entram em cena os Disclosure, os novos ícones da música electrónica mundial. O ambiente foi de festa mesmo com as constantes falhas técnicas (demasiadas para um festival desta envergadura e que é dos mais caros a nível nacional). Tudo se iniciou com “F For You” passando pela mítica “When A Fire Starts To Burn” (desta vez sem introdução) e por “You & Me” (primeira ovação). “White Noise”, foi deixada a meio devido a falhas técnicas, ou seja, um dos principais singles dos Disclosure foi deixado a meio devido a problemas no sistema de som do palco principal do Super Bock Super Rock. Os músicos saíram e esperaram (cerca de 5 minutos) enquanto se resolviam os percalços (muitos assobios e reclamações com a organização se ouviram dos presentes), voltando de seguida para “Voices”. Para o final estava reservada “Help Me Lose My Mind” e “Latch” (talvez, o melhor momento da atuação com praticamente todos os presentes a dançarem e a cantarem ao som da melhor eletrónica feita na atualidade.
Dia 18

A primeira vez é sempre na 3 e começamos com os Keep Razors Sharp que sobem ao palco/tenda Antena 3 às 19h10 do segundo dia de Meco Sol e Rock'n'Roll. O psicadelismo apresentou-se cedo e com um público a compor-se bem desde o soundcheck, a banda dos veteranos destas andanças (membros de Sean Riley And the Slowriders, Men Eater, Pernas de Alicate e The Poppers), entra com “Match Box”, e por entre bons malabarismos de cordas e percussão tocam 9 músicas só assim para ambientarem os ouvidos ainda a zoar do dia anterior. O palco tinha um ecrã a passar imagens que faziam lembrar desde algodão doce a candeeiros de lava, que ajudavam a entrar no mood. Terminaram com “Africanizer” já com um público como deve ser e com muitas caras conhecidas. Vamos lá ver o que é que estes moços, que sabem o que andam a fazer, nos vão mostrar lá para Setembro no festival Reverence Valada.

Às 20h subiam ao palco principal os Cults que nesta estreia no Meco contavam com uma generosa parcela de fãs, porém, insuficientes para se fazerem ouvir aquando da atuação dos norte-americanos. Coube-lhes a tarefa de abrir o palco principal para um público apático em que a maioria simplesmente guardava lugar para quando chegasse a atuação do cabeça-de-cartaz, neste caso Eddie Vedder. Um concerto que não desiludiu mas que também não deu muito que falar com excepção à beleza e à simpatia de Madeline Follin. Ainda houve tempo para um cover dos The Motels e para cantorias em “I Can Hardly Make You Mine”. O que faltou em reacção de público, sobrou em boa-disposição.
Seguimos para o palco Antena 3, e damos de caras com um dos mais promissores rappers brasileiros da atualicade, falamos de Emicida. Emicida, proporcionou um dos momentos altos do dia contra tudo o que se esperava. As frequentes misturas entre o hip-hop e o samba revelaram-se um sucesso capaz de fazer toda a gente levantar o pé do chão. 90% da plateia não conhecia o seu trabalho e praticamente todos os que entravam, permaneciam. A crítica social constante nas letras da suas músicas conjugada com a ''boa vibe' dos elementos, levou ao aplauso frequente por parte do público. Emicida provou (tal como Capicua, mais tarde) que o rap, também é para se ter em consideração em alturas de festivais.

Entre os pinheiros por baixo de nuvens com um ar matreiro, os Pulled Apart by Horses fazem um pré concerto no soundcheck (muitos dos que entretanto chegavam nem percebiam que era só soundcheck) já a puxar pelo público que nem precisava de grande incentivo no meio de muitos “chkchkchkchkchkchkchckhck” surge um “chchchchhchkchckchk checking the microophoooone” e o delírio começa logo aí. Pouco depois já em concerto oficial, a chuva miudinha começa a aparecer nos focos mas insignificante. Começam por tocar “Venom” e foi sempre a andar, mais energia não se podia pedir, cheio de mosh e crowdsurf. A água é que parecia querer estar presente também e o que de início até sabia bem, porque evitava a poeira, começou por ser o que estragou a festa toda. Gritava-se “f*ck the rain”e ainda ficava tudo pior, num palco sem cobertura, o cenário estava a tornar-se óbvio. No meio de tanta energia, o palco EDP entrou todo em curto-circuito e o perigo de electrocução já era grande, apesar do apelo “for you Portugal, we can get electrocuted” o concerto teve de ficar por ali, num set de 13 músicas foram saltitando entre elas num total de umas 6 músicas completas, cheias de água.
Foi de facto uma pena o concerto ter de acabar devido ao dilúvio no palco, teve uma certa piada quando entram 2 guarda sóis no palco para proteger, principalmente, os amplificadores. A última música a que tivemos direito foi a “High Five” seguido do desmantelamento ao estilo Formula1 do palco, enquanto Tom Hudson mergulhava numa praia onde só faltava a areia. Ainda tivemos direito a cervejas voadoras, uma selfie em rolo e muitas selfies no meio do público. Foi um concerto pequeno devido a problemas externos mas que saciou todos os presentes. Esperemos então por estes rapazes outra vez, mas desta vez com paredes e tecto. Ou só tecto.
Aguardávamos por Sleigh Bells, mas tudo foi alterado devido à chuva. Concertos, inicialmente, anunciados para a 1:15 (Cat Power) e as 3h (Sleigh Bells).

Sem Sleigh Bells em palco, seguimos, outra vez, para o palco Antena 3 para vermos uma das maiores estrelas em ascensão do hip-hop nacional. Capicua demonstrou que o rap está bem vivo dentro das comunidades festivaleiras, dando um concerto exemplar para a exorbitante quantidade de público que se localizava dentro e fora da tenda (a maior de todo o festival). Apresentando-nos uma set algo reduzida, mas não redutora, Capicua debitou o melhor da sua discografia, desde o primeiro E.P. Capicua Goes Preemo, até ao seu último álbum, Sereia Louca. Já com Woodkid em palco, o público não arredou pé e aplaudiu fortemente ''Pedras Da Calçada'', última música do concerto.

Às 23h10 certinhas, as luzes apagam, o ecrã liga e o público fica expectante. Muitos já conhecem as produções cénicas e “filmistas” desta banda, outros ficaram apenas demasiado agarrados aos ângulos de luz que desafiavam a realidade quadrada do palco fazendo este parecer todo em vidro com várias faces e direcções. Woodkid não engana ninguém na sua maneira épica de exprimir música, é muito mais que ouvir, é ver e sentir que as luzes nos levam para onde elas vão. Quem assistiu ao concerto destes rapazes no Vodafone Mexefest de 2013 levou para casa uma visão inesquecível, foi um concerto marcante e surpreendente para muitos. A imagem não ficou manchada neste festival mas o cenário pede sala fechada, no coliseu perdíamo-nos em nós entre jogos de feixes brancos, aqui perdemo-nos entre os outros em direções a estrelas e infinitos.
Yoann Lemoine precisou de puxar mais pelo público, a maioria queria era o Eddie, mas mesmo assim ia conseguindo sacar palmas em milhares, aos poucos. Entrou com “Golden Age” para prender olhares e segue por aí no mesmo modo. Na pausa para a conversa pede gritos às meninas e aos meninos, sacando as cordas vocais com “I Love You”, passando para a música nova (mais ou menos), “Volcano,” que faz com todos se mexam como deve ser. O set era curto, 10 músicas a preto e branco e acaba com“Run Boy Run” que entre sons pujantes de bateria, o público fazia-se ouvir. Quando a música acaba, ninguém correu com ninguém, pelo contrário, uma onda de vozes voltou, um eco do Coliseu dos Recreios chegou e o Super Bock continua a cantar. O cenário acabou como na Baixa Pombalina. O eco não se perdeu, encontrou o caminho para o Meco e perdeu-se em nós.
Já em frente ao palco principal, dão-nos a notícia (a nós e a toda a gente), de que Eddie Vedder só iria iniciar o seu show após Cat Power terminar o seu, no palco EDP, devido a interferências sonoras entre os dois palcos. Insatisfação geral e assobios por todo o lado. (história um bocado mal contada, quer-nos parecer)

1h15 certinhas, entra Cat Power em palco, iniciando aquele que iria ser o segundo concerto-maratona (ou showcase) daquele palco, durando apenas cerca de 35 minutos. Cat Power, visivelmente afetada por não poder atuar integralmente para os seus fãs, devido ao mau estado do palco após a chuva que caiu durante o concerto dos Pulled Apart By Horses, esmerou-se nas 6 músicas que tocou para o público português, tornando este num dos momentos mais mágicos do festival, com a cantora a distribuir rosas brancas pelo público na parte final do concerto. No alinhamento constaram temas como “The Greatest”, “Metal Heart” e “Ruin”, bem como um cover dos The Highwaymen. Esperemos que volte brevemente, desta feita, com um concerto que satisfaça, em tudo, a expectativa e o desejo dos fãs. Hard Club ou Armazém F seriam boas salas.
Após Cat Power terminar o seu set, Eddie Vedder sobe ao palco. Sem álbum novo editado, traz a banda sonora de Into The Wild e Ukelele Songs, bem como inúmeros covers e músicas dos Pearl Jam. Tudo começa quando, sozinho e como uma guitarra elétrica branca, Eddie Vedder toca os primeiros acordes de “Corduroy”. Escusado será dizer que 90% da plateia sabia na ponta da língua quase todas as suas músicas. O concerto prossegue zigzagueando por entre covers de Hunters & The Collectors (que quase ninguém reconheceu) e de Pink Floyd, até chegar a “Sometimes” e “Wishlist”. Foi apenas à sétima música que o artista começou a tocar músicas dos seus álbuns a solo, “Sleeping By Myself” (à qual o artista antecipou que não queria que ninguém dormisse sozinho nessa noite) e “Without You” puseram toda a gente a cantar.
Seguiram-se covers de Irving Kauffman (que contou com a presença de Cat Power em palco) e “The Needle And The Damage Done” de Neil Young. “Just Breathe” fez toda a gente suspirar de amores, uma música cantada por quase toda a gente no recinto e que serviu para os muitos casais demonstrarem o seu afeto uns pelos outros. “Guaranteed”, “Far Behind” e “Rise”, foram as três musicas tocadas, quase de seguida, pertencentes à banda sonora de Into The Wild. Ainda houve tempo para um cover de Bob Dylan (“Masters Of War”, mais propriamente) onde Eddie fez questão de afirmar que todos os grandes guitarristas eram canhotos, dando os exemplos de Jimi Hendrix, Kurt Cobain e... The Legendary Tigerman. Tigerman tocou este cover de Bob Dylan para as mais de 30 mil pessoas presentes no recinto, sem dúvida um momento que recordará para sempre na sua, já longa, carreira como músico. “You've Got To Hide Your Love Away” (dos Beatles) antecedeu “Portugal”, tema muito festejado pelo público. Eddie Vedder, sempre muito comunicativo e bem-disposto sabe como entreter e entusiasmar o público, e já que estávamos numa de Beatles, “Imagine” de John Lennon deu o mote para que se soltassem todas as folhas e mensagens de apelo à paz (relativamente à guerra em Gaza).O Meco ficou branco.
“Better Man”, “Black” e “Porch” (esta, numa versão bem mais slow-paced) muito aplaudidas e cantadas, serviram para finalizar o tempo regulamentar de concerto, que já contava com cerca de 2 horas. “Hard Sun” (de Into The Wild), que se iniciou com Eddie Vedder a fazer com que a antiga câmara de vídeo (desta feita, de som) começasse a funcionar, “Keep On Rockin In The Free World” (mais uma de Neil Young), terminou com um concerto em cheio. Um concerto para mais tarde recordar.

Entretanto, já eram 4h30, preparávamo-nos para regressar a casa quando ouvimos barulho vindo do Palco EDP... Sim, eram os Sleigh Bells que tinham começado nesse preciso momento. O concerto, anteriormente anunciado para as 3h, atrasou-se foi atrasado devido à longa atuação de Eddie Vedder e começou apenas quando este terminou o seu concerto. A vocalista Alexis Krauss entrou de rompante sempre puxando pelo público, que ia chegando à medida que o concerto prosseguia. “Comeback Kid” foi a segunda, das 6 músicas que a banda nos proporcionou. Muito mosh e muita festa, crowdsurf de Alexis e atitude raivosa de Derek. Tudo isto contribuiu para desejarmos vê-los o mais brevemente possível, e dessa vez, mais que 25 minutos. O momento alto do concerto aconteceu com a interpretação de “Infinity Guitars”, que pôs toda a gente a saltar, ao que a vocalista proferiu ''this night we didn't sleep for you, Lisbon'', atirando-se, de seguida, a “Sing Like a Wire” (com muito público em palco) e terminando o concerto.
De louvar a excelente atitude da banda em ficar cerca de 6 horas à espera para poder tocar para o público português e a constante energia transmitida pelos seus membros. Foi pena o alinhamento curto, porque este poderia ter sido muito bem um dos melhores concertos do festival. Assim, soube a pouco. De elogiar também a maneira como a organização lidou com a questão de ter que alterar horários no palco EDP, demonstrando que aprenderam com os erros do passado. (Recorde-se na edição do ano passado, os TOY a tocarem para 20 ou 30 pessoas, paralelamente aos cabeças de cartaz Arctic Monkeys). Se podiam ter tomado medidas preventivas devido à probabilidade de chuva? Deviam. Mas da maneira como resolveram o problema, só podemos criticar o facto da demora em informar, tanto público como a imprensa, do que se estava a passar.
Dia 19
Dia 19 e último dia de Super Bock Super Rock. Coube a Big Church Of Fire abrir o palco EDP, por volta das 19h50. A banda apresentou o seu Blues Rock para uma plateia algo despida mas que se mostrava interessada pelo que via. O Blues Rock desértico (muitas vezes cantado em Espanhol) ainda fez com que alguns dos presentes soltassem uns passinhos de dança, apesar do desconhecimento das músicas. Uma bela surpresa.
Às 20h30, o “Stroke” Albert Hammond Jr. proporcionou um concerto ''requentado'' ao público do Super Bock Super Rock, com músicas que poderiam bem ser de um qualquer álbum dos The Strokes na sua 1ª fase. Albert Hammond tocou para uma plateia muito pouco composta para aquele horário. Um concerto que passou por todos os seus álbuns a solo (não houveram músicas dos The Strokes para desaire de muitos) e que contou também com covers dos Buzzcocks e dos The Misfits (“Ever Fallen In Love” e “Last Caress”, respetivamente). Muito punk este Albert Hammond. Com estas influências não entendemos a sonoridade dos seus álbuns. Um concerto de agradável audição, mas que não passou disso.
Seguimos para SKATERS, a banda garage do momento. Os Nova-iorquinos, estreantes em solo nacional, apresentaram, quase integralmente, o seu álbum de estreia. O concerto contou com uma grande adesão por parte do público do Meco, que fez questão de cantar e ''moshar'' durante todo o concerto. Inclusive, no cover de “This Charming Man” (apresentado pela banda como ''Smoke On The Water''). Os momentos altos do concerto foram “Deadbolt” e “I Wanna Dance”, que contaram com a participação vocal de praticamente todos os presentes, desde a grade até à mesa de som. Um concerto marcante nesta edição do festival.

Acabada a atuação de SKATERS, já os The Kills estavam em palco. O duo sensação que conta ao vivo com 2 percussionistas, proporcionou um concerto bastante bem conseguido, que apenas teve como senão, a sua duração (45 minutos para uma banda como os The Kills é muito pouco) e a ausência de “Fuck The People” ou “The Last Goodbye” do alinhamento. A banda que conta já com uma grande massa de fãs em terras lusas, surpreendeu os desconhecedores mas não satisfez os fãs. Um concerto que apesar das danças e da sintonia vocal entre Alison e Jamie, soube a pouco. Esperemos que voltem para, finalmente, atuarem em nome próprio.

Permanecemos no Palco Super Bock para ver Foals. A banda de Yannis e companhia, confirmou que é uma banda típica de festival, proporcionando um concerto com um alinhamento quase idêntico ao do Coliseu, mas, desta feita, com muito mais emoção e interação com o público presente. As músicas mais celebradas foram “My Number”, “Inhaler” e “Spanish Sahara”. Um show que contou com muito crowdsurf (inclusive de Yannis) e mosh (na maioria das vezes despropositado). “Two Steps Twice” acabou o concerto com o público em delírio.
Pouco depois da 1h05, entraram em palco os Kasabian, grande headliner do terceiro dia de festival. O concerto inicia-se com “Bumblebee” (tema do seu novo álbum, 48:13, números esses que serviram de pano de fundo) e, quase imediatamente, iniciam-se os moshs (mais tarde, apelados por Sergio Pizzorno), os saltos e os empurrões. Era a prova do entusiasmo do público. Seguiram-se “Shoot The Runner” e “Underdog” (crowdsurf e mosh por todo o lado). O público estava com os Kasabian e os Kasabian com o público, Sergio e Meighan, muito comunicativos, saltavam de um lado para outro em “Take Aim” e “Club Foot”, após transformarem o recinto numa discoteca a céu aberto em “Eez-eh”. “Empire” meteu toda a gente ao rubro o que levou Tom Meighan a dizer “You Lisbon are a Empire!”.
Ainda houve tempo para um cover de Fatboy Slim (“Praise You”), que, confirma assim as direções mais eletrónicas que a banda de Leicester anda a seguir. “L.S.F.” deu por terminado o set “regulamentar” dos britânicos, porém, como já se esperava, o concerto não tinha ficado por aqui. A banda retorna ao palco para tocar “Switchblade Smiles”, “Vlad The Impaler” e “Fire” (a música mais aguardada pela maioria dos presentes). Um concerto exemplar que provou o porquê dos Kasabian terem crescido de banda de abertura de festivais a headliner dos mesmos. De fora, ficou “Fast Fuse”, esperemos que a toquem num regresso a Portugal, no futuro. O público saiu satisfeito e nós também.

Às 2h30, em ponto, entram em cena os franceses C2C. Campioníssimos do scratch, proporcionaram um dos melhores afters de todos os festivais portugueses. Com o palco EDP a abarrotar de gente dançante, os C2C provaram que não são apenas DJ's e Scratchers, são também um quarteto capaz de entreter qualquer desconhecedor e/ou não apreciador do género com as suas frequentes danças e mudanças de palco, “battles”, etc. “Down The Road” foi o tema mais festejado da sua atuação, que contou com ''bocas'' digitais, cantando a música na parte frontal das mesas de cada um dos DJ's. Tudo foi possível e realizável nesta set de quase 2 horas. O público ainda insistiu no encore mas o quarteto acabou por não vir. Uma atuação exemplar com a banda a provar o porquê de ter sido convidada para encerrar o palco EDP na edição de 2014 do Super Bock Super Rock.
A festa continuou no Palco Antena 3 com Gonçalo Castro a soltar os seus Reggaetons, Kuduros, Funks cariocas e Raps, durante cerca de uma hora, e Xoices a debitar o seu tech house perante ''os sobreviventes'' do Meco.
Para o ano há mais.