Trata-se do quinto LP do grupo veterano, contagem que fica perdida nos trocadilhos sobre erva. O tempo de espera foi dezasseis anos; em 2005, deixaram-nos com Amerijuanican, reaparecendo num ano de caos para nos trazerem mais. Weedsconsin é mais um produto de uma jam de ar pesado. O atroar da garganta seca, característico de Muleboy, acontece com entusiasmo no meio do calor e do estrondo, falando-nos ameaçadoramente de odes à marijuana. Tem uma casca endurecida e suja, e expõe-se como tal. A capa do álbum diz-nos muito sobre o que estamos prestes a ouvir neste álbum; nela encontramos elementos gerais daquilo que é simbólico do maligno… E muito verde. Soa a Bongzilla.
É também dentro destas duas facetas que Bongzilla foram trabalhando este disco na construção de dinâmicas. Escolheram incluir sonoridades de um psicadélico mais errante para limpar o paladar antes de fazerem a descida ao lugar de onde vieram, embora estas pausas nunca se desenvolvam à medida que poderiam. As intros de “Space Rock” ou da faixa tripla “Earth Bong/Smokes/Mags Bags” são exemplos de tentativas de construção de uma atmosfera, mas onde alguma coisa correu mal no entretanto. A certo ponto, em ambos os casos (e noutros que podemos encontrar no decorrer deste disco), acabam por ganhar uma presença mecânica. Do lado oposto, quando o objetivo é chegar ao clímax de peso e vertigem do doom, o que se ouve são riffs crunchy que acabam por se prolongar durante demasiado tempo no mesmo andamento, sem que no decorrer de minutos haja algo a acrescentar, transformando-os num loop sem grande groove.
Weedsconsin é um bebé dos noventa e, como tal, vem com as suas qualidades de slow headbanger – assim como muitos dos mesmos méritos de potência trovejante de Amerijuanican, tanto que parecerá uma espécie de gémeo fraterno. É simples na composição e conta com uma produção crua. É elementar nos recursos, nas escalas, nos efeitos, sendo verdade, no entanto, que respondem assim a uma estética apreciada por muitos. Seguem aqui uma fórmula que continua a mostrar-se eficaz e exploram-na tanto quanto a própria fórmula o permite.
O som de Bongzilla veste-se completamente com os géneros que representa, e eles são bons a fazê-lo. Apresentam a versão clássica daquilo que brotou da década que os viu nascer, coincidindo com tudo aquilo a que os associamos ou a que se associa ao stoner doom e todas as suas variações metal. Partindo do princípio de que estes géneros nos são agradáveis aos ouvidos, Weedsconsin conseguirá agradar também. Estão presos a um momento musical, momento esse que sabe bem revisitar, mas que não deixa uma forte impressão de originalidade. Ouvindo este disco, é fácil achá-lo transitoriamente agradável e facilmente esquecível.