Quando pensamos no ressurgimento do folk no panorama mundial musical o nome dos Fleet Floxes salta-nos logo na memória. Helplessness Blues foi um marco, e um dos melhores álbuns que 2012 nos presenteou, e apesar de Joshua Tillman apenas ter entrado para a banda em 2008 o seu nome já não consegue ser separado dos mesmos. É também em 2012 que cria o alter-ego de Father John Misty, e 2015 é o ano em que conquista a crítica e o público com o aclamado segundo álbum I Love You, Honeybear.
O álbum é uma experiência sensorial que apenas os boêmios no amor conseguirão experienciar, ou seja, facilmente identificável entre o receptor e o objecto. E se por alguma razão depois de o ouvir não te sentires tocado pela música de Tillman, algo de muito errado se passa com o teu coração, possivelmente ele será de pedra. Musicalmente é dos melhores casamentos que alguma vez se fez entre o som e a mensagem por detrás da letra. É uma constante esquizofrenia entre a paixão, o carinho, a fragilidade do coração, que se transforma muito rapidamente em raiva, desilusão, cinismo e cepticismo perante a fragilidade do mesmo.
Se o amor é um turbilhão sem sentido, o sentido do álbum é também não o ser, e possivelmente foi no cariz pessoal que Father John Misty conseguiu encontrar o caminho perfeito para realizar este trabalho.
“Nothing Good Ever Happens at the Goddamn Thirsty Crow” é o afogar as mágoas de todos os insucessos amorosos, tudo isto regado com um bom maduro tinto, enquanto que “I Love You, Honeybear”, primeira faixa do álbum, é a declaração absoluta e cega de uma paixão que se prevê com muitos percalços. “Bored in the USA” é a grande anedota que viver é, arrastando-se numa docemente triste balada. Mas é no gozo de uma “one night stand” que começamos a encontrar algumas falhas neste álbum.
“The Night Josh Tillman Came To Our Apartment” transpira a Velvet Underground com Nico, e num álbum que sua a amor, o suor é claramente Beatles, Sufjan Stevens e Beck em grandes doses. É um facto que ele nos toca profundamente, mas a verdade aqui pica e parte um coração de forma muito mais agressiva que as histórias de Nicholas Spark, e essa amarga verdade é razão que me faz retirar o que anteriormente disse. Talvez não tenhas um coração de pedra, talvez simplesmente já tenhas experimentado esta sensação com Sea Change de Beck. Ou talvez sejas mesmo insensível.
No fim de contas tudo isto é amor, ou te consome ou não te traz total satisfação.