Poucas bandas conseguem encontrar o equilíbrio perfeito entre atmosfera, luxúria, song-writting e luminosidade. Uma dessas bandas são os Beach House. A fórmula é simples: teclados, percursão eletrónica, guitarra elétrica e vocais escondidos atrás de camadas de reverb.
E porquê abandonar algo que lhes deu tanto em álbuns como Teen Dream ou Bloom? Os Beach House chegam ao Depression Cherry, seu quinto álbum, com nome suficiente para passarem a batuta da experimentação para outras mãos e concentrarem-se em fazer aquilo que fazem de melhor: as músicas mais subtis e bem escritas de Dream Pop que já ouvi. É que o som dos Beach House tem este tom intimista e acolhedor que os separa de muitas outras bandas que atuam neste género musical. Outro factor que os diferencia, e no Depression Cherry não é diferente, são a conotação visual da sua música. Ao ouvir Beach House é fácil sentirmos o Sol na pele e a brisa fresca entrar-nos pelos pulmões. Assim como é igualmente fácil imaginarmo-nos numa sala fechada cheia de fumo e com luzes intermitentes a piscarem ao ritmo dos lentos crescendos da música.
Depression Cherry tem também um sério requinte. Nota-se, a espaços, uma maior maturidade na escolha de alguns tons ou uma maior lentidão de algumas secções mas a neblina do sonho adolescente continua lá, e é isso que faz do tão aguardado Depression Cherry um dos trabalhos mais ricos no reportório dos americanos. Não há uma única música aqui em que não consiga perceber ou pelo menos respeitar uma única decisão. Não só o esqueleto deste álbum é composto por músicas bastante sólidas como há espaço para algumas delas brilharem, como são os casos de "Space Song", "PPP", "Levitation", "Sparks" ou "Days of Candy". No entanto, falar de músicas em específico quando toca a Beach House é redutor, porque o início de uma música é o início de outra, a segunda metade de outra e os últimos 10 segundos de uma outra. As músicas flutuam umas nas outras por cima das ondas que se vêm ao sair de uma casa de praia.