Com Older Terrors, o quarto álbum de originais, os britânicos Esben and the Witch continuam a afirmar-se como uma das mais excitantes bandas da actualidade, tendo ao longo da sua existência desenvolvido uma sonoridade onde a sensibilidade da pop se cruza com territórios próximos do gótico ou até do post-rock. No entanto, independentemente de qualquer género que possamos usar para tentar catalogar a arte do trio, a verdade é que aquilo que realmente o define é a facilidade com que cria de forma inteligente músicas envolventes. É precisamente essa preocupação em decorar cada composição com ambientes fortemente emotivos que faz deste Older Terrors um disco deveras impressionante.
Mal começamos a escuta-lo, entramos imediatamente num universo tenebroso, mas encantador, sendo que essa viagem é eficazmente guiada pela bela e melancólica voz de Rachel Davies, que soa como se estivesse constantemente a tentar escapar da escuridão onde se encontra, num misto de tristeza e esperança. Na verdade, o registo da talentosa cantora é de tal forma poderoso que se torna num instrumento tão importante como os restantes, revelando-se crucial na criação das referidas atmosferas sufocantes.
No campo instrumental, estamos perante um álbum dominado pelas guitarras, ente doces melodias e violentas explosões de distorção que o aproximam do shoegaze. As composições ultrapassam sempre a marca dos dez minutos, mas são cuidadosamente elaboradas ao ponto de haver sempre algo que nos deixe maravilhados. Ao explorar atentamente esta proposta, apercebemo-nos progressivamente de pequenos detalhes – o modo como todos os instrumentos se complementam, a maneira como uma certa passagem é cantada - que lhe conferem magia e graciosidade.
Older Terrors é, acima de tudo, uma obra carregada de emoção pura, reunindo canções sublimes, arrepiantes e absolutamente catárticas. Discos assim não aparecem todos os dias – só quando bandas especiais decidem brindar-nos com a sua genialidade.