
Descrever o que fazem os Teeth Of The Sea é arriscar roçar o ridículo, não fossem os britânicos por si mesmo uma banda… ridícula. Não há sentido pejorativo nenhum à introdução, ou muito menos narizes de palhaço, a idiotice que o quarteto abraça tem tanto de inerente do que faz como de consequente de si própria. Fica fácil compreender que sem o ridículo que aqui se toca não nasceria um disco como Highly Deadly Black Tarantula – no que não deixa de ser uma confusão de ideias, mas uma que ultimamente resulta. O regresso dos Teeth Of The Sea surge após uma passagem pelo Milhões de Festa em 2014, pela mão da mesmíssima Lovers & Lollypops, aqui parceira do Rivoli para uma data no Understage da sala portuense.
Ao vivo a coisa não foge muito do que é em estúdio, ao menos para lá do que se podia pensar ou antever. A salada de ideias é a mesma; os beats maquinais continuam a fazer-se deitar sobre uma cama de guitarra distorcida, o trompete esse, continua a serpentear por entre a mistura, ouvindo-se interpolado com os grunhidos que partem do fundo do palco. Nos seus momentos mais cheios – isto nota-se principalmente em concerto – a música dos Teeth Of The Sea não consegue contudo escapar à ideia de que quem a toca está simplesmente a atirar para cima duma mesa já composta tudo o que lhe vai passando pela cabeça.
Possivelmente é um mal necessário para os momentos que resultam, aqueles em que olhamos para um palco e vemos quatro tipos, aqueles em que segundos antes e traídos pelos ouvidos podíamos ter jurado que lá estavam mais dois ou três. Os Teeth Of The Sea são isso mesmo, a fusão e a imaginação sem rédeas, para o bem e para o mal.