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Killer Be Killed - Reluctant Hero

Killer Be Killed - Reluctant Hero - 2020
Review
Killer Be Killed Reluctant Hero | 2020
Jorge Alves 03 de Dezembro, 2020
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Névoa - Towards Belief

Fuck the Facts - Pleine Noirceur
É com Reluctant Hero que os Killer Be Killed, o supergrupo formado por Max Cavalera, Troy Sanders, Greg Puciato e Ben Koller (por outras palavras, por quatro dos mais excitantes nomes da música pesada) efetivamente se afirmam como uma máquina bem oleada capaz de destilar malhas super potentes, daquelas que fazem abanar a cabeça, aumentar o volume e curtir como se não houvesse amanhã. Os riffs são absolutamente demolidores, vigorosos mas também variados e particularmente requintados, e as composições de uma inteligência verdadeiramente invejável – ficam na memória e não soam a uma mera colagem de visões e sensibilidades artísticas distintas, que era precisamente o que acontecia na estreia lançada há seis anos. Ainda assim, e como não podia deixar de ser, cada um dos músicos acaba por temperar a receita com o seu toque pessoal e inconfundível, dando algo de si para formar um núcleo poderoso e coeso. Max Cavalera, por exemplo, arrasa com a sua típica agressividade crua, violenta e primitiva, num tom bem punkish e “rasgado” que traz à memória os Sepultura do mítico Chaos A.D., ao passo que o versátil Greg Puciato ora explora melodias misteriosas que parecem, por vezes, enunciar um perigo iminente, ora manda um conjunto de berros selvagens e descontrolados – imagine-se um animal enjaulado que é subitamente libertado da sua prisão – que evocam o legado construído com The Dillinger Escape Plan; já Troy Sanders adota o registo que dele se conhece desde os tempos de Mastodon, o que significa que tanto soa solto e feroz, como elegante e sofisticado, com algo de cavernoso mas onde sobressai uma certa harmonia. A estes três vocalistas bem diferentes uns dos outros, que desempenham igualmente o papel de instrumentistas ao contribuírem com guitarras e baixo, junta-se agora Ben Koller (Converge, All Pigs Must Die e Mutoid Man), que na sua estreia com os Killer Be Killed volta a confirmar o que dele já se sabia e que ninguém ousava questionar: o homem é uma força da natureza por trás do kit de bateria, combinando precisão e brutalidade em doses iguais de destreza rítmica – é ele que literalmente marca o ritmo pelo qual o tanque se move.

Musicalmente, este é, não haja dúvidas, um álbum de metal pujante, mas num formato bem específico onde, aliás, reside um dos maiores encantos da obra: a sua simplicidade contagiante, a capacidade em reunir temas bem estruturados e minimamente aventureiros que, no final, nunca deixam de soar ao que realmente nasceram para ser: malhas intemporais carregadas de riffs marcantes e uma energia que teima em não se apagar, mesmo nos momentos onde a melodia assume maior relevância. Numa altura onde tantos grupos apostam na técnica ou tentam derrubar barreiras estilísticas (e atenção, nada de errado com isso, é crucial inovar), os Killer Be Killed recordam como o metal pode ser simplesmente divertido, descomprometido e intenso; não é uma proposta que vá mudar as regras do jogo, não é groundbreaking, como se costuma dizer, mas é bem satisfatória, extremamente viciante e deliciosamente direta – pode-se mesmo afirmar que é genuína na sua transparência. Para além disso, há que realçar o quão gratificante se torna observar toda esta paixão e diversão. Podem ser um supergrupo, mas os Killer Be Killed soam a quatro amigos a imortalizar a magia da sua união, e isso é simplesmente irresistível. Nota-se aqui um inegável clima de automotivação (principalmente entre Max e Greg, que claramente se alimentam da loucura um do outro), ao ponto de as composições parecerem estudadas ao pormenor – no bom sentido, porque de aborrecido nada têm. Contudo, o modo exímio como foram trabalhadas, a maneira como se seguem umas às outras num formato incrivelmente fluido, tudo isso arrepia e comove. É como uma massagem para a alma.

“Deconstructing Self-Destruction”, o alucinante tema de abertura, é um dos mais formidáveis desta coleção, funcionando como um resumo de tudo o que o álbum representa e introduzindo os três vocalistas no momento certo, quase como se fosse uma peça de teatro onde as personagens vão aparecendo à medida que a sua presença é exigida. Imediatamente depois, sem qualquer pausa entre o final da canção anterior e o começo da seguinte, chega “Dream Gone Bad”, uma das mais melódicas e acessíveis composições do coletivo, que brilha na forma como exibe uma palpável qualidade de single sem sacrificar o peso e a sua apaixonante profundidade emocional. “Left of Center”, outra memorável entrada no catálogo, recorda o som dos Mastodon, sobretudo no refrão, enquanto que “Inner Calm from Outer Storms” apresenta uma sedutora e estranhamente inquietante linha de baixo por parte de Troy, fazendo-se acompanhar por batidas possantes da autoria de Ben (a sério, é inacreditável o talento deste senhor) e uma interessante exploração vocal de Greg, logo no início, que remete para os ambientes tão delicados quanto sufocantes de uns Deftones. “Filthy Vagabond”, por sua vez, possui um sentimento Motörhead absolutamente sublime, ainda mais visível num refrão que parece ser um tributo ao malogrado Lemmy Kilmister. Pelo meio, faixas como “From a Crowded Wound”, com os seus riffs cortantes e pesadíssimos que despertam a vontade de pegar numa guitarra e rockar, ou “Dead Limbs”, onde uma descarga devastadora convive com passagens melódicas tão orelhudas quanto decadentes, só alimentam a sensação de que Reluctant Hero é definitivamente um dos melhores discos do ano. Entre o peso, a melodia, o groove e algum experimentalismo, tem tudo para se tornar num futuro clássico.

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Killer Be Killed - Reluctant Hero
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