Spiders Track, o primeiro EP destes post-punkeiros das Caldas, revela cedo a sua personalidade. Em “Cleaner”, música que abre o registo, percebemos a sua produção caseira e leviana e antevemos a casinha rural onde, com cerveja fresca e claridade a entrar pelas janelas, estes músicos ligaram as guitarras, os microfones e as interfaces e fizeram este álbum.
Esta imagem não é um pormenor: a mesma leviandade sonora que, nesta canção, esconde um violino e torna a letra impercetível, está presente em todo o álbum, provendo um contributo ambíguo, tanto positivo como negativo. Ouvimo-la no baixo magro mas pujante que confere ritmo e sentido melódico ao conjunto, na textura de verão da distorção, na etérea “Hair”, mas também na direção expectável das faixas e no final inerte.
Há 6 canções neste EP, umas ariscas (e.g. “Buzzard Feed”) outras mais contidas (e.g. “Fantasy Football”), e todas transportam a assinatura da banda: para além do que já foi referido, a composição pouco progressiva e o cheirinho de garage rock das peças dão aos Cave Story uma sonoridade diferente, quando comparada com a de outros projetos atuais mais fiéis ao género (umas Savages, por exemplo).
Spiders Track é, em suma, interessante. Demonstra uma banda confortável com o seu som e linguagem, e parece-me que pode resultar muito melhor ao vivo.
“I´ll stay here until Im dying, living of beg”, canta o vocalista em “Southern Hype”. Se calhar, os Cave Story já tomaram uma decisão.