Os NEVOA captaram-nos a atenção para o seu black metal em novembro do ano passado. Por esta altura, lançam “Below a Celestial Abyss”, single compacto e composto, tão eficaz nos takes ao género como em passagens acústicas, onde irrompem guitarras, à noite, por planaltos orvalhados. Agora, reemergem com o seu primeiro LP, para sustentar o nosso interesse. Passados oito meses, voltamos a entrar nesta floresta rumorejada.
O substrato atmosférico e negro continua presente na música, indo de encontro às eleições do estilo, mas permeando-a de forma diferente. A densidade da distorção não se pinta de preto, mas crepita na penumbra. No centro nervoso da obra, eleva-se uma massa sonora tempestuosa, reveladora da influência em Deafheaven.
Ao contrário de Vazios próximos, The Absence of Void prima por um desassossego vivo, que se esconde em outeiros escuros, clareiras, roboredos e nas muitas outras paisagens vegetais do álbum. Ele é a projeção das sombras de um bosque, imaginado por acordes ásperos, uma bateria maquinal e pela palete de guturais, com destaque para o ímpeto chamativo de Pierre Laube em “Below a Celestial Abyss”.
A meio do registo surge Alma, momento de reflexão acústica, de serenidade cantada e gorgolhada. Ainda assim, não nos conseguimos afastar da vastidão terrena que este duo portuense ambientou. Olhando para cima, ocultam-se as estrelas tapadas pela ramagem. Olhando para os lados, revelam-se os contornos massudos das árvores. Em baixo, pisamos folhas mortas e musgo. Enquanto isso, inalamos ar frio, e uma névoa apodera-se lentamente do solo…