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Black Country, New Road - For the First Time

Black Country, New Road - For the First Time - 2021
Review
Black Country, New Road For the First Time | 2021
Beatriz Fontes 22 de Fevereiro, 2021
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Moonspell - Hermitage

Wes Borland - The Astral Hand
Para quem o nome de Black Country, New Road não é desconhecido, este disco aparece com um suspiro de alívio coletivo, preso desde que “Sunglasses” foi lançado como primeiro single no verão de 2019. Para os restantes, For the First Time há de causar o mesmo fascínio viciante que contagiou os anteriores, que agora terão que aguardar que a banda britânica pise os palcos. Depois do reconhecimento que os palcos lhes deram, aqui está o tão esperado disco de estreia de Black Country. Gravado com Andy Savors, foi composto e estudado com cuidado e precisão, estando polido e envernizado finalmente ao fim de dezoito meses.

For The First Time tira uma célula do post-punk poetizado à semelhança de nomes como o de Protomartyr, tira outra do nu-jazz ofegante à la The Comet is Coming, sendo que o resto da composição genética é feita de uma justaposição de tempos e tensões, implantes de sonoridades eletrónicas, melodias derretidas e expansivas, controlo e irreverência. Começamos por aterrar numa judiaria abarrotada de informação, artistas de rua e bares de jazz. O calor aumenta e estamos desorientados. O arrancar de notas do baixo de Tyler Hyde e os repuxos da bateria de Charlie Wayne encontram-se com as teclas hiperativas de May Kershaw. A carga flamejante do saxofone de Lewis Evans abre caminho com sonoridades judaicas em distensão, direto ao apogeu de “Instrumental”. Perto do fim, fomos recebidos no mundo de Black Country envoltos por uma selvajaria musical de dimensões quase divinas. Semelhante no uso de sonoridades de inspiração judaica, a última faixa do disco, o final de noite agridoce que é “Opus”, alterna entre uma brandura elegíaca e a queda numa euforia nervosa. É no fermentar desta dinâmica explosiva que o som de Black Country prospera verdadeiramente, num espetáculo de latão, fumo e cortinas de veludo.

Atravessamos este disco passando por transição impecável atrás de transição impecável, que fazem dele uma peça inteira, um desenhar contínuo, mas de traço firme. Com “Athens, France”, o post-rock começa a fazer efeito. Encontramos a escolha teatral da colocação de voz de Isaac Wood, onde cada palavra é dita com um melodramatismo trémulo, frequentemente cómico. Depois do ranger de dentes de um riff post-rock com uma aura 90's, dá-se uma nova reviravolta imprevisível, e o que se ouve é o fluir de melodias orquestrais plácidas daquelas que gostaríamos de ter como banda sonora de boas memórias.

No ruído da estática começa “Science Fair”. Os arranhões dadaístas da guitarra de Luke Mark trazem atrás um baixo em antecipação. O violino maciço de Georgia Ellery inflama a faixa, tornando-se mais tarde num momento de respiração cismática entre secções de free jazz atordoantes. O spoken poetry ganha centralidade e o instrumental acompanha-o de forma controlada, calmo o suficiente, inflamado por severidade e rispidez até que lhe seja finalmente permitido explodir. Nesta constante de evolução, desenvolve-se um retrato de imprudência e imprevisibilidade, que combina a volatilidade do jazz com o temperamento distorcido e perverso do post-punk.

A ascender de uma atmosfera espacial e cheia de luz, “Sunglasses” troca um riff sensível e ensolarado por uma avalanche de sopros e violinos e uma bateria monumental que completam emocionalmente a letra: “I am so ignorant now with all that I’ve learned”. Desmonta-se na dissonância, e o então já habitual comportamento errático do som de Black Country ganha mais uma das suas várias formas, enquanto Isaac Wood nos entrega a letra com a confiança de uma binge de cocaína. No final do disco, tudo se passou; continuamos desorientados, mas agora precisamos de mais.

Não tínhamos como saber que algo de tão grande estava prestes a acontecer, e aqui reside a beleza e o experimentalismo da mutação livre de Black Country, New Road. Tem tanto de cáustico como de sensível e é incansavelmente complexo. Esta é uma homenagem ardente e instável à mania, um álbum experimental de post-rock exposto através da excentricidade musical e performática dos sete pares de mãos e pulmões que dão ao som de Black Country a sua verdadeira essência neurótica.
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Black Country, New Road - For the First Time
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