Mas não só de magia se fez este Tremor, e ainda que seja um pouco ingrato fazer comparações com a edição anterior, é inevitável estabelecer o paralelo. Além da grave aparente sobrelotação de alguns espaços, também a sobreposição dos concertos na Ribeira Grande criou algum mal-estar desnecessário. No entanto, foi em algumas escolhas de curadoria que esta edição fraquejou. Sentiu-se um claro desajuste entre o contexto e alguns artistas escolhidos e faltou muita da simplicidade e conexão com a natureza da edição passada. Uma experiência não ganha valor simplesmente porque traz música alternativa a uma paisagem bonita, pede-se que ambas se fundam e se acrescentem uma à outra, que se sinta o lugar, a ilha, que se possa respirar e ouvir os sons da paisagem a relacionarem-se com os artistas sem que neles se sinta o esforço de serem os mais diferentes. Faltou intimidade, acústicos e experiências mais corporais. É preciso manter em mente que o que difere o Tremor dos restantes festivais é a sua essência insular, são as pessoas de lá e não as de cá, e que a linha entre a experiência e a moda passageira é ténue mas está à vista de todos.
Contratempos à parte, o Tremor continua a galgar milhas à frente dos festivais a que estamos habituados e fica o desejo que, tal como a instabilidade da terra em que se enraíza ano após ano, também o festival cresça nessas agitações e que amadureça com a experiência. Finalizada mais uma edição, fica o cansaço que se cura nas águas quentes das termas e a curiosidade com o que aí vem.