1
SEX
2
SAB
3
DOM
4
SEG
5
TER
6
QUA
7
QUI
8
SEX
9
SAB
10
DOM
11
SEG
12
TER
13
QUA
14
QUI
15
SEX
16
SAB
17
DOM
18
SEG
19
TER
20
QUA
21
QUI
22
SEX
23
SAB
24
DOM
25
SEG
26
TER
27
QUA
28
QUI
29
SEX
30
SAB
31
DOM
1
DOM

Desert Sessions - Arrivederci Despair (Vol. 11) e Tightwads & Nitwits & Critics & Heels (Vol. 12)

Desert Sessions - Arrivederci Despair (Vol. 11) e Tightwads & Nitwits & Critics & Heels (Vol. 12) - 2019
Review
Desert Sessions Arrivederci Despair (Vol. 11) e Tightwads & Nitwits & Critics & Heels (Vol. 12) | 2019
Beatriz Fontes 14 de Novembro, 2019
Partilhar no Facebook Partilhar no Google+ Partilhar no Twitter Partilhar no Tumblr

Mount Eerie - Lost Wisdom Pt. 2

Caroline Polachek - Pang
Tendo em conta o período de seca de dezasseis anos desde os volumes 9 e 10 de Desert Sessions, parece apropriado colocar aqui uma nota introdutória sobre este projeto – até porque The Desert Sessions esteve sempre na lateral dos outros trabalhos com o nome de Josh Homme em termos de feedback do público. Aqueceram-se as válvulas em 1997 pela iniciativa de Homme, um ano após o desmoronar de Kyuss e o início de Queens of the Stone Age, sob o princípio do improviso tendo o ambiente do deserto como catalisador do fluxo criativo de determinados artistas. Isto significa a seleção a dedo de algumas personagens interessantes pertencentes à indústria musical no mesmo ramo ultraramificado onde se inserem QOTSA, trancá-los num estúdio no Rancho de la Luna em Palm Desert e fazê-los criar um álbum juntos a partir do zero. É uma espécie de Casa dos Segredos, mas com resultados proveitosos. Graçolas de lado, Desert Sessions é o gerar de uma força criativa coletiva que se alimenta do mythos do heremitismo no deserto. O objetivo é que algo de bom nascesse deste período de isolamento de um conjunto de estranhos talentosos, e chegaram as provas n.º 11 e 12 que atestam o potencial infalível desta ideia.

A lista de convidados incluiu desta vez Billy Gibbons, Jake Shears, Carla Azar, Mike Kerr, Les Claypool, Matt Berry, Stella Mozgawa, Matt Sweeney e Libby Grace, que contribuíram para a construção de Arrivederci Despair (aka volume 11) e Tightwads & Nitwits & Critics & Heels (aka volume 12). Não menos importante foi a misteriosa personagem de Töôrnst Hülpft, sobre quem sabemos pouco mais do que nos foi contado – consta que após um acidente que envolveu um coice de uma mula, terá perdido todo o sentido de autoconsciência.

Com The Desert Sessions – e, na verdade, tudo naquilo que Homme toca – há sempre um aftertaste de QOTSA, sendo Homme o elemento unificador. O mesmo acontece com este disco e com os anteriores. A colocação vocal e as tendências de Homme na guitarra estão sempre muito presentes, sendo que no caso da colocação vocal, vemos por vezes o efeito de contágio noutros artistas neste mesmo álbum. Vemos aparecer também muito daquilo que deu origem a Villains em 2017. O fator dancy, feel-good-music. Dito isto, em retrospetiva face aos volumes anteriores de Desert Sessions, os volumes 11 e 12 não têm tão profundamente implementada a regra da jam session psicadélica progressiva de intenções hipnotizantes enquanto fruto bruto do misticismo do deserto. Desta vez, embora com a faceta experimental ainda presente, o sentido de humor apurado e o mojo do rock and roll foram a peça central da mesa.

Continuando as comparações, este disco é muito mais tecnologicamente dependente em comparação a outros volumes de Desert Sessions, com um som mais analógico. Logo com "Move Together", o sintetizador introduz o álbum e fixa o ritmo, a acompanhar sozinho a voz de Billy Gibbons até que o ranger da guitarra de Homme venha romper a música – com sinos a acompanhar e um carrilhão de orquestra. "Move Together" introduz Desert Sessions a toques de jazz, tal como "If You Run" traz o folk na sua total beleza, com a voz limpa e arrepiante de Libby Grace Hackford. Em "Something You Can’t See", Jakelby Shearsenbuff entra com a voz para trazer a melancolia amena e despreocupada da face indie. Este projeto vive de mentes abertas.

Com isto não se quer dizer que o efeito místico atordoante tenha sido totalmente posto de lado. Vemo-lo renovado, mas ele está lá. "Far East for the Trees" é a porção hipnotizante do álbum, com uma guitarra a soar a cítara a dar-lhe algum orientalismo e um tambor de aço jamaicano. É também verdade que enquanto exemplo, e a este nível, só temos um. Este tom não compõe a totalidade do álbum.

Há duas músicas que, se tivéssemos de escolher, serviam para condensar as características deste álbum em particular, sendo essas o single "Crucifier" e "Chic Tweetz". A primeira está colocada no decorrer do álbum de forma a introduzir o volume 12, numa pressa crescente, audível em todos os instrumentos e na qual Michael Kerr assume os lead vocals acompanhados de riffs de consistência à la QOTSA – que fazem uma nova aparição num álbum muito bem embebido no cool rock and roll. Em simultâneo, temos o divertido e o cómico à mistura. "Chic Tweetz" é cantado por Töôrnst Hülpft, com um sotaque carregado. Esta música vive de detalhes como assobios defeituosos, o uso de uma campana e letras aparentemente improvisadas – o que se traduz por totalmente bizarras e hilariantes. A fourth wall é eficientemente bem partida com a quebra repentina da música no final e a entrada daquilo que parece ser a conversa de final de gravação, mantendo todo o seu nonsense. A verdade é que dentro de toda a aleatoriedade, não deixa de ser catchy.

É dinheiro fácil apostar em quais destas músicas podem vir a estar inseridas no próximo álbum de QOTSA. "Noses in Roses, Forever" e "Crucifier" serão as respostas mais óbvias – e talvez por isso seja um engano pensar nelas como candidatas. Não apenas porque, no caso da primeira, já conta originalmente com a voz de Josh, mas porque parecem ser as músicas onde ele sujou mais as mãos. A colocação de voz de Homme em "Noses in Roses, Forever" é tão absurdamente própria que parece que já o ouvimos cantar assim em cima de um instrumental diferente. Em "Easier Said Than Done", por outro lado, Josh pega no microfone para soltar uns agudos assustadoramente semelhantes aos de Bowie. A fechar o álbum, esta faixa inclui um aplauso desbotado contínuo e um sintetizador espacial sussurrante, e vão-se acrescentando estes detalhes, aceleram-se, junta-se mais e aceleram, a terminar em total crescendo numa confusão perfeita de bateria, piano, vários sintetizadores, várias vozes e apagam-se as luzes sem avisar ninguém.

Torna-se difícil não falar sobre Desert Sessions sem falar sobre Josh Homme no singular. Tratando-se de um esforço conjunto de criação, Homme é inevitavelmente o combustível, nem que seja por ser ele o instigador de uma viagem de autodescoberta num retiro para músicos que vem depois favorecer o ouvinte. Assim, a direção para onde Homme se coloca enquanto artista individual, viria sempre determinar o resultado deste disco. Não se anula o facto de que a escolha de artistas também o determinou. O que Desert Sessions tem de mais interessante e libertador é que, porque todos os álbuns são uma experiência entre pessoas diferentes, nada se extraviou. É um resultado honesto. No caso dos volumes 11 e 12: inserir bizarria, inserir regabofe, inserir hooks, inserir QOTSA com intensificadores de sabor.
por
em Reviews
Bandas Desert Sessions

Desert Sessions - Arrivederci Despair (Vol. 11) e Tightwads & Nitwits & Critics & Heels (Vol. 12)
Queres receber novidades?
Comentários
Contactos
WAV | 2023
Facebook WAV Twitter WAV Youtube WAV Flickr WAV RSS WAV
SSL
Wildcard SSL Certificates
Queres receber novidades?