27
SEG
28
TER
29
QUA
30
QUI
31
SEX
1
SAB
2
DOM
3
SEG
4
TER
5
QUA
6
QUI
7
SEX
8
SAB
9
DOM
10
SEG
11
TER
12
QUA
13
QUI
14
SEX
15
SAB
16
DOM
17
SEG
18
TER
19
QUA
20
QUI
21
SEX
22
SAB
23
DOM
24
SEG
25
TER
26
QUA
27
QUI

Napalm Death - Throes of Joy in the Jaws of Defeatism

Napalm Death - Throes of Joy in the Jaws of Defeatism - 2020
Review
Napalm Death Throes of Joy in the Jaws of Defeatism | 2020
João "Mislow" Almeida 29 de Setembro, 2020
Partilhar no Facebook Partilhar no Google+ Partilhar no Twitter Partilhar no Tumblr

The Ocean - Phanerozoic II: Mesozoic | Cenozoic

Fleet Foxes - Shore
Será realmente possível ilustrar a tamanha importância que estes Napalm Death têm tido para o metal ao longo da sua carreira? Com cerca de dezasseis discos de originais e com uma grande porção destes sob status de culto, é mais do que evidente que o seu impacto tem sido enorme e incalculável. A banda preserva consigo uma das discografias mais veneradas e influentes do grindcore e do metal extremo, e sempre fizeram ouvir a sua postura política que, apesar de incendiária e confrontacional, nunca deixou de ser em prol da liberdade e da força humanitária. Não bastando, os britânicos sempre se atualizaram conforme o passar do tempo. Algo que vem por consequência de uma mentalidade que se recusa a estagnar nos dias do passado, tanto liricamente como sonicamente. É também essencial relembrar que a banda sobreviveu durante mais de 20 anos sem qualquer um dos seus membros fundadores. Entre alguns dos seus antigos colegas, sublinham-se nomes como Mick Harris, Justin K. Broadrick, Lee Dorrian e Jesse Pintado (RIP), que mais tarde se mobilizaram para outros projetos de renome como Scorn, Godflesh, Cathedral, Lock Up e muito mais.

Só de observar tudo o que estes meninos têm lançado ao longo dos anos, é fácil perceber que o projeto ficou em boas mãos. Dito isto, pode e deve-se dividir a tumultuosa discografia de Napalm Death em três encarnações temporais. Nos anos 80, lançaram os dois primeiros e muito aclamados discos da banda: Scum e From Enslavement to Obliteration. Em destaque, imolava-se um urgente, cacofónico e primal hardcore punk que visava desenhar as mesmas fundações do proto-grindcore – ainda em vias de definição. Com a chegada dos anos 90, chegou também a fase mais experimental da banda. Desde Harmony Corruption, de 1990, a Words from the Exit Wound, de ’98, a banda expandiu com um subtom industrial usando drone, progressões angulares, ruído maquinal e toda uma propulsão dinâmica que fazia brilhar as suas estruturas complexas com uma estética rejuvenescida e vibrante. Anos depois, veio a fase mais pessimista e otimizada dos anos 2000.

Discos como Smear Campaign, Enemy of the Music Business, The Code Is Red, Time Waits for No SlaveApex Predator não só ajudaram a banda a criar um legado sonoro que viveu da reinvenção de um monstro composicional, como a elevaram a um estrato mediático sem paralelos. 20 anos depois do início dessa última encarnação, a estranha realidade que se vive nos dias de hoje é agora confrontada com Throes of Joy in the Jaws of Defeatism. Traduzido para “espasmos de alegria nas garras do derrotismo”, este novo disco do quarteto de Birmingham serve para relembrar que não existe qualquer fuga deste nosso panorama. O disco pronuncia-se como um empurrão ultrarrealista que te espeta na cara tudo aquilo que tem derrotado este mundo. Para além de apresentar mais do que faixas suficientes para agradar aos ouvintes mais tradicionais da banda, existe também, em igual quantidade, uma porção de escavações e experiências que levam o ouvinte a todo o espectro de influências que sempre acompanharam os ingleses.

Nessas mesmas explorações, traçam-se com muita familiaridade Siege, Killing Joke, Swans, Rudimentary Peni, Ministry e muito mais. Para uma banda como esta, torna-se desafiante conseguir criar algo tão rejuvenescente e genuinamente refrescante sem que esta perca a sua real fibra no processo – mas conseguiram-no. Com isso, existe também um notável retorno à subfrequência dos anos 90, com o baixo a marcar uma presença notável na mistura, enquanto perfeitamente acoplado à bateria e com a guitarra brutalmente colocada entre camadas. Com uma mistura destas – bem conseguida e notória – já é meio caminho andado para fazer brilhar todos os pequenos detalhes que compõem uma tour de force como esta. Faixas como “Fuck the Factoid”, "Backlash Just Because", "The Curse of Being in Thrall" e "Zero Gravitas Chamber", que são autênticas explosões à velha guarda, sublinham-se com robustez, dissonância e uma implacável motivação de ir direto ao assunto, sem grandes merdas. 

A desenhar variações em batimento e a esmagar todo o plano rítmico, domina-se uma sensação de contágio irresistível. Com build-ups, imprevisibilidade em assalto e inúmeros ataques sucessivos à métrica das músicas, é impossível ficar-se indiferente às irresistíveis investidas que cada faixa traz consigo. A malha mais hardcore punk, “Contagion”, que ressoa perfeitamente com os dias de hoje, leva o frontman Barney e o guitarrista Embury a uivar uma queda existencial em “CONTAGIOOOOOOON”, e o mesmo se pode dizer do ensurdecedor refrão “MUSCLE MUSCLE MUSCLE MUSCLE” em “Fluxing of the Muscle”. Monstruoso! Ao longo do disco e a intercalar combinações de grandes descargas de energia e secções para explorar, há que destacar as reais aventuras por sonoridades fora. Mesmo denotando que estas estão longe de uma aventura fora da zona de conforto da banda, há que reconhecer a brilhante amplitude que brindaram nessas mesmas ousadias.

“Amoral”, uma das favoritas do disco, rege como um tributo inspirado a The Young Gods, mas não poupa nas ressonâncias à la Killing Joke e Ministry. “Joie de Ne Pas Vivres” palpita e propaga uma raiva primal que se navega desde os Rudimentary Peni. Outra rendição digna de destaque, a faixa de fecho “A Bellyful of Salt and Spleen”. Um término que conduz com uma esmagadora vibração Lustmord-esca por um mar de tonalidades e texturas facilmente associável a um The Great Annihilator, de Swans. Francamente, digam-me bandas no extremo do metal que, após 33 anos, quinze discos e uma miríade de paisagens sonoras, consegue – após a maior pausa entre lançamentos – atirar ao mundo o seu melhor disco em décadas. Só esta, sem qualquer rival ao título. Throes of Joy in the Jaws of Defeatism é uma martelada, pura e dura, que solidamente promulga todo o podre de um mundo em decadência, sem nunca se esquecer de sorrir perante tudo de bom que ainda se tem por cá. Como, por exemplo, este disco.

por
em Reviews
Bandas Napalm Death

Napalm Death - Throes of Joy in the Jaws of Defeatism
Queres receber novidades?
Comentários
Contactos
WAV | 2023
Facebook WAV Twitter WAV Youtube WAV Flickr WAV RSS WAV
SSL
Wildcard SSL Certificates
Queres receber novidades?