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TRC Zigurfest 2017 • O Douro sublimado – Parte 2

05 de Setembro, 2017 ReportagensSara Dias

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Zigurfest

Vagos Metal Fest 2017 [11-13Ago] Foto-galerias

Vodafone Paredes de Coura 2017 [16-19Ago] Texto + Fotogalerias
© Rafael Farias

 

O Douro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.

Ainda na ressaca do dia anterior (nunca é demais relembrar e reviver o set incrível de Nils Meisel!) chegamos à Olaria, onde a tarde soalheira assentou que nem uma luva aos Palmiers que nos provaram que três é número ideal para fazer a festa. O trio que se formou entre Monção e o Porto, conquistou o público com o psicadelismo que já é canónico, mas sempre com o twist: dançamos entre o post-rock, entre o jazz e entre um tropicalismo que lhes é único e que faz dos Palmiers uma das bandas mais cativantes e promissoras que vimos por terras lamecenses. Aguardamos o primeiro álbum, fica a dica.

Sem largar qb do psicadelismo acorremos a Acid Acid. O xamã lisboeta chegou-nos munido da sua guitarra com a qual vai experimentando e combinando com a batuta, com o tremolo, com pedais, com os synths... uffa! No fundo com tudo o que tiver à mão para criar loops e camadas que andam de mãos dadas com o drone, o kraut e o psicadelismo. Tal encantador de serpentes não deixou ninguém indiferente, num Palco Castelinho que foi quase demasiado pequeno para Tiago Castro. Naquela a que intitulamos da mais eficiente caminhada contra a obesidade do mundo, subimos do Castelinho para o Castelo onde a mais recente aquisição da Monster Jinx, Maria, nos aguardava para o melhor sunset do ano. Deambulando firmemente entre os beats originários de Detroit e o trip hop, Maria soma e segue na sétima edição do TRC ZigurFest.

A descer todos os santos ajudam, e ainda fomos abençoados pelo soundcheck dos Stone Dead, que se provaram demolidores horas mais tarde. Indomáveis e subversivos, estes “good boys” entraram a pés juntos, numa carga de porrada que desaguou num público a trepar paredes, a moshar e a fazer crowdsurf. Concerto apenas suplantado pelo seu precedente, Harmonies era o concerto mais aguardado – já que são escassas a oportunidade de experienciar esta homenagem a Erik Satie – este foi também o mote da estreia do trio em contexto de festival. Se as expectativas eram elevadas, ainda conseguiram ser largamente superadas. Não apenas tivermos perante músicos exímios e de execução clínica, como músicos de grande alma e grande delicadeza, tocaram-nos de forma indescritível. O concerto acabou e ficamos colados nas cadeiras incapazes de digerir a grandiosidade do que viramos no palco do Teatro Ribeiro Conceição.

Não menos geniais, os Live Low abriram as hostes do Palco TRC com o que testemunhamos ser a reinvenção do cantautor. João Sarnadas emprestou a voz e o ímpeto que junta a tradição à experimentação dos sintetizadores analógicos e à omnipresente e sedutora linha de baixo, numa junção que faz dos Live Low o mais característico e inovador da panóplia de projetos que têm saído do forno da Lovers & Lollypops. Mais uma aposta arriscada e certeira por parte de uma organização separa o trigo do joio como ninguém, com sete anos de cartazes exímios que o comprovam.

Não deixa de ser curioso que Lamego, uma cidade escondida (esquecida?) mas altas montanhas de Portugal, chame a si um rol indefinível para um acontecimento que também é difícil definir. O epíteto de festival parece curto para tantas propostas, musicais e extramusicais, e no último dia de festival ficou bem patente que o TRC ZigurFest parece mais uma reunião de amigos que passaram anos sem se ver.

Aqui não há confusões, filas, encontrões ou mercadores de grandes corporações a impingirem-nos brindes que esquecemos em menos de 24 horas. Mas há, como os The Rite of Trio disseram, “um grupo de amigos que há sete anos tem o desplante de fazer um festival com todas as coisas boas”. Um aplauso, sentido e merecido, que o público haveria de devolver aos portuenses no final do seu concerto. Tendo como ponto de partida o excelente “Getting All The Evil Of The Piston Collar”, mas sempre à procura de desvios improvisados e atentos a cada possibilidade da sua interação musical, o trio movimentou-se pelas franjas do rock-jazz mais ou menos improvisado, evidenciando um nível de conhecimento mútuo que haveria de deixar rendido o Teatro Ribeiro Conceição.

Mas o dia começara antes, bem antes, num percurso que tal como no dia anterior, haveria de nos levar da Olaria ao miradouro plantado no Castelo. O primeiro prato do dia foi servido bem quente e agitado pelos Nancy Spungen X, coletivo variável de Braga, que se aproxima sem medos do ska e da experimentação. Seguiram-se os lisboetas Moloch com uma carga decibélica sem olhar a rodeios, que abandonámos para garantir um lugar ao sol – leia-se em frente a Lama – no Castelo. Aqui a solo, o músico de Riding Panico desenrolou o seu doce “Rubato”, editado há um par de meses, e deixou uma centena de pessoas embalada pelas melodias que parece sacar ao ar sem qualquer esforço.

Regresso ao Teatro para lamber as feridas pela ausência de Calcutá, bem colmatada pela presença de The Partisan Seed, tesouro folk bem guardado ali para os lados de Barcelos. Gorada que saiu a hipótese de assistirmos ao concerto de Alek Rein (mas que os ecos do Teatro afirmaram sem dúvidas que foi o melhor da noite), estacionámos em frente ao Palco Olaria para o concerto das Pega Monstro. Com “Casa de Cima” ainda bem fresco, as manas Reis deram um dos concertos mais cativantes do festival. Numa espécie de raga-shoegaze, percorreram os dois últimos discos ao longo de mais de uma hora. Uma experiência sublime, em transe perene, que deixou o apetite aberto para o momento alto do festival. Mas já lá vamos.

Antes, uma linha para GPU Panic, alumni da RBMA e membro dos Salto, que quisemos muito ver, mas não conseguimos. A culpa foi de Chalo Correia e o seu trio, verdadeiras máquinas de fazer dançar e que nos retiveram pela Olaria bem mais do que nós e provavelmente a organização do festival contava. Foram quase duas horas apoiadas em “Kudiholola” e “Akuá Musseque”, obras-primas da música angolana contemporânea e verdadeiras pérolas dançáveis. Por entre aplausos, gritos de “Chalo Chalo Chalo” e o inevitável crowdsurf, o trio não teve hipótese senão alimentar a festa com ritmo até onde pôde – de sorriso perene e atitude de quem cumpriu a missão para a qual foi convocado. Foi bonito, suado e o concerto perfeito para fechar esta visita a Lamego. Falta muito para 2018?

 





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