Chegou a hora de regressar ao Musicbox. O (meu) interregno já era longo e foi interrompido no passado Domingo com o regresso dos Torche ao nosso país, graças à parceria entre as promotoras Amazing Events e Goodlife HQ, às quais se juntou também a Lovers & Lollypops.
Marcado para as 21h mas com começo, sensivelmente, 45 minutos depois, coube aos portugueses Redemptus abrirem a noite e aquecer o ambiente das já algumas dezenas de pessoas que se encontravam na sala.
Vindos do Porto e com um álbum recentemente lançado (We All Die The Same saiu em Fevereiro), os Redemptus apresentaram-se para um plateia quase desconhecida, contudo recetiva, acompanhando os compassos com valentes headbangs. A sonoridade da banda pode-se classificar como um pós-metal que encontrou o sludge pelo caminho, criando uma simbiose quase perfeita entre a ambientalidade e melodia do pós-metal e o peso bruto do sludge. O único ponto negativo que podemos apontar é a fraca dicção da língua saxónica durante algumas introduções das músicas, algo que, certamente, será colmatado com o passar do tempo e com mais e mais espetáculos ao vivo.
Uma excelente surpresa, na nossa opinião, que não desiludiu e cumpriu o que todo o público esperava para uma (nova) banda de abertura. Estão de parabéns!
Pouco tempo depois das campas de cemitério sumirem e das luzes se acenderam, entra a grande atração desta noite para afinar as guitarras e fazer um mini-soundcheck antes de se atirarem ao grande alinhamento que nos guardavam.
A abrir estava a destruidora “Piranha” que, logo aos 10 segundos de música, fez com que o baterista Rick Smith partisse logo a pedaleira, ao que a banda brincou dizendo que o seu baterista tinha demasiada testosterona e era demasiado homem! À banda serviu a disponibilidade da pedaleira dos Redemptus que assim evitaram que o concerto ficasse logo por ali.
Os Torche recomeçam, metem a primeira e a partir daí foi sempre prego a fundo! Poucas foram as vezes em que os norte-americanos interromperam ou reverteram o sentido de marcha mas quando o faziam, faziam-no sempre com muita boa disposição, agradecendo ao público em espanhol, francês e, por fim, inglês, enquanto tentavam acertar na língua portuguesa.
A banda seguiu o seu caminho, já na autoestrada, interpretando temas como “Kicking”, “In Pieces” e “Reverse Inverted”, mostrando que apesar do novo disco – Restarter – ter saído há relativamente pouco tempo e o terem tocado quase todo (o único tema que ficou de fora foi “Bishop In Arms”) não esquecem as suas malhas mais clássicas. “Sky Trials”, também de Harmonicraft, proporcionou o momento mais enérgico de todo o concerto. Seguiu-se “Restarter”, faixa que dá título ao novo álbum, fazendo-nos viajar em toda a amplitude dos seus 8 minutos, em mais uma incursão massiva ao seu mais recente trabalho, que terminou apenas com “Charge Of The Brown Recluse”, antecedida por “Annihilation Affair”, o derradeiro single de Restarter. Single este que foi muito (e bem) cantado pelo público presente.
Infelizmente o concerto estava já a chegar ao fim e, mesmo com as luzes e o sistema de som ligado, a banda regressou, a muito pedido dos presentes, para interpretar a sua última música: a super-groovy “Harmonslaught” que estremeceu toda a sala e toda a Rua Nova do Carvalho. Os Torche acabaram por agradecer em português com um tímido “Obrigado” que entretanto aprenderam com o público.
Um excelente regresso destes Torche a Portugal, cinco anos depois da sua última passagem, desta feita apenas em Lisboa e na companhia dos Redemptus, uma banda que tivemos enorme prazer em conhecer e desfrutar da sua sonoridade. Sem dúvida, um serão bem passado que acabou a tempo de apanharmos o metro e de nos deitarmos a horas decentes para acordarmos bem dispostos para ir trabalhar na segunda-feira. O dia até correu melhor!