29
SEX
30
SAB
1
DOM
2
SEG
3
TER
4
QUA
5
QUI
6
SEX
7
SAB
8
DOM
9
SEG
10
TER
11
QUA
12
QUI
13
SEX
14
SAB
15
DOM
16
SEG
17
TER
18
QUA
19
QUI
20
SEX
21
SAB
22
DOM
23
SEG
24
TER
25
QUA
26
QUI
27
SEX
28
SAB
29
DOM

Jerry Paper - Toon Time Raw!

Jerry Paper - Toon Time Raw! - 2016
Review
Jerry Paper Toon Time Raw! | 2016
Lucas Keating 27 de Dezembro, 2016
Partilhar no Facebook Partilhar no Google+ Partilhar no Twitter Partilhar no Tumblr

Childish Gambino - Awaken, My Love!

Car Seat Headrest – Teens Of Denial


 

É verdade que este ano já foram lançados vários álbuns muito bons, muitos deles com um enorme e compreensível sucesso. No entanto, muitas vezes é necessário escavar e procurar noutros sítios para nos apercebermos de que é também naqueles que passaram despercebidos que se encontram as mais belas melodias. Hoje, na internet, plataformas como o Bandcamp pulsam repletas de sons inovadores e criativos, e é nesse tipo de comunidades virtuais que atualmente se dá a génese de muitos dos ídolos musicais do nosso futuro. Um deles é na minha opinião Jerry Paper, um multi-instrumentista de Los Angeles baseado em Brooklyn com uma certa afinidade pelo surreal, que lançou o seu último álbum Toon Time Raw! em junho deste ano. É preciso dizer que Paper tem um enorme número de fãs na internet que já se curvaram em reconhecimento do seu talento e este é já o seu nono álbum em quatro anos, composto em colaboração com a famosa banda eletrónica canadiana BadBadNotGood (ou BADBADNOTGOOD ou BBNG). Tal como todos os álbuns anteriores foi lançado no Bandcamp e generosamente disponibilizado, de forma a que todos o pudéssemos ouvir gratuitamente.

Toon Time Raw! é um álbum belíssimo, tanto musical como liricamente. Numa série de fábulas inteligentes, sensíveis e simultaneamente cómicas e tristes, conta-nos as histórias dos problemas existenciais das vidas de personagens de desenhos animados. No seu tom grave e sonhador, Paper é o narrador omnipotente das várias histórias de um mundo imaginário onde as dificuldades desses seres acabam por ser surpreendentemente semelhantes às nossas. Temos elefantes de saltos-altos, um sapo desiludido com a vida, um porquinho em speed, e vários outros hilariantes personagens que habitam um mundo que, com um humor extremamente perspicaz, acaba por espelhar o nosso próprio. Assim, acabamos por nos identificar com as personagens de Paper e por compreender que o mundo surreal onde eles vivem não é assim tão diferente do nosso.

Musicalmente é notável a diferença entre este álbum de Jerry Paper e os anteriores, ainda que haja algo de inexplicavelmente inconfundível em todos os trabalhos deste artista. Desta vez afasta-se um pouco do género de pop eletrónico que o tornou conhecido na internet e explora sonoridades mais próximas do funk e do jazz, sempre complementadas pelos peculiares sons do teclado MIDI que caracterizam a sua música.

Assim surge um álbum que é de certa forma inclassificável. Ao longo de quatorze faixas, diferentes géneros vão sendo explorados, desde estranhas baladas eletrónicas a músicas de amor complementadas por bonitos solos de saxofone, de ritmos jazz e funk vindos de outro planeta a outras cujo o género tem um nome que ainda não foi inventado.

É algo de muito interessante o mundo de Paper, está repleto de romances e sentimentos estranhos e contraditórios próprios da condição humana (ou animada). Os seus álbuns abrem a porta para um universo surrealmente belo, atmosférico e muito mais complexo do que pode parecer à primeira vista, sendo que as suas músicas não só exigem ser ouvidas mais do que uma vez como dão uma grande vontade de o fazer. Na música e, principalmente, na poesia de Paper parece encontrar-se uma fusão profundamente delicada entre as fantasias de uma criança, os pensamentos de um adulto e as reflexões de um filósofo.

Ao ouvir Jerry Paper, neste ou em qualquer outro álbum, apercebemo-nos de que estamos numa maravilhosa era de ouro da experimentação musical. Sentimo-nos pequenos, pois damos conta de que ainda não ouvimos nada, que há ainda milhares de géneros musicais por inventar e que apesar de toda a sua história a Música é ainda uma criança e talvez nunca venha a deixar de o ser. Sentimo-nos pequenos neste enorme universo musical em expansão, mas isso dá-nos esperança: apesar de sabermos que ainda há incontáveis acontecimentos inimaginavelmente feios e atrozes no nosso futuro, há também uma inimaginável quantidade de beleza que aí vem e isso é profundamente importante se queremos manter-nos mentalmente sãos no caos que o nosso mundo e o seu futuro representam.
por
em Reviews


Jerry Paper - Toon Time Raw!
Queres receber novidades?
Comentários
Contactos
WAV | 2023
Facebook WAV Twitter WAV Youtube WAV Flickr WAV RSS WAV
SSL
Wildcard SSL Certificates
Queres receber novidades?