“Because all of it wavers on whether or not people find my music and my thoughts interesting. That's my life: It's pretty fucked up, if you think about it." disse recentemente Angel Olsen em entrevista à Revista Spin. A cantora, que em início de carreira trabalhava com Will Oldham como guitarrista e segunda voz, traz-nos agora como trabalho a solo “Burn Your Fire For No Witness”. Da minha parte (e da de muitos outros, espero), acho excelente a sua música e os pensamentos refletidos neste álbum. Quanto à segunda frase desse excerto, representa um pouco da temática geral do álbum, como veremos mais à frente.
Na primeira faixa, “Unfucktheworld”, identificamos logo à partida elementos lo-fi que estão igualmente presentes no resto do álbum, e que estão caracterizados quer na forma de um ruído de fundo quer no som dos seus instrumentos, e que dão um toque de psicadelismo (neste caso o bom psicadelismo, mas isto já é outra história) ao folk tocado por Angel.
Ao longo do álbum também conseguimos encontrar a inspiração da cantora em nomes como Sharon Van Etten em “Forgiven /Forgotten” ou Leonard Cohen em “White Fire”, um dos momentos altos do álbum, abordando a temática da negligência, abandono e desgosto (“I look for you or someone who can still remind me of the tight grip and the sun lick”). “Hi-Five” mostra-nos todo o poderio de Angel como artista e escritora de canções, pois consegue aliar à alegria da música um tema tão triste como a solidão (“Are you lonely too?/ Hi five!/So am I!”). De referir ainda as influências da bossa nova no ritmo e no dedilhar da guitarra em “Iota”. As restantes faixas conseguem manter a beleza das anteriores, sempre abordando as temáticas mencionadas acima.
Este é sem dúvida um dos álbuns do ano. A bela voz de Angel merece ser ouvida vezes sem conta. Aguardemos então uma passagem pelo nosso país.