Poderá parecer um espectáculo exageradamente simples, mas a experiência é sublime, pois Yann Tiersen não se limita a tocar: nas suas mãos, um instrumento torna-se num poderoso meio através do qual transmite uma panóplia de emoções. Sentimos a alma de Tiersen em cada nota, numa colecção de sons de tal forma envolventes que nos transportam para uma realidade separada do mundo físico que habitamos. A música que este senhor produz é mesmo assim – sonhadora e inegavelmente cinematográfica (basta ver a importância que o cinema teve/tem no seu percurso). A própria atuação podia perfeitamente ser transformada num filme-concerto, pois as imagens no ecrã cativariam o espectador com a mesma intensidade com que esta prestação maravilhou o público presente.
Fosse com o piano, o violino ou mesmo com os seus “toy pianos” (pianos de brincar), Yann Tiersen encantava todos aqueles que o observavam atentamente. Com um alinhamento variado, que incluiu novidades como “Porz Goret” mas também algumas recordações de um passado que todos nós continuamos a querer escutar no presente (“La Dispute”, retirada da banda sonora do supracitado filme de Jean-Pierre Jeunet, foi um dos momentos mais aplaudidos), o músico proporcionou uma noite que para sempre permanecerá na memória de quem a viveu.
Quando tudo terminou, abandonamos a sala com um sorriso nos lábios, ainda que tudo nos tenha parecido curto demais; mas não, o tempo é que voa quando embarcamos em tão doces viagens musicais.
